Zimbabué: Milhares protestam contra sanções ocidentais
Lusa
25 de outubro de 2019
Milhares de pessoas desfilaram em Harare, respondendo ao apelo do Governo para denunciar as sanções internacionais impostas ao país, que atravessa uma grave crise económica.
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Liderados pela esposa do Presidente Emmerson Mnangagwa, Auxilia, os manifestantes caminharam pelas ruas da cidade empunhando cartazes com mensagens como "Sanções são uma nova versão da escravidão" ou "Sanções são um crime contra a humanidade".
A União Europeia e os Estados Unidos mantêm há cerca de duas décadas sanções contra o Zimbabué, que visam sobretudo familiares e elementos próximos do ex-presidente Robert Mugabe, acusados de violência e fraude eleitoral.
Mergulhado numa crise económica que empurrou grande parte da população para a pobreza, o país necessita desesperadamente de investimento estrangeiro e reclama, por isso, o levantamento das sanções.
Sanções são "arma de destruição maciça"
Emmerson Mnangagwa, que sucedeu a Robert Mugabe há dois anos num contexto do afastamento do ex-chefe de Estado pelas Forças Armadas e pelo seu próprio partido, tenta desde então conseguir um levantamento das sanções.
A União Europeia já reduziu o âmbito da sua aplicação e o Fundo Monetário Internacional (FMI) retomou o diálogo com Harare.
Preço do combustível gera protestos no Zimbabué
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Pelo contrário, os Estados Unidos prolongaram em março as sanções contra Robert Mugabe, falecido em setembro, contra o próprio Emmerson Mnangagwa, visto pelos norte-americanos como um cacique do regime anterior, e contra uma centena de personalidades e empresas do Zimbabué.
Com a morte de Robert Mugabe, o atual chefe de Estado renovou o apelo aos países ocidentais.
"Livrem-nos disso. Não o mereceremos", pediu durante as cerimónias fúnebres do seu antecessor.
"Estas sanções devem desaparecer porque não são justificáveis", insistiu esta sexta-feira (25.10), durante a manifestação, a ministra da Informação, Monica Mutsvangwa.
Em declarações aos jornalistas, Monica Mutsvangwa classificou as sanções como uma "arma de destruição maciça" que está a "estrangular a economia".
EUA: "Responsabilidade é da gestão catastrófica"
Em resposta, os Estados Unidos refutaram responsabilidades na crise económica que o país atravessa.
"As nossas sanções não são responsáveis pela falência trágica do Zimbabué", disse, através das redes sociais, o embaixador norte-americano em Harare, Brian Nichols.
"A responsabilidade é da gestão catastrófica daqueles que dirigem o país e dos abusos do Governo contra os seus próprios cidadãos", acrescentou.
Washington e Bruxelas denunciaram em janeiro a violenta repressão que visou manifestantes que contestavam o aumento do preço dos combustíveis.
Diamantes: benção e maldição em África
Recentemente o Governo da Serra Leoa recusou uma oferta de 7,7 milhões de dólares para um dos maiores diamantes jamais encontrados no país. Uma ocasião para ver o diamante africano à lupa.
Foto: picture alliance/AP Photo
Uma bênção para a Serra Leoa?
Nos seus tempos livres o padre Emmanuel Momoh explora uma mina. Em Março encontrou um diamante de 709 quilates, que entregou às autoridades para que a receita da venda reverta a favor de todos. Num leilão o diamante obteve a oferta recorde de 7,7 milhões de dólares. Mas o Governo de Freetown achou-a muito baixa e organizou um novo leilão que deverá decorrer na Bélgica nas próximas semanas.
Foto: picture alliance/AP Photo
A estrela da Serra Leoa
Já em 1972 foi encontrado um diamante gigantesco na Serra Leoa. Com um peso bruto de 969 quilates, a “estrela da Serra Leoa” foi dividida em 17 partes. Apesar da riqueza em recursos naturais, o país ocupa um dos últimos lugares no Índice de Desenvolvimento da ONU. Durante décadas, o comércio ilegal de diamantes financiou uma guerra civil na qual morreram dezenas de milhares de pessoas.
Foto: Imago/ZUMA/Keystone
Botswana: o sítio dos maiores diamantes
Quando se trata do tamanho e do valor de diamantes, o Botswana ocupa o primeiro lugar. O segundo maior diamante jamais extraído no mundo tem o nome “Lesedi La Rona”, ou “a nossa luz”. É do tamanho de uma bola de ténis e tem 1.109 quilates. Foi encontrado em 2015 com a ajuda de raios-X. A iniciativa valeu a pena: mais tarde foram extraídos mais dois diamantes de muitos quilates no mesmo local.
Em Abril o “pink star” foi vendido pela soma recorde de 71 milhões de dólares. O diamante com 132,2 quilates foi encontrado na África do Sul. A lapidação levou dois anos, e produziu o maior diamante rosa do mundo, com quase 60 quilates. A "estrela rosa" foi leiloada uma primeira vez em 2013. Mas o comprador não conseguiu reunir a soma de 83 milhões de dólares e teve que devolver a pedra.
Foto: Reuters
Diamonds are a girl's best friend
A atriz Elizabeth Taylor era famosa pelo seu amor aos diamantes. Quando morreu, em 2011, as suas jóias foram leiloadas por quase 140 milhões de dólares. Durante muito tempo, os negociantes de pedras preciosas queixaram-se da queda de preços. Mas desde o ano passado, os preços recomeçaram a subir e a procura pelo diamante bruto cresce, alimentando a esperança de muitos prospectores africanos.
Foto: picture alliance/dpa/C. Melzer
Nem luxo, nem fascínio
Os prospectores no Zimbabué cavam com pás e com as próprias mãos à procura das pedras preciosas, na esperança de encontrarem um diamante que os redima da pobreza. Mas regra geral os grandes diamantes são encontrados em minas de exploração industrial, onde as máquinas têm a capacidade de peneirar grandes quantidades de minério.