Áustria limita drasticamente entrada de refugiados
20 de janeiro de 2016
Governo austríaco aprova teto para requerentes de asilo e pretende acolher apenas 37 mil em 2016, menos da metade do que em 2015. Presidente alemão defende que limite seja discutido.
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O chanceler federal austríaco, Werner Faymann, anunciou nesta quarta-feira (20/01) que a Áustria planeja reduzir o número de refugiados que receberá em seu território neste ano. Em 2016, o país pretende acolher 37,5 mil, menos da metade dos 90 mil aceitos em 2015.
"Não podemos acolher todos os requerentes de asilo na Áustria, nem a Suécia e nem a Alemanha", disse Faymann, em Viena, após uma cúpula nacional sobre o tema. O chefe de governo afirmou ainda que o país pretende acolher no máximo 127,5 mil refugiados nos próximos quatro anos, o equivalente a 1,5% da população austríaca.
Faymann disse que essa decisão foi debatida minuciosamente com a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. O governo austríaco pretende ainda intensificar o controle nas fronteiras.
A Alemanha não quis comentar a decisão da Áustria. "O governo alemão continua defendendo uma solução europeia que vise a enfrentar as causas da fuga, para reduzir o número de refugiados significativamente e de maneira duradoura", afirmou o porta-voz Steffen Seibert.
Gauck faz alerta
A crise de refugiados também foi tema no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Durante o discurso de abertura, o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, alertou nesta quarta-feira sobre a ameaça de rachas na União Europeia (UE) diante do problema e defendeu um limite no número de refugiados.
"Queremos realmente que uma grande obra histórica, que trouxe paz e prosperidade para a Europa, seja destruída com a questão dos refugiados?", questionou Gauck. "Ninguém, realmente, ninguém pode querer isso", completou.
O presidente criticou duramente a falta de solidariedade na Europa com a crise. Segundo ele, uma limitação do fluxo de refugiados é moralmente justificável e pode ajudar na obtenção de aceitação.
"Se os democratas não quiserem falar sobre um limite, eles estarão cedendo espaço para populistas e xenófobos", disse o presidente.
Gauck afirmou ainda que a segurança das fronteiras externas não significa isolamento, mas controle e monitoramento. Além disso, ele criticou a retomada de controles nas fronteiras internas da Europa e reforçou que a perda da liberdade de circulação não é a solução.
"Schengen em perigo"
Com o avanço do fluxo migratório, vários países europeus que fazem parte do espaço Schengen retomaram o controle de passaportes em suas fronteiras, para tentar conter a migração. Na terça-feira, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, alertou sobre a ameaça à zona de livre-circulação, caso a crise de refugiados não seja solucionada em dois meses.
"As estatísticas do período natalino não são animadoras, com mais de 2 mil migrantes chegando à União Europeia por dia", afirmou Tusk para parlamentares em Estrasburgo. Segundo o polonês, a cúpula europeia que acontecerá em meados de março será o último momento para verificar se a estratégia do bloco está funcionando.
"Se não estiver, enfrentaremos consequências graves, como o colapso da Schengen", completou Tusk. O espaço de livre-circulação abrange 26 países do bloco e existe desde 1985.
CN/dpa/epd/afp/rtr
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.