1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
ConflitosSíria

Áustria oferece mil euros para retorno de refugiados sírios

13 de dezembro de 2024

"A Áustria apoiará os sírios que desejam retornar ao seu país de origem. A Síria agora precisa de seus cidadãos para ser reconstruído", disse o conservador chanceler austríaco, Karl Nehammer.

O chanceler federal austríaco Karl Nehammer
O chanceler federal austríaco, Karl Nehammer, quer incentivar refugiados a retornarem à SíriaFoto: JOHN THYS/AFP

O chanceler da Áustria, Karl Nehammer, afirmou nesta sexta-feira (13/12) que o país vai oferecer um "bônus de retorno" de 1.000 euros (R$ 6,3 mil) para que refugiados sírios voltem ao seu país de origem após a queda do ditador Bashar al-Assad.

Ele também manteve a suspensão de análise sobre pedidos de refúgio de cidadãos sírios, congelada desde a última segunda-feira. Caminho similar foi tomado pela Alemanha e outros países europeus.

"A Áustria apoiará os sírios que desejam retornar ao seu país de origem com um bônus de retorno de 1.000 euros. O país [Síria] agora precisa de seus cidadãos para ser reconstruído. Os procedimentos de asilo em andamento para cidadãos sírios na Áustria continuarão suspensos", escreveu o político conservador em sua conta pessoal no X.

Os sírios são o maior grupo de solicitantes de refúgio na Áustria. Segundo as Nações Unidas, entre 2015 e 2024, quase 87 mil receberam status de refugiado no país europeu, enquanto outros 17,5 mil têm proteção temporária. 

Deportação forçada 

Conhecido por sua posição linha-dura no tema da imigração, Nehammer foi um dos primeiros líderes mundiais a reagir à queda de Assad no último domingo, quando indicou, no mesmo dia, que a Áustria avaliaria a situação de segurança na Síria e a possibilidade de deportação forçada de refugiados.

Para o Comissário de Assuntos Internos e Migração da União Europeia, Magnus Brunner, porém, forçar o retorno de sírios no momento é impossível e seria prematuro. 

As forças rebeldes sírias lideradas pelo grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) nomearam um primeiro-ministro interino para liderar o país até março e prometeram instituir um "Estado de direito". Mas as raízes jihadistas do HTS criaram incerteza sobre o futuro do país. "Por enquanto, eu diria que o retorno forçado não é possível", disse Brunner em uma coletiva de imprensa na quarta-feira. 

"Como a situação ainda é volátil, temos que nos concentrar nesses retornos voluntários", completou. Segundo a ONU, mais de um milhão de pessoas se deslocaram no território sirio desde a queda do regime de Assad, parte delas vindas de países vizinhos, como a Turquia.

Quantos cidadãos aceitarão a oferta austríaca, porém, ainda é uma incógnita, já que o bônus oferecido pelo governo pode nem mesmo cobrir o custo da passagem de retorno. 

A empresa nacional de aviação, Austrian Airlines, suspendeu seus voos para a região devido à insegurança, mas um bilhete de classe econômica de ida para Beirute, ponto de partida comum para aqueles que seguem por terra até Damasco, atualmente custa pelo menos 1.066 euros (R$ 6.752). 

Pauta anti-imigração cresce na Europa

Como muitos líderes conservadores na Europa, Nehammer sofre pressão da ultradireita por políticas mais incisivas contra a migração. Na Áustria, este grupo é representado pelo Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), que venceu as eleições parlamentares em setembro, com 29% dos votos. Apesar de não compor a coalizão federal, a forte presença da sigla no parlamento tem dado espaço para a pauta anti-imigração. 

Na Alemanha, políticos de diversos partidos, desde a ultradireitista Alternativa para a Alemanha, até a conservadora  União Democrata Cristã (CDU). O principal argumento usado é o de que estes refugiados não precisam mais fugir de um regime que deixou de existir.

gq (DW, reuters, AFP)