Temperatura na região registrou 1,3ºC acima da média e, como resultado, a extensão da cobertura de gelo foi a menor, e o derretimento começou mais cedo. Situação ameaça animais como as morsas.
Anúncio
A temperatura do ar no Ártico registrou 1,3ºC acima da média, a mais elevada dos últimos 115 anos, afirma um relatório divulgado pela agência meteorológica americana (NOAA).
"O aquecimento do Ártico ocorre praticamente ao dobro da velocidade em comparação a qualquer outro lugar do mundo", afirma Richard Spinrad, cientista-chefe da NOAA, ao apresentar na terça-feira (15/12) o relatório em São Francisco, nos EUA.
A camada de gelo na região atingiu sua área máxima em 2015 em 25 de fevereiro, duas semanas mais cedo do que o habitual. A extensão foi a mais baixa desde que os registros começaram a ser feitos, em 1979.
De acordo com os cientistas, a composição da cobertura de gelo mudou ao longo dos anos. Em 1985, 20% do gelo eram mais velhos que quatro anos, e 35% de um ano de idade. Já em 2015, essa relação ficou em 3% e 70%, respectivamente.
Segundo pesquisadores, o gelo mais antigo tende a ser mais espesso. O gelo mais fino e mais jovem é mais propenso a derreter no verão, o que resulta numa menor extensão. "Nós sabemos que isso acontece por causa das mudanças climáticas", afirma Richard Spinrad.
Isso também gera um impacto sobre a vida marinha: em 2015, houve uma proliferação extraordinária de algas. E, os peixes que normalmente se estabeleciam mais ao sul, agora chegam às águas do Ártico e se tornaram os novos inimigos de outros pequenos peixes da região.
A situação é especialmente complicada para mamíferos como as morsas. Segundo o relatório, o derretimento da cobertura de gelo é a maior ameaça para esses animais, que geralmente usam esse habitat como refúgio, acasalamento, para dar à luz seus filhotes, encontrar comida e se abrigar de tempestades e predadores. Nos últimos anos, porém, as morsas estão sendo forçadas a se deslocar para outras terras, como o noroeste do Alasca.
Isso torna difícil a procura por comida, já que os lugares com muitas presas não são mais acessíveis a partir dos campos de gelo. De acordo com o relatório, há superlotação das áreas costeiras, o que leva a um pânico em massa e ao esmagamento de filhotes.
FC/afp/ap/lusa
Tesouro de sementes no Ártico
Em Spitzbergen, perto do Polo Norte, são armazenadas sementes de todo o mundo. A ideia é criar um "back-up" da biodiversidade, que pode ser útil após guerras, catástrofes ou mudanças climáticas.
Foto: Michael Marek
Paisagem deslumbrante
Spitzbergen é um arquipélago pertencente à Noruega, com área equivalente às da Bélgica e da Suíça juntas. Árvores? Sem chance! Para onde quer que se olhe, o que se vê são pequenas montanhas de topos achatados. O ar é cristalino, e o céu, azul vivo – uma paisagem deslumbrante. No verão, há luz 24 horas por dia. No inverno, é sempre escuro, e a temperatura cai para -25 graus Celsius.
Foto: Michael Marek
Polo de pesquisa
Nos últimos anos, a região se tornou um centro para a pesquisa internacional sobre o Ártico. Biólogos marinhos, meteorologistas, geólogos e geofísicos usam Spitzbergen como base para suas atividades científicas.
Foto: Michael Marek
Mudanças climáticas
Em Spitzbergen, existem cerca de 350 geleiras. Mas as mudanças climáticas chegaram ao arquipélago: as geleiras estão derretendo e, ainda neste século, poderíamos ver a região do Ártico totalmente sem gelo no verão. O número de peixes e aves na área aumentou, e as cavalas, por exemplo, migraram de águas mais quentes para zonas costeiras de Spitzbergen.
Foto: Michael Marek
Casas coloridas e carvão
Em Longyearbyen, capital de Spitzbergen, cerca de 2.500 pessoas vivem em suas casas de madeira coloridas nos arredores do Adventdalen, vale lateral do fiorde Isfjord. Longyearbyen e Spitzbergen já foram conhecidas por seu carvão, mas hoje não há mais que algumas poucas minas por ali.
Foto: Michael Marek
Logística complicada
A logística para o abastecimento da área é grande. Cada lâmpada, maçã ou pedaço de aço precisa ser trazido à região de avião ou de barco – percorrendo 950 quilômetros a partir da porção continental da Noruega.
Foto: Michael Marek
Entrada oculta
A arca do tesouro fica a apenas um quilômetro de distância de Longyearbyen. Do lado de fora, é possível ver apenas a entrada estreita de concreto em meio à neve.
Foto: Michael Marek
Dentro da montanha
Atrás da entrada, um túnel de 120 metros de comprimento aprofunda-se pela montanha. Graças a um sistema de resfriamento, a temperatura é mantida constante em -7 graus Celsius, tanto no verão como no inverno.
Foto: Michael Marek
Cofre de sementes
No final do túnel, uma porta leva a um cofre. O frio ártico de Spitzbergen funciona como uma proteção natural para as sementes. Por trás de toda essa estrutura, está o medo de não se saber exatamente as consequências que uma diminuição da biodiversidade pode ter para a humanidade.
Foto: Michael Marek
Segurança inviolável
Spitzbergen é, por várias razões, um local ideal para armazenar sementes. A Noruega não está em guerra e, além disso, de acordo com o Tratado de Spitzbergen, de 1920, a região é uma zona desmilitarizada. A área é geomorfologicamente estável, e o cofre de sementes está 130 metros acima do nível do mar – mesmo com uma inundação, ele não seria afetado.
Foto: Michael Marek
Bilhões de sementes
Em média três vezes por ano, a movimentação é intensa, quando as sementes são entregues e desaparecem dentro dos túneis. As três câmaras têm capacidade para armazenar 4,5 milhões de espécies de plantas, cada uma delas representada por uma média de 500 sementes. Ou seja, nos três compartimentos há espaço para cerca de 2,25 bilhões de sementes. Atualmente, apenas a sala do meio é utilizada.
Foto: Michael Marek
De volta para casa
Recentemente, devido à guerra civil na Síria, sementes armazenadas foram pedidas de volta – pela primeira vez na história do forte de sementes. O destinatário foi o Centro Internacional para Pesquisa Agrícola em Regiões Secas, para onde foram levadas variedades de cereais do Oriente Médio resistentes à seca. Nesse meio tempo, a sede da organização acabou se mudando para Beirute.
Foto: Michael Marek
Sementes do futuro?
As sementes da Alemanha, por exemplo, são protegidas por embalagens de alumínio hermeticamente fechadas. Atualmente, Spitzbergen armazena 865 mil amostras de sementes de 5.103 espécies de plantas de todo o mundo. O catálogo oficial inclui amostras de 217 países.