Álcool mata mais de três milhões de pessoas por ano, diz OMS
22 de setembro de 2018
Relatório da Organização Mundial da Saúde revela que o consumo de bebidas alcoólicas é responsável por um em cada 20 óbitos em todo o mundo – matando mais do que a aids, a violência e acidentes de trânsito juntos.
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Um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta feira (21/09) revelou que o consumo de bebidas alcoólicas matou mais de três milhões de pessoas em 2016 – mais do que o total de vítimas da aids, violência e acidentes de trânsito juntos.
O estudo afirma que o álcool é responsável por cerca de uma em cada 20 mortes em todo o mundo, incluindo os acidentes causados por motoristas embriagados, violência e abusos induzidos pelo álcool, além de uma ampla variedade de doenças. Mais de três quartos das vítimas são homens.
As mais de 3 milhões de mortes relacionadas ao consumo da substância registradas em 2016 – as estatísticas mais recentes disponíveis – correspondem a 5,3% de todos os óbitos naquele ano.
"Um número demasiadamente grande de pessoas, famílias e comunidades sofre as consequências do uso nocivo do álcool através da violência, lesões, problemas de saúde mental e doenças como câncer e derrames", disse em comunicado o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O consumo de álcool está associado a mais de 200 problemas de saúde, como a cirrose hepática, e deixa as pessoas mais vulneráveis a doenças como a tuberculose, aids e pneumonia, afirma o relatório.
Quanto aos jovens, os números são ainda mais alarmantes. Segundo a OMS, 13,5% de todas as mortes de pessoas de idade entre 20 a 29 anos em 2016 têm relação com o consumo de álcool. A título de comparação, a aids é responsável por 1,8% das mortes em todo o mundo; os acidentes de trânsito, por 2,5%; e a violência, por 0,8% dos óbitos.
Apesar de alarmantes, os números ainda são menores do que os registrados no relatório anterior da OMS, divulgado em 2014. A agência afirma que há algumas tendências positivas, como a redução da ocorrência de mortes relacionadas ao álcool e ao consumo esporádico da substância desde 2010.
A OMS adverte, porém, que o grande número de "doenças e lesões causadas pelo consumo nocivo do álcool é inaceitavelmente alto", especialmente na Europa e nas Américas. Estima-se que, em todo o mundo, 237 milhões de homens e 46 milhões de mulheres sofram de males provocados pelo consumo de álcool.
Na Europa, o problema atinge quase 15% dos homens e 3,5% das mulheres e, nas Américas, 11,5% dos homens e 5,1% das mulheres são afetados. Por outro lado, mais da metade da população com mais de 15 anos de idade se abstém completamente das bebidas alcoólicas.
Em média, os 2,3 bilhões de indivíduos considerados consumidores de álcool – aqueles que consumiram bebidas ao menos uma vez durante o ano – ingeriram 33 gramas diárias da substância pura, o que equivale, a grosso modo, a dois copos de vinho, uma garrafa de cerveja ou duas doses de destilados.
A Europa ainda é o maior consumidor per capita, com 10 ou mais litros de álcool puro consumidos anualmente, apesar de uma queda de mais de 10% registrada desde 2010. A OMS alertou, porém, que em outras regiões o consumo tende a aumentar. Isso ocorre especialmente na Ásia, com a China e a Índia registrando os números mais acentuados.
A OMS pede aos países que aumentem os impostos sobre as bebidas alcoólicas e proíbam as propagandas do produto, especialmente em eventos esportivos, como forma de coibir o consumo.
Carnaval é, para muitos, um momento de tomar umas a mais. Boa hora para conferir um estudo científico sobre o assunto. Que traz notícias nem tão alegres...
