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Zimbabué: 12 mortos desde o início dos protestos

AFP | AP | Reuters | Lusa | rl
19 de janeiro de 2019

Esta sexta-feira (18.01), governo voltou a ordenar bloqueio da internet e os funcionários públicos voltaram a rejeitar acordo com o executivo. Comunidade internacional está preocupada.

Simbabwe Harare Benzinkrise Ausschreitungen
Foto: Reuters/P. Bulawayo

O Fórum de ONGs de Direitos Humanos do Zimbabué afirmou, esta sexta-feira (18.01), que pelo menos 12 pessoas foram mortas e 78 baleadas no Zimbabué, na sequência protestos iniciados esta semana contra o aumento do preço dos combustíveis, anunciado, no sábado (12.01), pelo Presidente Emmerson Mnangagwa.

No mesmo comunicado enviado à Associated Press, a coligação assevera ainda que, no mesmo contexto, mais de 240 pessoas foram alvo de "agressão, tortura, tratamento desumano e degradante" e 466 foram detidas arbitrariamente ou de um modo que a coligação designa de "transgressões em massa".

Entretanto, e numa entrevista ao jornal estatal, este sábado (19.01), o porta-voz da polícia disse já terem sido detidas, desde o início da semana, 700 pessoas. Segundo Charity Charamba, os protestos violentos são culpa do partido da oposição MDC e dos sindicatos.

Evan MawarireFoto: AFP/Getty Images/J. Njikizana

Entre as centenas de pessoas detidas, está o pastor e ativista Evan Mawarire, que está a ser acusado de subversão. No tribunal, esta sexta-feira (18.01), Evan Mawarire disse estar de "coração partido" ao ver o novo Governo, chefiado por Emmerson Mnangagwa, comportar-se como o antigo Presidente, Robert Mugabe.

O ativista será novamente ouvido a 31 de janeiro, decidiu a justiça.

Novo bloqueio de internet

Entretanto, o país voltou a ser confrontado, esta sexta-feira (18.01) com uma "paragem total da internet". O acesso a aplicações de redes sociais populares, como o Facebook, Twitter e Whatsapp, tem sido bloqueado de forma intermitente.

Os protestos no Zimbabué foram desencadeados pelo anúncio do Presidente Mangagwa do aumento, para o dobro, do preço dos combustíveis.Foto: Reuters/P. Bulawyo

A maior empresa de telecomunicações do país, Econet, tem enviado aos clientes mensagens de texto reproduzindo a ordem governamental e declarando que a situação está "para além" da sua capacidade de controlo.

Por sua vez, o governo, na pessoa do ministro da Informação, Energy Mutodi, explicou que: "Ordenámos o bloqueio porque notámos que os manifestantes se estão a organizar através das redes sociais, por isso é uma ação justificada", disse.

A primeira paralisação da internet foi ordenada na terça-feira (15.01) e enfrenta um processo judicial.

Funcionários públicos rejeitam acordo

Também na sexta-feira (18.01), os funcionários públicos do país, que estiveram em greve três dias desta semana, rejeitaram uma segunda oferta de aumento de salário proposta pelo governo. "Nós insistimos que os salários sejam pagos em dólares americanos, mas o governo tem rejeitado totalmente este pedido, dizendo que eles não fabricam dólares. Dissemos ao governo que a sua oferta está longe das nossas expectativas", afirmou um dos representantes dos trabalhadores, Thomas Muzondo.

Esta é a segunda oferta do governo rejeitada pelo sindicato dos trabalhadores esta semana. Governo e sindicato voltam a reunir-se na próxima semana.

Preço do combustível gera protestos no Zimbabué

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Apelos de todos os lados

A comunidade internacional tem apelado para a diminuição da violência no país, ao mesmo tempo que Emmerson Mnangagwa se prepara para pedir mais investimentos no Fórum Económico Mundial, que decorre em Davos na próxima semana. 

A Conferência dos Bispos Católicos do Zimbábue lamenta a "intolerância" do Governo face à contestação e a incapacidade de controlar o colapso económico. "O nosso país está a atravessar um dos períodos mais complicados da sua história", lê-se na declaração divulgada.

Também o escritório das Nações Unidas para os Direito Humanos disse que é urgente que o país pare com as medidas drásticas de repressão das manifestações e com intimidações porta-a-porta praticadas pelas forças de segurança. Na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres disse também estar preocupado com "a deterioração da situação".

Por sua vez, a União Europeia chamou a atenção para o "uso desproporcional da força usado pela polícia" pediu o regresso dos serviços de internet.

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