Zimbabué recusa observadores ocidentais em referendo constitucional
11 de março de 2013Na semana passada, o Governo do Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, anunciou que não autorizará a entrada no país de observadores ocidentais para o referendo constitucional marcado para acontecer dia 16.03, quarta-feira. O mesmo estaria valendo para as eleições gerais, em meados de 2013, esclareceu o Governo.
O Zimbabué está a impedir justamente a entrada de representantes de países dos quais espera que ajudem a custear os processos eleitorais.
De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Zimbabué, Simbarashe Mumbengegwi, apenas observadores de países africanos serão convidados.
"Estarão cá todos os países que não são hostis ao Zimbabué. Países que impuseram sanções contra um dos partidos que participa nas eleições não podem ser considerados objetivos. E quem não é objetivo não pode avaliar eleições", esclarece Mumbengegwi.
Saiba o que aconteceu
Em 2002, países ocidentais, incluindo a União Europeia e os Estados Unidos da América, impuseram sanções contra o Presidente Mugabe e altos representantes do seu partido ZANU-PF. Na origem destas medidas estiveram relatórios sobre abusos dos direitos humanos e fraude eleitoral.
Diplomaticamente, a embaixadora britânica o Zimbabué, Deborah Bronnert, reagiu dizendo que é uma prática comum em todo o mundo convidar observadores internacionais e que a escolha cabe ao Governo que realiza as eleições. Neste caso, ao Governo de Harare. "Penso que seria bom que o Zimbabué convidasse observadores. A União Europeia tem uma excelente reputação no que toca o envio de equipas bem treinadas", observa Bronnert.
MacDonald Lewanika, diretor geral da Crisis Coalition - ou Coligação de Crise - no Zimbabué, um grupo pró-democracia, que tem vindo a documentar os casos de violação dos direitos humanos no Zimbabué, também comenta a decisão de Mugabe: "As eleições só serão credíveis se forem livres e justas. E é isso que os observadores internacionais conferem. Um representante do Governo dizer que não quer cá observadores transtorna e é sintomático de um Governo que tem algo para esconder que não quer que os observadores descubram".
Ainda em 2002, o Zimbabué cancelou o visto de entrada do líder da equipe de observadores da União Europeia, Pierre Schori. Na sequência, um número elevado de países ocidentais impôs sanções ao país africano. Estas têm vindo a ser gradualmente reduzidas.
Em fevereiro de 2013, a União Europeia adiantou que as eleições credíveis poderiam resultar na suspensão do embargo de viagem e do congelamento de propriedade na Europa do Presidente Mugabe e dos seus aliados. A ministra da cooperação e do desenvolvimento da Suécia, Gunnila Carlson, que acaba de visitar o Zimbabué, diz que a União Europeia está otimista quanto ao progresso político do país.
"Estamos muito satisfeitos com esta proposta de Constituição que vai a referendo. Vai preparar o terreno para a eleição. Era esse o objetivo do Governo de união nacional. Levou alguns anos, mas finalmente, cá estamos. Agora esperamos que tudo se passe sem violência e com correção. Queremos eleições livres e justas", defende.
Autores: Columbus Mavhunga (Harare) / Cristina Krippahl
Edição: Bettina Riffel / Renate Krieger