O sorriso não engana: Zidane volta a Madrid como o "bom filho" que, na verdade, nunca deixou de acompanhar a família...
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Tem tanto de surpreendente como de desejado, o regresso de Zinedine Zidane ao comando técnico do Real Madrid. O francês de Marselha, nove meses depois de ter conquistado a terceira Liga dos Campeões consecutiva com os "merengues” e de ter saído por considerar que, depois de ganhar tudo, lhe faltariam outros estímulos, reentra pela porta grande do Santiago Bernabéu, rotulado de "salvador” da pátria "blanca”, e com plenos poderes concedidos pelo presidente Florentino Pérez.
Depois de "Zizou”, nem Julén Lopetegui nem Santiago Solari conseguiram dar ao Real Madrid o percurso vitorioso que o seu antecessor havia trilhado. A equipa está fora da discussão da liga espanhola, eliminada da Copa del Rey e da Liga dos Campeões. E foi sobretudo a humilhação frente aos holandeses do Ajax (derrota, em pleno Santiago Bernabéu, por 4-1), que fez soar o alarme junto dos "diretivos” madridistas, sempre muito exigentes e pouco recetivos a momentos como o da passada semana.
A cartada escondida de Pérez
No horizonte desenhou-se um plano que incluía José Mourinho e Mauricio Pochettino (embora o português com poucas "defesas” internas, e o argentino "preso” ao excelente trabalho no Tottenham) mas olhava também para uma alternativa de longo prazo, com alguém da mística, conhecedor da formação do clube, de espírito ganhador e preparado para um desafio de longo prazo. Zidane foi o "alvo” de Florentino, e aceitou de imediato um regresso no dia seguinte, permitindo-lhe preparar atempadamente a temporada de 2019/2020. Mas, evidentemente, um regresso com riscos…
Florentino Pérez garantiu, de imediato, um dos pedidos do francês de origem argelina: ter autonomia completa no que diz respeito à definição do "plantel” com que vai trabalhar. Este conceito abarca dispensa e contratação de jogadores, recurso à "cantera” de Valdebebas e medidas internas de gestão do departamento de futebol profissional do clube. Só com esta condição previamente aceite é que Zidane admitiria negociar um retorno a Santiago Bernabéu. Legitimado pelo principal dirigente do clube, o técnico (que foi campeão do mundo pela França em 1998 e vice-campeão em 2006) ganha uma almofada de conforto e tranquilidade para um trabalho "à la longue”, como o comprova a excecionalmente longa duração do contrato firmado: três épocas e meia, terminando apenas a 30 de junho de 2022.
Carreira de sonho
Senhor de um passado glorioso, Zidane tem, à beira de completar 47 anos, mais um enorme desafio pela frente. Com uma carreira de 18 anos como futebolista profissional, jogou pelo Cannes (61 encontros), pelo Bordeaux (139) e pela Juventus (151), mas foi pelo Real Madrid que atuou mais vezes (153), e foi na "casa blanca” que terminou a carreira, em 2006, após cinco anos de glórias.
O "internacional” francês (vestiu em 108 ocasiões a camisola do seu país, tendo a última correspondido à expulsão na final do Mundial de 2006, na Alemanha, frente à Itália), enquanto treinador, passou por todos os escalões do Real Madrid: foi adjunto do italiano Carlo Ancelotti em 2013/2014, tendo depois, durante dois anos, orientado o Real Madrid Castilla, a segunda equipa do clube, que milita no terceiro escalão do futebol espanhol. Agora, e depois de um quase um ano de paragem que se seguiu a todas as conquistas em Madrid, volta "a casa”. Ele próprio o reconhece: quando recebeu o telefonema de Florentino Pérez, não hesitou em aceitar. Afinal, ele próprio sabe que os "bem amados” têm sempre uma segunda vida…
Ajax, Tottenham, FC Porto e Manchester United já chegaram aos "quartos"
Na Liga dos Campeões, pelo caminho ficam Real Madrid, Borussia Dortmund, AS Roma e Paris Saint-Germain, numa prova com resultados surpreendentes e novas estrelas a despontar.
