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Áustria quer desapropriar casa natal de Hitler

9 de abril de 2016

Temendo que lugar vire ponto de peregrinação de neonazistas, governo tentou durante anos comprar o imóvel, desocupado desde 2011. Receio é que prédio em Braunau am Inn seja alugado por ativistas de extrema direita.

Foto: dapd

O governo da Áustria pretende desapropriar a casa onde nasceu o ditador Adolf Hitler para impedir que prédio se torne local de peregrinação de neonazistas. A decisão foi tomada após o governo tentar, durante anos, comprar o imóvel, desocupado desde 2011.

Hitler nasceu em 20 de abril de 1889 na casa em Braunau am Inn, perto da fronteira alemã, e apesar de sua família ter morado lá apenas três anos, seu legado traz um enorme peso à cidade de 16 mil habitantes.

O porta-voz do Ministério do Interior austríaco, Karl-Heinz Grundböck, afirmou que, para expropriar o edifício, é necessária uma lei, a ser aprovada pelo Parlamento, onde os deputados da coalizão de governo, entre social-democratas e conservadores, têm maioria absoluta. Grundböck não deu detalhes sobre quando a lei poderá ser votada.

A casa é hoje propriedade de uma vizinha, mas, desde 1972, o Ministério do Interior a tem alugado e sublocado à administração local por cerca de 5 mil euros por mês, uma quantia com que a prefeitura de Branau afirma não poder mais arcar.

Prédio já abrigou biblioteca

O imóvel foi objeto de uma lei de preservação histórica em 1938, após ter sido comprado pelo regime nazista alemão. Depois de ter sido devolvida à família Pommer em 1952, a casa passou a ser de propriedade de Gerlinde Pommer em 1977.

O edifício já abrigou uma biblioteca, um banco, e mais recentemente, um centro para pessoas com deficiências, que se mudou do lugar em 2011, depois de a proprietária não permitir a realização de obras para melhorar a acessibilidade.

Desde então, há o um debate sobre o que fazer com a propriedade, se cabe transformar a casa em memorial para lembrar seu passado ou não.

Foto histórica da casa natal de Hitler, em Braunau am InnFoto: picture-alliance/dpa

A administração local tem repetidamente manifestado receios de que organizações neonazistas possam alugar secretamente o prédio, convertendo a cidade em um centro de peregrinação para militantes de extrema direita.

No momento não há muitas referências ao passado da casa, pintada da cor amarela, apenas uma pedra de granito, vinda da pedreira do campo de concentração de Mauthausen, colocada ali em 1989, por ocasião do centenário do nascimento de Hitler. "Pela paz, liberdade e democracia. Fascismo nunca mais. Milhões de mortos servem de advertência", diz a mensagem cravada na rocha.

Em 2012, a Áustria retirou o túmulo dos pais de Hitler em Leonding, no sudoeste da Áustria, depois de alegações de que ele havia se tornado um local de peregrinação para extremistas de direita, após serem encontrados símbolos nazistas no local.

Em janeiro de 2015 o Ministério do Interior austríaco já sinalizava que planejava a desapropriação da casa, enquanto outras vozes da sociedade civil pediam que ela fosse demolida, para acabar com qualquer vestígio do passado de Hitler.

MD/efe/rtr

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