O edil Manuel de Araújo é o candidato do MDM em Quelimane, no centro de Moçambique. O partido foi o primeiro a apresentar o seu cabeça-de-lista. FRELIMO e RENAMO devem anunciar os seus candidatos em breve.
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O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), segunda maior força da oposição moçambicana, iniciou este sábado (23.06) em Quelimane, na província da Zambézia, no centro do país, a divulgação pública do seu cabeça-de-lista, Manuel de Araújo, às eleições municipais de 10 outubro.
Entretanto, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), maior partido da oposição, ainda estão na preparação.
São no total dez grupos do MDM da delegação da cidade de Quelimane que trabalham na divulgação do seu cabeça-do-lista. Manuel de Araújo é o atual edil da autarquia e se candidata pela continuidade na presidência do município.
Manuel de Araújo primeiramente passou pelos escrutínios internos do partido, nos quais também concorriam mais três outros candidatos, segundo informou esta sexta-feira (22.06) o delegado daquela formação partidária em Quelimane, Listano Evaristo, à DW África.
"Não há dúvida. Vamos continuar com Manuel de Araújo porque nós temos objetivos com essa cidade. Achamos que o Manuel de Araújo tem uma visão boa para a governação. E nós, como MDM, temos a missão de mudar a imagem de Quelimane", afirmou Evaristo.
Ainda de acordo com o delegado do MDM, "Manuel de Araújo pode até tornar-se governador à luz da nova revisão constitucional, mas é claro que isso amanhã podemos mudar".
Outros partidos
Os outros principais partidos políticos de Moçambique, nomeadamente a FRELIMO e a RENAMO, ainda estão na fase de preparação para a apresentação dos seus cabeças-de-lista. O porta-voz do comité da FRELIMO na cidade de Quelimane, Santos Emílio Gonçalves, disse que já há perspetivas de quem será o cabeça-de-lista do partido do Governo na autarquia, mas, no entanto, espera a deliberação e o consenso final da comissão de avaliação da força política.
O porta-voz disse, porém, que a apresentação do candidato da FRELIMO não tarda muito. "Nós, como FRELIMO, partido do povo moçambicano, a nossa missão é resgatar a nossa cidade. Esta é a palavra de ordem", disse Gonçalves, lembrando que atualmente o município de Quelimane é governado pela oposição.
Também a RENAMO mantém-se em segredo quanto à divulgação oficial do nome do candidato para Quelimane. Mas diz já estar preparada para apresentar os cabeças-de-lista. Segundo Manuel Bissopo, secretário-geral da RENAMO, e Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar do partido, que estiveram na cidade há uma semana, dentro de poucos dias a RENAMO apresentará os 53 candidatos às autarquias moçambicanas.
"Ainda não avançamos com a indicação dos nomes, porque é um trabalho que deve ser feito com a devida atenção, de modo que não defraudemos as expetativas dos munícipes e nem dos nossos militantes", afirmou Ivone Soares.
A chefe da bancada parlamentar do maior partido da oposição em Moçambique assegurou que "os eleitores vão ter muitas e boas surpresas" com a divulgação dos nomes que vão concorrer às autárquicas. "Vamos ter cabeças-de-lista com muita experiência e com um perfil invejável, pessoas que não só têm crédito como políticos, mas também como homens íntegros".
Entretanto, para as eleições autárquicas de 10 outubro, a província da Zambézia inscreveu 933 mil eleitores, segundo dados avançados pelo presidente da comissão provincial de eleições, Emílio Mpanga.
Escolas e material degradado na Zambézia
Para além da sobrelotação, há várias escolas sem condições na província da Zambézia, no centro de Moçambique. As infraestruturas encontram-se deterioradas e há falta de material escolar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Nacogolone
Aqui as crianças estudam debaixo das árvores, estando as aulas dependentes da meteorologia. A maior parte das crianças que estuda nesta escola foi vítima das cheias de 2015, tendo as suas famílias sido reassentadas nas proximidades do bairro Nacogolone. Foram já várias as iniciativas que surgiram no bairro para a reconstrução de salas convencionais, mas a falta de recursos não as deixou avançar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Mutange
As salas de aula desta escola, localizada a 15 quilómetros do extremo sul da vila sede do distrito de Namacurra, foram construídas com material convencional. No entanto, estão deterioradas. As secretárias escolares e o material didático para os professores estão em más condições e os assentos são trazidos e levados pelos alunos todos os dias de e para as suas casas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária 17 de Setembro
Embora se localize na capital da província, as condições desta escola estão muito abaixo das expetativas. Algumas paredes estão corroídas, outras parcialmente destruídas. O mesmo acontece com as carteiras escolares. O teto está deteriorado, o que constitui um perigo para os alunos. A direção da escola recebeu cerca de 200 mil meticais, mas diz não ser suficiente para reabilitar toda a estrutura.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Quelimane
Localizada no centro, em frente ao edifício do Governo da Província da Zambézia, é umas das escolas mais privilegiadas da cidade. Tem condições favoráveis e adequadas ao ensino e à aprendizagem, possuindo até uma sala de conferências. É a mais antiga escola primária - no tempo colonial, era frequentada pelos filhos dos colonos e filhos de negros assimilados.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Comunitária Mártires de Inhassunge
Fundada pela congregação religiosa Padres Capuchinhos, a Escola Comunitária Mártires de Inhassunge acolhe alunos do 1º ao 10º ano e é muito frequentada por pessoas carenciadas e órfãs. Apesar de ter dificuldades no acesso ao fundo de apoio direto às escolas, a instituição conta com infraestruturas adequadas e salas de aula equipadas com carteiras. Uma realidade diferente das escolas públicas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Secundária Geral de Sangarriveira
Integrando alunos da 8ª à 12ª classe, esta escola, que começou a funcionar em 2013, apresenta já rachas nas paredes, janelas partidas e chão degradado. A diretora Paulina Alamo afirma que as obras não obedeceram ao que estava estabelecido. A dimensão das salas é pequena para a quantidade de alunos existente. Há estudantes que têm de se sentar no chão.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária e Completa de Wazemba
O problema alastra-se também aos professores. Os gabinetes dos diretores e gestores das escolas localizadas em sítios mais distantes das vilas e postos administrativos estão em péssimas condições. Exemplo disso é a Escola Primária e Completa de Wazemba, no distrito de Namacurra. No gabinete do diretor, há atlas geográficos pendurados nas paredes feitas de material de construção local.
Foto: DW/M. Mueia
Pais, alunos e professores garantem manutenção
A estrutura externa do gabinete do diretor da Escola Primária de Wazemba foi construído com materiais locais - paus e folhas de coqueiro para cobrir o teto. As paredes são revestidas por lama. Em muitas outras infraestruturas escolares semelhantes a esta, a reabilitação é garantida pelos próprios alunos, encarregados de educação, lideres comunitários e professores.
Foto: DW/M. Mueia
Governo conhece situação
Carlos Baptista Carneiro, administrador de Quelimane, garante que a reabilitação das escolas e a compra de carteiras escolares está dependente da disponibilidade de fundos, pelo que não será possível reabilitar todas as escolas da cidade ao mesmo tempo. Segundo o administrador, o número das instituições de ensino que aguardam reabilitação é grande e o Governo tem conhecimento da situação.