A situação pós-eleitoral no Zimbabué continua tensa. Observadores internacionais condenam a violência militar excessiva.
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Depois da violência de quarta-feira (01.08), com a repressão militar e policial a causar a morte de, pelo menos, seis simpatizantes do partido da oposição MDC, esta quinta-feira (02.08) o dia foi mais calmo no Zimbabué.
Pelas ruas da capital, Harare, reinava uma paz aparente. Muitas lojas optarem por manter as portas fechadas. Os cidadãos falam em medo e incerteza. E pedem paz.
Zimbabué ainda sem resultados presidenciais
"Hoje está calmo. As lojas estão fechadas porque há muita incerteza e teme-se que a violência volte. Mas há paz, a polícia tem mantido a paz, muita gente foi para casa. Saíram para trabalhar mas depois voltaram para casa porque está tudo fechado", conta Paul Tawanda, cidadão de Harare.
"Na verdade, estamos com medo. Não sabemos o que vai acontecer a partir de agora. Vimos helicópteros a sobrevoar esta zona, não estamos seguros, tendo em conta o que aconteceu ontem", relata uma cidadã da capital.
Observadores condenam violência
Observadores internacionais já condenaram os atos de violência e pedem calma. John Mahama, ex-Presidente do Gana, é um dos observadores eleitorais da Commonwealth presentes no Zimbabué e denuncia "categoricamente o uso de força excessiva contra civis”, explicando que há outros recursos para conter manifestações.
A violência pós-eleitoral contrasta com o que tinha sido uma campanha e dia de eleições mais calmos que o habitual. O observador da Commonwealth pede que a intolerância não estrague os progressos alcançados.
"O progresso alcançado pode ser prejudicado se os partidos e os seus apoiantes não demonstrarem tolerância e respeito pelo Estado de Direito. O processo eleitoral ainda está por concluir e estamos num momento da história do Zimbabué em que é necessário muita maturidade e liderança", disse Mahama.
O antigo Presidente apelou ainda que os resultados fossem anunciados, pois o atraso apenas contribuiu para especalação sobre manipulação das eleições.
ZANU-PF pede calma
O candidato do MDC, Nelson Chamisa, que desde início cantou vitória, comentou hoje que Mnangagwa sabe que perdeu e é essa a justificação para o atraso no anúncio do vencedor da corrida presidencial.
"Se ele tivesse vencido, há muito que teria sido anunciado. Nós respeitamos a Comissão Eleitoral, respeitamos a lei, mas estamos a ser abusados por respeitar a lei", afirmou aos jornalistas.
Paul Mangwana, secretário dos assuntos jurídicos do ZANU-PF, partido no poder, lamentou as vítimas da violência mas acusou os apoiantes do MDC de provocação e pede calma a todos enquanto se espera pelos resultados.
"Espero que continuemos com um comportamento maduro. Espero que nos contenhamos, que não nos provoquemos mutuamente, que deixemos que a Comissão Eleitoral anuncie os resultados", apelou o membro do ZANU-PF.
Cerco à sede do MDC
O dia foi ainda marcado pelo pesado cerco militar à sede do MDC que culminou mesmo com a polícia a entrar no edifício. O advogado do MDC, Denfor Halimani, conta que a polícia tinha um "mandado de busca e apreensão contra certos computadores e materiais subversivos, como granadas". Depois da intervenção, perto de 20 pessoas que se encontravam dentro do edifício foram levadas pela polícia.
"Eu concordaria que isso foi uma tática para meter medo, porque a polícia saiude mãos vazias. Não traziam absolutamente nada”, disse Denfor Halimani.
As últimas informações da Comissão Eleitoral dão conta que os resultados serão anunciados ainda na noite desta quinta-feira.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.