Áustria desiste de controles na fronteira com Itália
14 de maio de 2016
Com diminuição de fluxo migratório vindo da Itália, Viena dispensa controle em passagem fronteiriça nos Alpes. Roma deslocou cem policiais para barrar viagem de migrantes ao país vizinho.
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A Áustria desistiu nesta sexta-feira (13/05) de retomar, por enquanto, os polêmicos controles na fronteira com a Itália, após Roma conseguir reduzir o número de migrantes em direção ao país. Viena ameaçou reintroduzir a medida no Passo do Brennero para conter o fluxo migratório.
"O número de migrantes ilegais caiu para quase zero nas últimas semanas. Por isso, não é mais necessário retomar os controles no Passo do Brennero agora", disse o ministro austríaco do Interior, Wolfgang Sobotka.
O ministro afirmou que o reforço de controles em trens realizado por autoridades italianas, austríacas e alemães contribuiu para essa redução. Roma deslocou cem policiais adicionais para barrar a viagem de migrantes em direção à Áustria.
Um porta-voz do ministério austríaco do Interior disse, no entanto, que, como precaução, preparações para futuros controles continuam sendo realizadas.
O Passo do Brennero é o ponto de travessia mais importante dos Alpes para o trânsito de bens de grande volume. Viena ameaçou ainda construir uma cerca na região para conter o fluxo migratório.
O anúncio da retomada dos controles fronteiriços no local causou violentos protestos na região e tensões diplomáticas. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, classificou a proposta como uma "catástrofe política" para a Europa.
Diante das restrições fronteiriças em toda a chamada rota balcânica, Viena acredita que a chegada de migrantes à Itália por via marítima vai quase dobrar neste ano, subindo para 300 mil, e teme que grande parte desses se desloque para países do norte da Europa.
CN/afp/rtr
A miséria de refugiados no norte da França
Cerca de 2 mil imigrantes padecem no frio e na lama num acampamento perto da cidade portuária de Dunquerque. Enquanto esperam por uma oportunidade de rumar para o Reino Unido, eles dependem da ajuda de voluntários.
Foto: DW/B. Riegert
No meio da lama
Estima-se que um acampamento próximo à comuna de Grande Synthe, perto da cidade portuária de Dunquerque, no norte da França, abrigue 2 mil pessoas em pequenas tendas. À noite, o frio é intenso, e, quando chove, o local fica repleto de lama.
Foto: DW/B. Riegert
Persistência
Lizman vem da região curda do Iraque. "Em casa estamos em guerra", diz ele, que tem como objetivo chegar à Inglaterra. O iraquiano montou um café numa das barracas do acampamento, onde os jovens matam o tempo.
Foto: DW/B. Riegert
Objetivo: Reino Unido
Para proteger a barraca da sujeira e do frio, o iraquiano Asis conseguiu um martelo emprestado. O jovem curdo quer atravessar o Canal da Mancha e chegar à Inglaterra. Para isso, ele teria que pagar até 5.000 euros a um traficante. "Tem que ser melhor do outro lado", espera.
Foto: DW/B. Riegert
Sopro de esperança
O número de crianças que vive no acampamento repleto de lixo e lama não é claro. Voluntários coletaram ursinhos de pelúcia e os distribuíram na "barraca das crianças".
Foto: DW/B. Riegert
Perspectivas
Uma criança perdeu esta boneca na lama. Da mesma maneira, a esperança de muitas pessoas acaba desaparecendo no acampamento. À noite é muito fria, e não há iluminação. Apenas alguns banheiros químicos e chuveiros funcionam.
Foto: DW/B. Riegert
Voluntários do Reino Unido
O britânico Chris Bailey serviu como soldado no Iraque. Agora ele ajuda migrantes que querem chegar ao seu país. "A situação aqui é pior do que a de alguns lugares que vi na guerra", diz o veterano. Ele distribui cobertores e botas de borracha que foram doadas.
Foto: DW/B. Riegert
Bem-vindos à França
Além de chá, Denise (à esq.) e Maryse oferecem um bom papo aos imigrantes. Elas moram em frente ao acampamento. Uma rua separa dois mundos completamente diferentes. "As autoridades não se importam", opina Denise. Muitos vizinhos querem que os migrantes saiam dali.
Foto: DW/B. Riegert
Onde está o governo?
Um voluntário batizou com nomes de políticos europeus algumas das vias que levam até o precário acampamento. Esta, por exemplo, é a "Avenida François Hollande", porque o governo francês não se importa com o local. A polícia não dá segurança alguma. Moradores relatam violência entre grupos de imigrantes, principalmente à noite.
Foto: DW/B. Riegert
Voluntários da Alemanha
O número de refugiados que chegam a Munique diminuiu. "Aqui nós seremos necessários", diz Sinan von Stietencron da Volxküche München, iniciativa que distribui alimentos a migrantes na cidade alemã. Com a cozinha móvel, ele viajou com amigos da Baviera para o Canal da Mancha.
Foto: DW/B. Riegert
Emergência
A organização de ajuda humanitária Médicos sem Fronteiras (MSF) vacinou os moradores do acampamento contra sarampo e gripe. Especialmente as crianças acabam doentes, devido à umidade, ao frio e às péssimas condições de higiene. A MSF montou uma estação de emergência em Grande Synthe, a primeira unidade operacional da organização no coração da Europa.
Foto: DW/B. Riegert
Seguir adiante
Agachado dentro de sua barraca, Asim diz que fugiu do "Estado Islâmico" no Iraque. Ele se esforça para manter o pequeno espaço limpo e até oferece um chá para a repórter da DW. "Todos querem seguir adiante", diz o iraquiano.
Foto: DW/B. Riegert
A última estação
O porto de Dunquerque fica a 10 quilômetros do acampamento. As chances de conseguir chegar à Inglaterra partindo daqui são mínimas. Quase ninguém quer entrar com um pedido de asilo na França. O que fazer agora? Pagar um transporte clandestino para atravessar o Canal da Mancha? Recuar para a Bélgica ou Alemanha? Ou simplesmente esperar?