Foto: Reuters/S. Vera
Manchester gela Paris
Depois da derrota em Old Trafford, poucos aguardariam uma resposta tão esclarecedora do Manchester United na deslocação ao Parque dos Príncipes. Os "red devils" venceram, por 3-1, o Paris Saint-Germain, arredando o conjunto francês da prova milionária. Na imagem, Marcus Rashford aponta, de grande penalidade, o derradeiro golo da equipa inglesa.
Foto: Reuters/J. Sibley
Lukaku, terror dos guarda-redes
De impressionante compleição física, o belga Romelu Lukaku continua a aterrorizar os guarda-redes adversários. Os seus dois golos na capital francesa foram decisivos para a reviravolta do Manchester United, e o possante avançado leva já 27 tentos em competições internacionais de clubes.
Foto: Reuters/C. Hartmann
Tuchel sem horizonte europeu
Dominando em absoluto a Ligue 1 francesa, o Paris Saint-Germain cai, pela quarta vez consecutiva, nos oitavos de final da Liga dos Campeões. O alemão Thomas Tuchel vê assim desvanecerem-se as esperanças de conduzir o gigante da capital gaulesa a um lugar de destaque na principal competição para clubes organizada pela UEFA. Tem, agora, de se focar apenas na renovação do título doméstico.
Foto: picture-alliance/PA Images/D. Klein
Marega mostrou o caminho ao Porto
O maliano Moussa Marega, recuperado de uma lesão que o havia afastado nas últimas semanas, foi um dos trunfos do FC Porto para ultrapassar os italianos da AS Roma. Ao marcar o segundo golo dos campeões portugueses e ao assinar uma exibição convincente, Marega abriu caminho a um apuramento difícil (vitória por 3-1, após prolongamento) da equipa portuense.
Foto: Reuters/M. Vidal
"Penalty" sela passagem portuguesa
Foi o brasileiro Alex Telles (na imagem a festejar com o seu treinador Sérgio Conceição), que garantiu, de grande penalidade, a três minutos do final do prolongamento, a passagem do FC Porto aos quartos de final da Champions League. Com recurso ao VAR, o árbitro turco Cüneyt Çakir assinalou um castigo máximo aproveitado a preceito pelos portugueses para ultrapassarem o adversário italiano.
Foto: picture alliance/dpa/J. Woitas
Tottenham confirma superioridade
O Tottenham confirmou, em Dortmund, a absoluta superioridade evidenciada no encontro da primeira "mão", em Londres (vitória por 3-0), sobre o Borussia. No Signal Iduna Park, Harry Kane (na foto) encarregou-se de apontar o golo solitário da vitória dos londrinos, que assim seguem para a próxima eliminatória com um agregado de 4-0 sobre a equipa alemã.
Foto: Reuters/Action Images/A. Couldridge
Borussia a perder gás...
Eliminado agora da Liga dos Campeões, o conjunto de Lucien Favre volta-se para a Bundesliga, onde tem vindo gradualmente a perder terreno para o campeão Bayern Munique, ao ponto de os bávaros terem já conseguido igualar o conjunto de Dortmund no comando da tabela classificativa. Talvez a ausência de compromissos internacionais possa permitir ao Borussia concentrar-se de novo na liga alemã.
Foto: Reuters/W. Rattay
Soberbo Ajax arrasa Madrid
Uma soberba exibição dos holandeses do Ajax dizimou por completo o Real Madrid, que havia ganho o primeiro encontro, em Amesterdão, por 2-1. Em Madrid, o conjunto de Erik ten Hag foi sempre superior. Na imagem, o sérvio Dušan Tadić celebra o terceiro tento do Ajax, numa altura em que os adeptos do Real já percebiam a inevitabilidade da eliminação do campeão europeu.
Foto: Reuters/S. Vera
O rosto da desilusão
O guarda-redes belga Thibaut Courtois é o rosto da desilusão do Real Madrid, após a derrota caseira com o Ajax, por 4-1. Os "merengues" juntam, assim, a eliminação na Liga dos Campeões a uma carreira abaixo das expetativas, na liga espanhola, e pensam já em mudanças profundas para a próxima temporada.