Enquanto zimbabueanos esperam a divulgação de resultados das eleições de segunda-feira, o líder da oposição, Nelson Chamisa, fala já em "vitória retumbante" nas assembleias apuradas. Mas Mnangagwa mantém-se otimista.
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A espera por resultados oficiais é longa no Zimbabué e a tensão começa a crescer. Afinal, quem será o próximo líder do país? Tanto o Presidente interino Emmerson Mnangagwa como Nelson Chamisa, o candidato do partido da oposição MDC, clamaram vitória mas ainda não há qualquer resultado oficial.
Todas as atenções estão, por isso, voltadas para a Comissão Eleitoral do Zimbabué, que tem falado à imprensa e ao público, mas sem dar a informação que todos querem saber.
"Os resultados das presidenciais apenas serão anunciados quando a Comissão terminar de apurar os resultados de todas as assembleias de voto no Centro Nacional de Resultados", disse Priscilla Chigumba.
Chigumba apelou à compreensão e garantiu que a sua comissão está a fazer o melhor que pode. A organização já tinha avisado que os resultados oficiais só seriam anunciado sexta ou sábado, mas havia muita expetativa à volta de resultados preliminares que se esperava que saíssem hoje. Até porque Chigumba já partilhou que a contagem estava quase feita, apenas faltava a verificação dos resultados.
Oposição quer resultados oficiais
Quem não está particularmente satisfeito com a prestação da Comissão Eleitoral são os membros da oposição, que fizeram saber que vão interpor uma ordem judicial para a divulgação dos resultados. Tendai Biti, membro sénior do partido da oposição, MDC, diz que este atraso é deliberado.
"Estamos seriamente preocupados com provas de interferência na vontade do povo que estão a ser demonstradas pelas autoridades. Por exemplo, há um atraso deliberado em anunciar formalmente os resultados”
Biti reitera que o seu partido venceu as eleições e garantiu que vão lutar pelos resultados.
"O povo do Zimbabué esperou pacientemente durante tanto tempo e resistiu à tentação de tomar medidas ilegais e inconstitucionais para chegar à mudança. Nós ganhámos as eleições, nós já agregámos os resultados, e os resultados mostram que nós ganhámos. Estamos agora desafiar, a pedir e a pressionar a Comissão Eleitoral a divulgar os resultados", disse.
Principais candidatos confiantes
O líder da oposição do Zimbabué, Nelson Chamisa, disse já na segunda-feira à noite (30.07) que estava a ter uma "vitória retumbante".
Chamisa escreveu na rede social Twitter que já estavam apurados os votos da "maioria" das mais de 10.000 assembleias de voto e que ele e o seu partido, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), "estão prontos para formar o próximo Governo."
Mas a contagem dos votos prosseguiu durante a noite. Segundo a Comissão Eleitoral do Zimbabué, a participação nas eleições desta segunda-feira rondou os 75% (nas eleições de 2013 ficou-se pelos 59%).
O principal rival de Chamisa, o Presidente interino Emmerson Mnangagwa, da União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF, na sigla inglesa), também comentou no Twitter que a informação que o partido estava a receber sobre a contagem era "extremamente positiva".
"Estou encantado com a alta participação eleitoral e com o empenho dos cidadãos até aqui", escreveu ainda Mnangagwa.
Mnangagwa e Chamisa frisaram, no entanto, que aguardam os resultados finais.
Longas filas
Na segunda-feira, a maioria das assembleias de voto no Zimbabué registou longas filas ao longo do dia, mas o escrutínio decorreu sem problemas e terminou no horário oficial, de acordo com as autoridades eleitorais.
Zimbabué: Líder da oposição já canta vitória
A chefe da Comissão Eleitoral, Priscilla Chigumba, disse ainda que a contagem dos votos estava a ser feita "conforme as disposições da lei, na presença de observadores e membros da imprensa nas assembleias de voto."
No entanto, Elmar Brok, chefe da missão de observadores da União Europeia, observou que, em algumas assembleias de voto, muitos eleitores ficaram frustrados com atrasos na votação.
"Em alguns casos, a votação decorreu muito bem, mas em outros vimos desorganização. As pessoas ficavam aborrecidas e saíam. Não sabemos se isso é coincidência ou má organização", afirmou.
Apesar de haver 23 candidatos à Presidência, as últimas sondagens apontavam para uma corrida acirrada entre o Presidente Emmerson Mnangagwa e o líder da oposição Nelson Chamisa.
Além de eleger o Presidente da República, na segunda-feira os zimbabueanos escolheram também 210 membros do Parlamento e mais de 9 mil conselheiros.
Família Mugabe: 37 anos de luxo e ostentação
Enquanto Robert Mugabe liderou o Zimbabué, não foi uma preocupação da sua família esconder o luxo em que vivia. Num país em que parte da população é pobre, a família do Presidente exibiu, durante anos, uma vida faustosa.
