Ministro do Exterior pede por consequências drásticas a países que não aceitarem o retorno de seus cidadãos. Entre elas, o corte dos recursos destinados ao desenvolvimento.
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O ministro das Relações Exteriores da Áustria, Sebastian Kurz, pediu por consequências drásticas para os países que não aceitarem o retorno de seus cidadãos que buscam asilo na Europa. Tendo em vista o recente ataque em Berlim, ele também pediu por fronteiras melhor controladas.
Em entrevista à revista alemã Der Spiegel, nesta quinta-feira (29/12), o ministro do Exterior austríaco afirmou que "muitos países não têm interesse que enviemos seus cidadãos de volta". Kurz afirmou que são necessárias medidas severas para resolver o problema do alto número de deportações rejeitadas de requerentes de asilo ou de pessoas que cometeram uma infração criminal.
De acordo com planos de Viena, os países que recusarem o retorno de seus cidadãos devem receber uma ajuda de desenvolvimento significativamente menor da Europa. "As transferências de dinheiro dos refugiados da Europa para os seus países de origem são um fator econômico importante", segundo Kurz.
A União Europeia (UE) tem, portanto, que agir de acordo com o chamado "princípio de menos por menos", pleiteou Kurz. Ou seja, aqueles que fazem menos receberão financeiramente menos.
Em suma, "para os países que não estão dispostos a receber seus cidadãos de volta os fundos para a cooperação ao desenvolvimento devem ser cortados". Simplesmente a ameaça já resultaria numa reconsideração maciça, de acordo com Kunz à publicação Der Spiegel.
Devido ao recente ataque terrorista a um mercado natalino em Berlim, o ministro austríaco das Relações Exteriores também exigiu por maior segurança nas fronteiras externas europeias. "Se não podemos controlar quem emigra à UE e quem mora aqui, isso é um risco à segurança", disse Kurz, acrescentando que seria "fatal equiparar refugiados com terror".
Por outro lado, segundo ele, é um erro acreditar que refugiados nunca possam se tornar criminosos ou terroristas. "Adverti há um ano e meio que as rotas dos refugiados também poderiam ser usadas por terroristas, o que, infelizmente, provou ser correto", salientou.
Ao longo da crise dos refugiados, a Áustria se aliou ao chamado grupo de Visegrad – Polônia, Hungria, Eslováquia e República Tcheca – contra a política migratória da União Europeia. No início desse ano, a Áustria também foi fundamental para o fechamento da rota dos Bálcãs, após ter aumentado o controle nas fronteiras e estabelecido um limite máximo para requerimentos de refúgio.
Em novembro, Viena enviou 60 soldados à Hungria para ajudar a construir infraestruturas ao longo da fronteira húngara com a Sérvia, que não é membro da UE. O ministro da Defesa, Hans Peter Doskozil, insistiu, no entanto, que os soldados austríacos não estariam armados, nem envolvidos na interceptação de refugiados que chegarem à Hungria.
Dez refugiados famosos
Músicos, atores, políticos, cientistas dos quatro cantos do mundo: em comum, o destino de refugiado. Todos deixaram seus países natais, por um período breve ou o resto da vida, para se salvar da guerra e perseguição.
Foto: akg-images/picture alliance
Touro Sentado (1831-1890)
O chefe sioux Tatanka Iyotake, "Touro Sentado", um dos mais célebres nativos dos Estados Unidos, viveu quatro anos como refugiado. Em 1877, cerca de um ano após a batalha de Little Bighorn, liderada pelo general Custer, ele fugiu com seus guerreiros para o Canadá. Após voltar aos EUA, o líder indígena foi preso e colocado numa reserva. Ele morreu baleado durante uma nova tentativa de prisão.
Foto: Imago/StockTrek Images
Albert Einstein (1879-1955)
Autor da teoria da relatividade e Nobel da Física, o judeu alemão Albert Einstein visitava os EUA quando Adolf Hitler assumiu o poder, em 1933. Manter-se longe da Alemanha sob regime nazista não foi decisão fácil. Einstein dizia se considerar um "privilegiado pela sorte", por poder viver em Princeton, mas também "quase envergonhado de viver em tamanha paz, enquanto todo o resto luta e sofre".
