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Viagem

Água de Colônia completa 300 anos

13 de julho de 2009

Criada em 1709 na cidade alemã de Colônia, a fragrância continua sendo produzida em uma empresa familiar administrada por um descendente do perfumista italiano Johann Maria Farina.

O perfume criado há 300 anos em ColôniaFoto: picture-alliance/ dpa

Em três séculos de existência, ela já foi descrita como cheirosa, refrescante, luxuosa e até milagrosa. Apesar de ser confundida com o termo geral usado para perfumes com baixa concentração de essência, a famosa Água de Colônia é uma marca registrada que completa, nesta segunda-feira (13/07), 300 anos de criação.

O líquido que em poucas décadas encantaria as camadas mais altas das sociedades européias tem sua origem na cidade de Colônia, hoje a quarta mais populosa da Alemanha. Na Idade Média, a região chegou a ser a maior metrópole da Europa e também se tornou conhecida como Roma do Norte. Numa época em que banhos eram esporádicos por acreditar-se que a água transmitia doenças, a sociedade local ansiava por cheiros melhores.

Um alívio aos olfatos da cidade veio de fora, com o imigrante italiano Johann Baptist Farina fundando, em 13 de julho de 1709, a G.B. Farina, uma loja que logo mudou de endereço e nomes, ganhando fama anos mais tarde como Johann Maria Farina gegenüber dem Jïlichs-Platz (Johann Maria Farina em frente à praça Jülichs-Platz).

Ali, Johann Baptist oferecia diversos artigos franceses de luxo, desde seda até especialidades culinárias. O produto que garantiu vida longa aos negócios da família Farina, entretanto, era água. Não água simples, mas a então chamada aqua mirabilis (água maravilhosa), que se tornou Água de Colônia em homenagem à cidade.

Johann Maria Farina, criador da Água de Colônia

O perfume foi criado por Johann Maria, irmão de Johann Baptist. Em uma carta enviada a Baptist, Johann Maria Farina descreveu o momento da concepção do aroma assim: "Encontrei um cheiro que me lembra uma manhã na Itália, narcisos da montanha e folhas de laranja depois da chuva. Ele me refresca e fortalece meus sentidos e minha fantasia." Os dois irmãos se tornariam sócios em 1914.

A receita está patenteada com o nome Original Eau de Cologne. Para sua fabricação, Farina experimentou com uma nova técnica: sobre uma base de álcool muito concentrado diluiu essências de limão, laranja, bergamota, mandarim, lima, cedro, pomelo e uma mistura secreta de ervas.

A Água de Colônia criou um novo conceito no setor de perfumes: o da colônia, um composto no qual a proporção de óleos de perfume de origem vegetal oscila entre 5% e 10%.

Objeto de luxo

A Água de Colônia oferecia um aroma fresco e revitalizante, contrastante com os perfumes fortes usados na época, como os à base de almíscar. Por isso, o líquido comercializado pelos Farina conquistou, aos poucos, a aristocracia.

A princípio, os frascos que continham a agradável mistura de cheiros eram um artigo de luxo tão caro que não passavam de um mero sonho de consumo dos proletários. Por isso, há quem diga que a Água de Colônia era o "cheiro dos ricos".

Mozart, Beethoven, Napoleão Bonaparte e monarcas da Prússia, da Inglaterra e de Portugal foram alguns dos clientes mais famosos da perfumaria Farina. Dizem também que o poeta Johann Wolfgang von Goethe se inspirava com pedaços de pano exalando o perfume.

300 anos depois

O criador da Água de Colônia faleceu em 1766, mas seus descendentes herdaram a receita e técnica de produção da fragrância. Hoje, a empresa tem cerca de 50 funcionários, atraindo segundo o diretor do Centro de Informações Turísticas de Colônia, Josef Sommer, muitos visitantes à cidade.

Aberto todos os dias, o museu conta a história da Água de ColôniaFoto: Farina-Haus

O também chamado Johann Maria Farina, que pertence à oitava geração de descendentes do renomado Farina, é o atual diretor da pequena fábrica. A receita do perfume permanece um segredo da família e, apesar da curiosidade dos turistas e clientes, o acesso à fábrica também é restrito.

O empresário gosta de manter o mistério no ar. Sobre as técnicas de produção, apenas se sabe que a empresa não utiliza mais barris de madeira, e sim de aço, o que diminui a evaporação do álcool. Quanto às vendas, ele afirma apenas que "vai tudo muito bem". Apesar de não revelar detalhes, Johann conta que praticamente 85% da atual produção é exportada – principalmente para França, Estados Unidos e Oriente Médio.

Johann Maria Farina, atual administrador da perfumaria mais antiga do mundoFoto: DW

Desde 1924, os frascos originais de Água de Colônia são estampados com uma tulipa vermelha. Quem estiver em Colônia e quiser saber mais sobre a história da fragrância pode visitar o Museu do Cheiro de Farina (Duft-Museum von Farina) na Obenmarspforten 21. Ali, os visitantes são convidados a conhecer a Câmara dos Cheiros (Kammer der Düfte), apreciar o aroma de essências e aprender um pouco sobre técnicas de perfumaria.

O museu está aberto entre as 10h e 18h de segunda a sábado, e das 11h às 16h aos domingos. O ingresso custa 5 euros.

EH/DW
Revisão: Alexandre Schossler