Foto: picture-alliance/dpa
Me engana que eu gosto
Há décadas a ciência vinha oferecendo perspectivas reconfortantes aos amigos do copo: álcool em quantidades moderadas – um ou dois copos de vinho por dia, por exemplo – faz bem à saúde e até prolonga a vida, dizem. Infelizmente, tal bonança acabou: entre outras revelações, um relatório do "British Medical Journal" apresenta um convite à revisão radical dos hábitos etílicos.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 1: Os europeus bebem mais do que os outros
Consumindo 11,8 e 11,6 litros de álcool puro por ano, respectivamente, os alemães e os britânicos ocupam uma posição mediana entre os grandes bebedores – ao contrário do que se poderia imaginar. Porém, no geral, está comprovado que os nativos do Velho Continente tendem a se embriagar mais do que os da América do Norte ou da Ásia.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 2: Mas ninguém bebe mais do que um bielorrusso
A ex-república soviética Belarus ocupa o topo absoluto na lista dos países mais beberrões do mundo: a média do consumo de álcool puro entre sua população é de 17,5 litros por ano. E a Rússia vem cambaleando logo atrás, com 15,1 litros. Ou seja: mesmo com a contínua alta dos preços, o império de Vladimir Putin segue sendo o paraíso da vodca.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 3: Olhos puxados e álcool não combinam
Ou, em termos um tanto mais científicos: grupos étnicos como os asiáticos dispõem de quantidades menores das enzimas que metabolizam o álcool. É uma questão de genética. Talvez por isso o turista japonês da foto, flagrado na Oktoberfest de Munique, já pareça estar antecipando a ressaca.
Foto: dpa
Fato 4: Beber não é coisa para mulher
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres bebem menos da metade do álcool que os homens. Não é uma questão de machismo, é um mero fato fisiológico. Entre os fatores em jogo estão a diferença de tamanho e a composição do corpo feminino, cujo maior teor de gordura tende a concentrar o álcool. Já os homens apresentam mais água no corpo, o que favorece a difusão da substância.
Foto: Fotolia/Kitty
Fato 5: A prosperidade faz o beberrão
Nos países em desenvolvimento, como a China e a Índia, o consumo alcoólico está em alta. Homens e mulheres da classe média em expansão têm agora meios para adquirir boas bebidas importadas, como cerveja alemã ou vinho francês. Ou fazer como as jovens indianas da foto: viajar até a Oktoberfest de Munique para provar a típica cerveja bávara.
Foto: DW/I. Moog
Fato 6: Embriaguez é também questão religiosa
O menor consumo do mundo é registrado no Norte da África e no Oriente Médio. No Paquistão, Kuwait, Líbia e Mauritânia, só se ingere 0,1 litro de álcool puro por ano. É que, para a religião muçulmana, essa substância é "haram" – impura, e, portanto, proibida para os fiéis. Nesses países, a bebida mais popular é o chá.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 7: Álcool mata. Mesmo
E agora é que a coisa começa a ficar sem graça. A OMS alerta: o consumo etílico está relacionado a mais de 200 enfermidades e condições crônicas. Essa lista, que inclui o câncer e a cirrose, mata 3,3 milhões de amigos do copo por ano – o equivalente a cerca de 6% do número global de óbitos. Mas... só se a pessoa beber muito, não é mesmo?
Foto: Getty Images
O mito: Um copo de vinho ao dia prolonga a vida
Errado. O relatório do "British Medical Journal" aponta falhas técnicas nos estudos anteriores que aconselhavam o consumo alcoólico moderado. Como eles não distinguiam entre não bebedores e os menos saudáveis ex-bebedores, os antigos cálculos não são confiáveis. Portanto, a forma mais saudável de beber, é mesmo não beber uma só gota.
Foto: DW/D. P. Lopes
A solução?
Para quem acredita cem por cento nos pesquisadores britânicos e quer ter vida longa a todo custo, só resta seguir o exemplo do Paquistão. Como mostra a foto, a república islâmica destrói regularmente, em massa, as garrafas que apreende, contrabandeadas de sua vizinha, a emergente e cada vez mais alcoólica Índia. Algum candidato a adotar solução tão radical? Quem sabe em 2016?