Foto: Imago/United Archives International
Béla Bartók (1881-1945)
Apesar de não ser judeu, o compositor, pianista e musicólogo Béla Bartók se opunha à ascensão do nazismo e à perseguição antissemita, e em 1940 emigrou para os EUA. "Minha principal ideia, que me domina inteiramente, é a irmandade dos homens, acima e além de todos os conflitos", disse certa vez. No entanto, sua carreira musical gorou no exílio, e ele acabou por morrer pobre e esquecido.
Foto: Getty Images
Marlene Dietrich (1901-1992)
A atriz e cantora alemã Marlene Dietrich já era uma estrela nos Estados Unidos quando adquiriu a nacionalidade americana, em 1939, voltando definitivamente as costas para a Alemanha nazista. Refugiada célebre, ela se manifestava contra Hitler e cantou para os soldados americanos durante a Segunda Guerra. Embora com seus filmes banidos na terra natal, ela dizia: "Eu nasci alemã e sempre serei."
Foto: picture-alliance/dpa
George Weidenfeld (1919-2016)
Nascido em Viena, o editor judeu George Weidenfeld emigrou após a anexação da Áustria pelos nazistas. Em Londres, ele cofundou uma casa editora e se tornou barão. Além de se engajar pela causa israelense, estabeleceu um fundo para ajudar os cristãos que fogem do "Estado Islâmico". "Não posso salvar o mundo [...] mas tenho uma dívida a saldar", disse certa vez.
Foto: picture-alliance/dpa/N.Bachmann
Henry Kissinger (*1923)
Natural da Baviera, Henry Kissinger teve papel central na configuração da política externa dos EUA. Contudo, antes de se tornar autoridade em relações internacionais e professor em Harvard, o 56º secretário de Estado americano tivera que fugir da perseguição nazista em 1938. Já nonagenário, ele revelaria que a Alemanha "nunca deixou de ser parte" de sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schiefelbein
Miriam Makeba (1932-2008)
A cantora sul-africana Miriam Makeba era opositora ferrenha do regime do apartheid. Em 1960, durante turnê nos EUA, o governo de seu país lhe cancelou o passaporte. Três anos mais tarde ela foi proibida de entrar na África do Sul, a qual ela só reveria após décadas de exílio nos EUA e Guiné. "Mama Africa" morreu durante um show na Itália, em apoio à luta do autor Roberto Saviano contra a máfia.
Foto: Getty Images
Milos Forman (1932-2018)
Apesar de já ser um cineasta respeitado, Milos Forman voltou as costas à Tchecoslováquia em 1968, após a Primavera de Praga, indo estabelecer-se nos Estados Unidos. Em sua produção do outro lado da Cortina de Ferro dois Oscars de melhor filme se destacam: o drama psiquiátrico "Um estranho no ninho" (1975) e "Amadeus" (1984), sobre Mozart.
Foto: picture-alliance/abaca/V. Dargent
Madeleine Albright (1937-2022)
A primeira secretária de Estado americana, Madeleine Albright, nasceu na atual República Tcheca. Sua família fugiu para os EUA em 1948, quando os comunistas assumiram o poder. A partir de seu envolvimento intenso na política e depois de ser embaixadora americana na ONU, ela assumiu a chefia da diplomacia de 1997 a 2001, durante o segundo mandato de Bill Clinton.
Foto: Getty Images/AFP/S. Loeb
Isabel Allende (*1942)
O presidente Salvador Allende se suicidou após o golpe de Estado no Chile em 1973. A filha de um primo dele, Isabel, que o chamava de "tio", fugiu para a Venezuela após receber ameaças de morte. Mais tarde emigrou para os EUA e se estabeleceu como autora. Entre seus romances, que contam entre os clássicos do realismo mágico, destacam-se "A casa dos espíritos" e "Eva Luna".