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Zimbabué: E agora, Mnangagwa ou Chamisa?

Vera Covelo Tavares | AFP | EBU | DPA | AP
30 de julho de 2018

Num país onde mais de 60% da população apenas conheceu um líder, as eleições de hoje no Zimbabué foram históricas. Sondagens apontavam proximidade entre Mnangagwa e Chamisa. Pleito decorreu de forma pacífica.

Longas filas para votar no Zimbabué. Muita afluência ou serviços de voto lentos?Foto: Reuters/S. Sibeko

No Zimbabué, já se contam os votos. Foram mais de 10 mil postos eleitorais por todo o país para receber os 5 milhões de eleitores. Em vários locais, os eleitores tiveram de enfrentar longas filas de espera.

"A afluência tem sido grande. Precisamos de paz, precisamos que toda a gente se sinta confortável para sair e exercer o seu direito de votar sem medo", declarou Priscilla Chigumba, presidente da Comissão Eleitoral do Zimbabué.

Zimbabué: E agora, Mnangagwa ou Chamisa?

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Chigumba comentou ainda que dois candidatos poderão ter violado o dia de reflexão, no domingo (29.07) mas recusou-se a dar nomes aos jornalistas. Apenas garantiu que o caso já tinha sido encaminhado para a investigação policial.

Foram as primeiras eleições da era pós-Mugabe, que liderou o país durante quase 40 anos. Para os mais jovens, foi o único Presidente que conheceram. As eleições representam, por isso, uma nova fase e muitos estão confiantes que, pela primeira vez, o seu voto terá valor. 

Theo Mbongwa disse que até hoje não tinha votado, porque não sentiu que a sua voz fosse ouvida. Desta vez, sente que é diferente. "Hoje é um dia maravilhoso. Até senti um arrepio na espinha. Não importa quem ganha ou perde, pela primeira vez, os cidadãos do Zimbabué têm voz”, diz.

Nelson Chamisa deixou o seu voto e alertou para possíveis irregularidades nas urnasFoto: Getty Images/AFP/Z. Auntony

Pleito pacífico

O dia de eleições decorreu como a campanha até então, sem a violência de outros tempos. Depois de ter deixado o seu voto, o Presidente interino Emmerson Mnangagwa realçou isso mesmo.

"Estou feliz que tanto a campanha como o dia de voto tenham decorrido de forma pacífica. Não tenho dúvidas que terminará de forma pacífica", declarou o líder da ZANU-PF.

Por sua vez, o seu principal rival Nelson Chamisa, que tinha vindo a criticar a comissão Eleitoral, voltou hoje a mencionar possíveis irregularidades, especialmente nas zonas rurais.

"Espero que as urnas tenham sido usadas nas zonas rurais. Espero que não haja dúvida de que são genuínas e não falsas urnas", disse aos jornalistas depois de ter votado.

Mnangagwa congratulou o pelo ato eleitoral pacíficoFoto: Reuters/P. Bulawayo

O candidato de 40 anos, em oposição aos 75 de Mnangagwa,  diz representar a voz da juventude e da mudança e mostrou-se, uma vez mais, confiante na vitória.

"As pessoas estão a pronunciar-se e é claro que um voto é um voto para a vitória, para a liberdade, para a democracia, para um novo Zimbabué, um voto para uma nova direção", disse.

Mugabe surpreende

Quem também se deslocou às urnas foi Robert Mugabe. O ex-líder do Zimbabué disse que não votaria no atual partido no poder, o seu próprio ZANU-PF, e deu a entender que a sua escolha recair mesmo pelo candidato da oposição, Chamisa.

"Não posso votar naquele que me conduziram a esta situação. Também acho que [Joice] Mujuru e [Thokozani] Khupe [duas candidatas à Presidência] não têm muito para oferecer, portanto, sobra o Chamisa",  comentou o antigo Presidente no domingo (29.07).

Sem o seu nome no boletim, terá Mugabe votado em Chamisa?Foto: Reuters/S. Sibeko

Não era segredo que, depois de ser retirado forçosamente da Presidência, a relação entre Mugabe e Mnangagwa, que chegou a ser o seu vice-Presidente, ficou tensa. Ainda assim, revelação da intenção de voto do ex-Presidente não deixou de ser surpreendente.

As declarações não passaram ao lado de Mnangagwa, que aproveitou para atacar o rival Chamisa, que acusou de ter um "pacto com Mugabe".

"Não podemos acreditar nas suas [de Nelson Chamisa] intenções de transformar o Zimbabué e reconstruir a nossa nação. A escolha é clara: vocês podem votar no Mugabe sob o disfarce de Chamisa ou trabalhar para um novo Zimbabué sob a minha liderança e do ZANU-PF", comentou no domingo (29.07).

Ao todo são 23 candidatos à Presidência, mas a luta será certamente entre Mnangagwa e Chamisa e as sondagens relatam uma corrida mano-a-mano. Se nenhum dos dois alcançar mais de 50% dos votos, haverá uma segunda volta em setembro. Os resultados deverão ser conhecidos, no máximo, até ao próximo sábado. 

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