Zimbabué, Mali, Quénia e Magrebe em destaque na Imprensa alemã
22 de março de 2013O Zimbabué ocupou uma parte considerável das atenções dos comentadores. Recorde-se: cerca de três milhões de zimbabueanos votaram no domingo passado a favor da nova Constituição. Mas muitos eleitores afirmaram não ter visto, lido ou compreendido as propostas de alterações apresentadas. A nova Constituição deverá ser publicada na próxima semana, antes de ser apresentada ao parlamento e promulgada pelo presidente veterano Robert Mugabe.
Movimento de Morgan Tsvangirai espera novo modelo de democracia
No início desta semana, o primeiro-ministro, MorganTsvangirai, saudou o resultado do referendo, que considerou lançar um novo modelo de democracia para o Zimbabué.O matutino Frankfurter Allgemeine Zeitung escreve o seguinte:
"Vários adeptos do antigo partido de oposição -Movement for Democratic Change, movimento para a mudança democrática (MDC) - de Morgan Tsvangirai continuam a ser presos. Os seus computadores são frequentemente confiscados por agentes de polícia à paisana. Uma das detidas foi a advogada dos direitos humanos Beatrice Mtetwa. Estas detenções provam que o MDC continua sob pressão política, apesar de desde 2009 partilhar o poder com o partido Zanu-PF de Robert Mugabe. A nova constituição introduz uma limitação de dez anos cada, do mandato do presidente. Além disso, será introduzido um sistema representativo com uma câmara alta e uma baixa. Os mais otimistas esperam que esse novo sistema assegure que as próximias eleições serão mais livres e democráticas. Tudo indica que essas eleições se realizem ainda neste próximo mês de julho."
330 soldados alemães a caminho do Mali
O ministro alemão da defesa, Thomas de Maizière, visitou no início da semana o Mali, onde anunciou que a Alemanha continuará a empenhar-se na estabilização daquele país da África Ocidental. Esse tema também mereceu grande espaço no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.
"O ministro alemão anunciou que o empenho da Alemanha no Mali deverá durar mais tempo do que previsto, ou seja mais de um ano. O governo de Berlim tem planos de enviar 330 soldados que deverão apoiar os cerca de 4 mil franceses e os cerca de 6 mil soldados de paises vizinhos africanos. O parlamento alemão, o Bundestag, aprovou o envio dos soldados alemães para o Mali, mas limitou essa presença até março de 2014. Tudo indica que esse mandato terá que ser prolongado."
Redes sociais apelam à violência no Quénia
O Quénia é, também, tema nos jornais alemães. O matutino Süddeutsche Zeitung publica uma reportagem sobre as redes sociais que, segundo o jornal, muitas vezes são utilizadas para instigar os quenianos a recorrer à violência para combater inimigos politicos ou membros de outras etnias. Citamos:
"O Quénia é um país cheio de 'smartphones' e com cerca de dois milhões de assinantes da rede social facebook. O twitter também é muito usado, ao contrário do que acontece noutros países da região. Os fanáticos políticos aproveitam-se do facto, utilizando estes novos meios de comunição para apelar ao ódio entre os diferentes grupos étnicos. A especialista Kagonya Awori, que estudou em Portugal, mais precisamente na ilha da Madeira, iniciou o projeto 'Umati', que tenta recolher informações sobre a violência verbal que é espalhada nas redes sociais no Quénia. O problema é grave, salienta a especialista em informática, que pretende promover o diálogo entre as partes. Para isso Kagonya Awori fundou uma associação chamada 'Ushahidi', termo que na língua swahili significa "testemunho". Essa associação recebe apoio internacional, por exemplo da fundação Ford, de empresas como a Google e a Mozilla, ou organizações como o Banco Mundial e a ONU. O desafio é: como combater o ódio espalhado na internet, sem restringir a liberdade de expressão?"
Tunísia palco do próximo Fórum Social Mundial
Outro tema em destaque na imprensa alemã é a primavera árabe, ou melhor: o que dela resta nos dias que correm. O jornal Neues Deutschland escreve:
"Tudo começou em dezembro de 2010 na Tunísia, depois do jovem vendedor de legumes Mohamed Bouazizi se ter imolado, num gesto drástico de protesto contra a perseguição policial. A Tunísia é por isso um ótimo palco para o próximo Fórum Social Mundial, que terá como tema principal o conceito de 'dignidade'. Mas a Tunísia está longe de ser um país onde impera esse conceito de dignidade. Exemplo disso é a morte, em fevereiro de Chokri Belaid, ativista da oposição tunisina."