Foto: Getty Images/M.Safodien
Fortuna de um bilião
Estima o The Guardian que a fortuna de Mugabe deverá rondar um bilião de euros, espalhados, entre outros, em contas secretas na Suiça e Bahamas. Só a sua mansão, localizada a norte de Harare, está avaliada em cerca de oito milhões de euros. Um valor que um cidadão comum no Zimbabué só conseguiria pagar se trabalhasse cerca de 3.825 anos seguidos sem gastar um centavo.
Foto: Getty Images
Seis pessoas, 25 quartos
Desenhada por arquitetos chineses, a mansão “Blue Roof”- com este nome por causa dos azulejos azuis do telhado importados da China - tem 25 quartos. Se cada elemento da família tiver um quarto - Robert, Grace, os três filhos do casal e o filho do primeiro casamento de Grace - sobrarão ainda 19. A casa tem ainda lagos, monitores panorâmicos, cadeiras de veludo e camas em estilo monárquico.
Foto: Getty Images/J.Njikizana
Outras propriedades
Sabe-se que o casal possui ainda propriedades na Malásia, Singapura e Dubai . Em 2009, diz o Sunday Times, Robert e Grace Mugabe adquiriram uma outra casa num bairro de luxo em Hong Kong, cidade onde estudou a sua filha Bona, por 4,5 milhões de euros. Na mesma altura, "Dis Grace", como também é chamada pelos zimbabueanos, terá gasto mais de 60 mil euros em estátuas de mármore do Vietname.
Foto: picture-alliance/dpa/Ym Yik
Casamento extravagante
Robert e Grace Mugabe deram o nó em agosto de 1996, quatro anos após a morte da primeira esposa do presidente do Zimbabué, Sally, ter falecido. O casamento custou um milhão de dólares e contou com 40 mil convidados. Na imprensa local, falou-se no “casamento do século”. Para assinalar o 20º aniversário de casamento, Grace terá comprado um anel de diamantes por 1,15 milhões de euros.
Foto: Getty Images/O.Anderson
"Gucci Grace"
Embora quisesse ser notícia pelo trabalho social que desenvolvia no Zimbabué, a agora ex primeira-dama, apelidada também de "Gucci Grace" pela sua futilidade, era criticada pelos seus gastos pessoais com objetos de luxo. Grace Mugabe, 40 anos mais nova que Robert Mugabe, não escondia as suas roupas, sapatos e jóias de marcas de luxo.
Foto: Getty Images/Z.Auntony
Às compras pela Europa...
Diz o The Guardian que a marca favorita de sapatos de Grace é a Ferragamo. Ao todo, o seu armário, contará com mais de três mil pares de sapatos. Em 2003, o Daily Telegraph deu conta que Grace gastou, numa só viagem a Paris, cerca de 63 mil euros. Já em Londres, a primeira-dama terá gasto 45 mil. Até 2004, Grace terá retirado do Banco Central do Zimbabué mais de cinco milhões de euros.
Foto: Getty Images/J.Delay
Luxo “hereditário”
O gosto por gastar é algo que Grace parece ter incutido nos seus filhos. Só o casamento de Bona (na foto) custou mais de três milhões de euros. Já Robert Jr. e Bellarmine Chatunga, os outros dois filhos do casal, enquanto viveram no Dubai, estiveram instalados num apartamento que tinha uma renda mensal de cerca de 30 mil euros. Já na África do Sul, pagavam cerca de 4,5 mil.
Foto: Getty Images/R.Rahman
Filhos não escondem riqueza
Este ano, o filho mais novo de Mugabe publicou um vídeo onde derramava champanhe Armand de Brignac em cima do seu relógio de luxo. Dias antes, diz o The Guardian, o jovem postou uma fotografia com a legenda “51 mil euros no pulso quando o seu pai comanda o país”. A imprensa local não deixou também passar em branco a excentricidade do enteado de Mugabe, que importou dois luxuosos Rolls-Royce.
Foto: Rolls-Royce
"Gucci Grace" em tribunal
Recentemente “DisGrace” travou uma guerra no tribunal com um negociante de diamantes libanês. Grace Mugabe afirma ter pago cerca de 858 mil euros por um diamante de 100 quilates que não recebeu.
Foto: dapd
Festas de anos milionárias
As festas de anos de Mugabe já eram uma tradição. Ano após ano, em fevereiro, repetiam-se as notícias relacionadas com as suas extravagâncias. No seu 85º aniversário, por exemplo, foram encomendadas duas mil garrafas de champanhe Moet & Chandon e 400 doses de caviar. Já por altura dos seus 91 anos, Mugabe gastou cerca de um milhão de dólares na festa, que teve lugar num hotel de cinco estrelas.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Ufumeli
Na mira do “Wikileaks”
Em 2010, as informação reveladas pelo Wikileaks vieram dar razão aos zimbabueanos que criticavam os luxos da família Mugabe. Os documentos divulgados fizeram referência ao envolvimento de elites e altos funcionários do governo do Zimbabué em negócios de diamantes. Um dos nomes citados foi precisamente o de Grace Mugabe.