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Áustria ameaça usar Exército na fronteira com Itália

4 de julho de 2017

Governo austríaco entra em atrito com vizinho após acenar com possibilidade de usar soldados para controlar passagem de migrantes. Porta de entrada para refugiados na Europa, Itália diz que não há situação de emergência.

Imigrantes são assistidos por equipes de resgate no Mar MediterrâneoFoto: AP Photo/E. Morenatti

A Itália convocou o embaixador da Áustria no país nesta terça-feira (04/07) depois de o governo em Viena ter ameaçado enviar soldados para a fronteira entre os dois países para barrar a entrada de imigrantes.

Opinião: É preciso bloquear Mediterrâneo como rota de fuga

O ministro da Defesa da Áustria, Hans Peter Doskozil, afirmara nesta segunda-feira que seu país vai fechar a fronteira com a Itália se houver um novo fluxo de imigrantes.

Já o ministro do Exterior, Sebastian Kurz, disse que o governo "está se preparando" e vai proteger a fronteira em Brenner "se for necessário", referindo-se à região da montanha Brenner, nos Alpes.

A fronteira está aberta, e entre 15 e 40 imigrantes a cruzam diariamente, disse o chefe da polícia do estado austríaco do Tirol. No fim de semana, o governo austríaco enviou quatro veículos blindados para a região, com a intenção de bloquear estradas, se necessário. Até 750 soldados estariam prontos para entrar em ação.

O ministro do Interior da Itália, Marco Minniti, declarou-se surpreso com as ameaças e afirmou que "não há nenhuma situação de emergência" na fronteira de Brenner e a cooperação com a polícia austríaca "funciona perfeitamente". Ele acrescentou que as declarações vindas da Áustria são uma iniciativa "injustificada e sem precedentes", que pode ter impacto na cooperação de segurança entre os dois países.

A imigração é um tema sensível na Áustria, que acolheu mais de 100 mil refugiados em 2015 e 2016. Uma eleição parlamentar está marcada para outubro, e essa é uma das questões centrais. Apesar de não haver registro de um grande ingresso de refugiados vindos da Itália, os austríacos expressam preocupação com a constante chegada de barcos carregados de imigrantes ao país vizinho.

Dados alarmantes

A Organização Internacional das Migrações (OIM) anunciou nesta terça-feira que mais de 100 mil imigrantes chegaram à Europa este ano atravessando o Mediterrâneo. Destes, mais de 85 mil desembarcaram na Itália, e cerca de 9.300, na Grécia. Também foram registradas 2.247 mortes ou desaparecimentos no mar.

A rota migratória pelo Mediterrâneo central tornou-se a principal porta de entrada na Europa desde que as chegadas à Grécia a partir da Turquia se reduziram acentuadamente, a partir de 2016, devido ao acordo assinado entre a União Europeia e a Turquia.

Diante da situação, a Itália pediu ajuda aos demais países da União Europeia e ameaçou até bloquear a entrada nos seus portos de navios estrangeiros transportando migrantes socorridos no Mediterrâneo.

Nesta terça-feira, a Comissão Europeia anunciou medidas para ajudar a Itália a gerenciar o fluxo de migrantes, incluindo novos financiamentos e um código de conduta para os navios que operam no Mediterrâneo.

O plano, apresentado no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, prevê "reforçar as capacidades das autoridades líbias por meio de um projeto de 46 milhões de euros elaborado conjuntamente com a Itália" e também elevar a ajuda à Itália com uma verba suplementar imediata de 35 milhões de euros.

Estas e outras ações serão debatidas numa reunião informal de ministros da União Europeia a ser realizada na quinta e na sexta-feira em Tallinn, capital da Estônia.

AS/afp/rtr/lusa

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