Presidente da Assembleia Provincial da Zambézia afirma que não tem dinheiro para fazer as suas atividades de fiscalização como devia. Segundo ele, a culpa é da Direção Provincial das Finanças.
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Betinho Jaime, presidente da Assembleia Provincial da Zambézia, no centro de Moçambique, afirma que já foram feitos vários pedidos para que o dinheiro seja pago - mas, até agora, os montantes continuam por transferir. Desta forma, observadores notam que está instalado um braço-de-ferro entre o edil e a Direção Provincial das Finanças.
Betinho Jaime acusa as Finanças de "humilhação" e "discriminação" e sublinha que a falta de dinheiro, desde abril, está a prejudicar as atividades de fiscalização do órgão deliberativo.
"Sem dinheiro, não se funciona. Só vamos lá na instituição e sentamos e, na hora de largar, largamos. Um dos problemas está na deslocação dos membros aos distritos para fiscalizar a ação do Governo e o programa quinquenal, aquilo que está sendo realizado no terreno", afirma Jaime.Faltam dois milhões de meticais
Segundo o presidente da assembleia, faltam pagar dois milhões de meticais (cerca de 28 mil euros). E, sem dinheiro, não tem havido reuniões da assembleia.
Mas o diretor provincial das Finanças, Graciano Francisco, diz que a falta do dinheiro não deveria condicionar as atividades da Assembleia Provincial. De acordo com Graciano Francisco, a única coisa que falta transferir são ajudas de custo, os dois milhões de meticais, que serão disponibilizados mais tarde.
Demora devido à conjuntura económica
O diretor das Finanças da Zambézia diz que a demora no pagamento se deve à atual conjuntura económica no país. E, entretanto, faz um apelo ao presidente da Assembleia Provincial: que siga o exemplo de outras instituições públicas."Por exemplo, nós, como instituições públicas, estamos a ir ao distrito trabalhar, não é porque temos ajudas de custo, o valor não esta disponível, mas temos que ir trabalhar. Quando estiver disponível, havemos de ser pagos. É essa apreciação que lá na assembleia não existe! Eles podiam ir lá trabalhar normalmente e voltar, para não pôr em causa o plano de atividade. Todas as instituições do Estado fazem isso. O valor não fica disponível na hora, mas não podemos parar as atividades por causa de ajudas de custo", afirma Graciano Francisco.
Zambézia: Onde está o dinheiro da Assembleia Provincial?
Mas o presidente da Assembleia Provincial diz que não é bem assim. Betinho Jaime queixa-se de discriminação por ser membro da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique.
"Noutras instituições do Estado e assembleias provinciais, os meus colegas têm tido alguma coisa para o funcionamento. Pode não ser um bom valor, mas alguma coisa têm tido para funcionar, e não só. Algumas instituições em Quelimane funcionam, e como é que funcionam?", conclui.
Produção de chá em Gurué
As maiores plantações de chá de Moçambique localizam-se em Gurué. Para muitos, apesar da baixa remuneração desta atividade, é a única hipótese de terem um trabalho para sustentar a família.
Foto: DW/M. Mueia
Colheita matutina inicia o processo
A colheita de folhas de chá é feita pela madrugada, entre as 4 e as 7 horas. Depois, as folhas seguem para a fábrica, onde serão colocadas em máquinas para a secagem, antes de serem trituradas e transformadas em cascas de chá - o produto final. Diariamente, os trabalhadores têm a meta de colher quantidades de folhas equivalentes a 50 quilos. Se não conseguirem, o salário será ainda mais “magro”.
Foto: DW/M. Mueia
Clima favorável
Devido à zona montanhosa, as temperaturas ficam abaixo dos 20 graus em Gurué. No período de inverno, entre maio e junho, as plantas de chá produzem menos folhas. Em consequência, há menos mão-de-obra sazonal a produção é menor, segundo os gestores e especialistas desta cultura.
Foto: DW/M. Mueia
Baixa remuneração
A maior parte da mão-de-obra contratada para a colheita de folhas de chá é composta por pessoas mais velhas. Os jovens não abraçam a atividade devido aos salários que não são sustentáveis. Em média, o salário diário varia entre 100 a 120 meticais (cerca de 1,50€), dependendo do esforço individual - quem colher mais quantidade recebe mais.
Foto: DW/M. Mueia
Chazeiras de Moçambique - Gurué
A fábrica tem a capacidade industrial de 50 toneladas de folhas verde de chá, equivalente a 10 toneladas de chá ensacado. Entre principais mercados de exportação estão o Dubai, a Alemanha, a Polónia, os Estados Unidos e Índia. A empresa tem 200 trabalhadores efetivos e 2000 trabalhadores locais sazonais.
Foto: DW/M. Mueia
Segurança no trabalho
A segurança é rigorosa na fábrica, para operários e visitas. As medidas de precaução estão escritas na porta principal da indústria e nas paredes que dão acesso direto às máquinas de processamento do chá.
Foto: DW/M. Mueia
Colher chá: opção de recurso
Baptista Alexandre Ricardo, de 55 anos. Trabalha na colheita de folhas de chá há quinze anos. É o trabalhador sazonal com mais tempo de casa na empresa "Chazeiras de Gurué". Para ele, foi a alternativa possível. Quando era jovem, sonhava com um bom emprego, que nunca conseguiu. Como alternativa, acabou por ir para a fábrica onde se habituou à atividade que exerce há mais de uma década.
Foto: DW/M. Mueia
Várias empresas chazeiras
A Sociedade de Desenvolvimento da Zambézia é uma das companhias produtoras de chá. Localiza-se no Bairro Murece, nome derivado da cadeia montanhosa que está nas imediações. A companhia produz, processa e exporta o chá. Um dos países para onde exporta é o Quénia. A nível nacional, o chá desta companhia é mais consumido na província de Sofala, Manica e na cidade de Quelimane.
Foto: DW/M. Mueia
Sacrifícios pela família
Galhardo Gemusse (esquerda) e Estefânio Janeiro (direita), são dois companheiros incansáveis. Caminham até ao depositário das folhas do chá. Trabalham na colheita do chá há 7 anos, para poderem sustentar as famílias. Desesperado com a vida económica e profissional, Estefânio, de 24 anos, não teve muita escolha. Casou-se cedo e tem uma família para cuidar.
Foto: DW/M. Mueia
Lenha é essencial na secagem das folhas
Além da energia elétrica, a lenha é fundamental para a preparação das folhas verdes de chá. Os troncos das árvores são postos em fogueiras, para secagem das folhas. Nesta área, os trabalhadores, na sua maioria, são jovens. A sua função é carregar manualmente os troncos até à fogueira. Este setor funciona 24 horas por dia, em turnos rotativos.
Foto: DW/M. Mueia
Faltam oportunidades para mulheres em Gurué
Alura Jorge é uma das poucas mulheres sazonais na colheita na companhia Chazeiras de Moçambique. Está há um mês neste trabalho. Segundo explica, a Cidade de Gurué é desprovida de oportunidades de empregos para mulheres solteiras.