Em média se bebe 10% mais álcool hoje do que em 1990 em todo o mundo, mas tendências regionais são bem diferentes. Na Europa, ritmo é de queda, e na China, Índia e Brasil, de alta.
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O consumo mundial de álcool deve continuar aumentando na próxima década, afirmou um grupo de cientistas em estudo publicado nesta quarta-feira (08/05) na revista médica The Lancet.
A análise de dados de 189 países mostrou que o consumo médio de álcool subiu 10% em todo o mundo entre 1990 e 2017. A tendência atual é de que subirá mais 17% na próxima década, impulsionado por China e Índia.
O consumo médio de álcool puro era de 5,9 litros em 1990 e passou para 6,5 litros em 2017. Até 2030, deverá chegar a 7,6 litros por ano. Meio litro de cerveja contém cerca de 20 gramas de álcool puro.
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Com isso, a meta estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de reduzir o consumo prejudicial à saúde em 10% até 2025, não será atingida, observam os pesquisadores.
Em números absolutos, o volume de álcool consumido subiu 70% em menos de 30 anos, passando de 21 milhões de litros em 1990 para 35,6 milhões em 2017 – mas a população mundial também aumentou nesse período.
Os homens consomem bem mais álcool do que as mulheres. Em todo o mundo, a média do sexo masculino é de 9,8 litros anuais, e a das mulheres, de 2,7 litros.
Na Alemanha é verificada uma tendência de estagnação/leve redução, comum na Europa Ocidental. Em 1990, a média anual de consumo dos alemães era de 16,32 litros. Em 2017, caiu para 13,05. Em 2030, deverá cair ainda mais, para 11,63 litros.
Apesar de estar em queda, a média de consumo nos países ricos ainda é extremamente elevada. Na Europa, ela caiu 20% em 27 anos, mas ainda é de 9,8 litros de álcool puro por habitante. O recuo se deve sobretudo à diminuição do consumo no Leste Europeu.
"Antes de 1990, a maior parte do álcool era consumida em países de renda elevada, com os níveis mais altos sendo registrados na Europa. Porém, esse padrão mudou substancialmente, com uma ampla redução ao longo da Europa Oriental e um vasto aumento em muitos países de renda média", afirmou o principal autor do estudo, o cientista alemão Jakob Manthey, da Universidade Técnica de Dresden.
Entre os países de renda média onde o consumo de álcool aumenta estão a China, a Índia e o Brasil, onde o consumo médio era de 8,9 litros em 2016, segundo a OMS. Em 2006, os brasileiros bebiam em média 6,2 litros de álcool puro por ano.
Na China, os homens ingerem em média 11 litros de álcool por ano, e as mulheres, 3 litros. Isso representa um consumo médio de 7 litros, o que é 70% mais do que em 1990.
O álcool está relacionado a mais de 200 doenças e é responsável por mais de 3 milhões de mortes todos os anos, segundo a OMS. Em cada quatro mortos, três são homens.
Em todo o mundo, cerca de 237 milhões de homens e 46 milhões de mulheres sofrem de doenças relacionadas com o álcool. Os níveis mais elevados estão na Europa e nos Estados Unidos.
AS/afp/dpa
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Carnaval é, para muitos, um momento de tomar umas a mais. Boa hora para conferir um estudo científico sobre o assunto. Que traz notícias nem tão alegres...
Foto: picture-alliance/dpa
Me engana que eu gosto
Há décadas a ciência vinha oferecendo perspectivas reconfortantes aos amigos do copo: álcool em quantidades moderadas – um ou dois copos de vinho por dia, por exemplo – faz bem à saúde e até prolonga a vida, dizem. Infelizmente, tal bonança acabou: entre outras revelações, um relatório do "British Medical Journal" apresenta um convite à revisão radical dos hábitos etílicos.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 1: Os europeus bebem mais do que os outros
Consumindo 11,8 e 11,6 litros de álcool puro por ano, respectivamente, os alemães e os britânicos ocupam uma posição mediana entre os grandes bebedores – ao contrário do que se poderia imaginar. Porém, no geral, está comprovado que os nativos do Velho Continente tendem a se embriagar mais do que os da América do Norte ou da Ásia.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 2: Mas ninguém bebe mais do que um bielorrusso
A ex-república soviética Belarus ocupa o topo absoluto na lista dos países mais beberrões do mundo: a média do consumo de álcool puro entre sua população é de 17,5 litros por ano. E a Rússia vem cambaleando logo atrás, com 15,1 litros. Ou seja: mesmo com a contínua alta dos preços, o império de Vladimir Putin segue sendo o paraíso da vodca.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 3: Olhos puxados e álcool não combinam
Ou, em termos um tanto mais científicos: grupos étnicos como os asiáticos dispõem de quantidades menores das enzimas que metabolizam o álcool. É uma questão de genética. Talvez por isso o turista japonês da foto, flagrado na Oktoberfest de Munique, já pareça estar antecipando a ressaca.
Foto: dpa
Fato 4: Beber não é coisa para mulher
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres bebem menos da metade do álcool que os homens. Não é uma questão de machismo, é um mero fato fisiológico. Entre os fatores em jogo estão a diferença de tamanho e a composição do corpo feminino, cujo maior teor de gordura tende a concentrar o álcool. Já os homens apresentam mais água no corpo, o que favorece a difusão da substância.
Foto: Fotolia/Kitty
Fato 5: A prosperidade faz o beberrão
Nos países em desenvolvimento, como a China e a Índia, o consumo alcoólico está em alta. Homens e mulheres da classe média em expansão têm agora meios para adquirir boas bebidas importadas, como cerveja alemã ou vinho francês. Ou fazer como as jovens indianas da foto: viajar até a Oktoberfest de Munique para provar a típica cerveja bávara.
Foto: DW/I. Moog
Fato 6: Embriaguez é também questão religiosa
O menor consumo do mundo é registrado no Norte da África e no Oriente Médio. No Paquistão, Kuwait, Líbia e Mauritânia, só se ingere 0,1 litro de álcool puro por ano. É que, para a religião muçulmana, essa substância é "haram" – impura, e, portanto, proibida para os fiéis. Nesses países, a bebida mais popular é o chá.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 7: Álcool mata. Mesmo
E agora é que a coisa começa a ficar sem graça. A OMS alerta: o consumo etílico está relacionado a mais de 200 enfermidades e condições crônicas. Essa lista, que inclui o câncer e a cirrose, mata 3,3 milhões de amigos do copo por ano – o equivalente a cerca de 6% do número global de óbitos. Mas... só se a pessoa beber muito, não é mesmo?
Foto: Getty Images
O mito: Um copo de vinho ao dia prolonga a vida
Errado. O relatório do "British Medical Journal" aponta falhas técnicas nos estudos anteriores que aconselhavam o consumo alcoólico moderado. Como eles não distinguiam entre não bebedores e os menos saudáveis ex-bebedores, os antigos cálculos não são confiáveis. Portanto, a forma mais saudável de beber, é mesmo não beber uma só gota.
Foto: DW/D. P. Lopes
A solução?
Para quem acredita cem por cento nos pesquisadores britânicos e quer ter vida longa a todo custo, só resta seguir o exemplo do Paquistão. Como mostra a foto, a república islâmica destrói regularmente, em massa, as garrafas que apreende, contrabandeadas de sua vizinha, a emergente e cada vez mais alcoólica Índia. Algum candidato a adotar solução tão radical? Quem sabe em 2016?