Comissão de especialistas do governo austríaco se nega a devolver "Friso de Beethoven", uma das obras mais importantes do austríaco Gustav Klimt, roubada pelos nazistas de seus antigos proprietários.
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Um dos tesouros artísticos mais preciosos da Áustria deverá permanecer no país, depois que uma equipe de especialistas do governo recusou os pedidos de restituição feitos pelos herdeiros dos antigos proprietários judeus do ciclo de pinturas Friso de Beethoven, de Gustav Klimt (1862-1918).
O Conselho de Restituição de Arte recomendou "por unanimidade não restituir o Friso de Beethoven de Gustav Klimt para os herdeiros de Erich Lederer", afirmou seu presidente, Clemens Jabloner, nesta sexta-feira (06/03), em Viena.
Pintado em 1901, o afresco de 34 metros de comprimento e dois metros de altura é considerado uma peça central do Art Nouveau vienense. Antes de ser roubado pelos nazistas, pertencia à família Lederer.
Depois do final da Segunda Guerra, a família recebeu o friso de volta, mas não estava autorizada a levar a pintura para fora da Áustria. No início dos anos 1970, no entanto, o colecionador Erich Lederer vendeu a obra de Klimt para o governo austríaco por 750 mil dólares.
Devolução de obras de arte
O ponto central da discussão era saber se essa venda foi feita sob pressão. De acordo com a comissão de especialistas, esse não foi o caso, já que deveria haver uma relação mais estreita entre o processo de exportação e a venda da pintura, afirmou Jabloner.
Segundo o presidente do Conselho de Restituição de Arte, no início da década de 1970, Lederer teve a oportunidade de tirar a pintura do país, já que o processo de proibição de exportação ainda não havia sido finalizado.
O advogado de uma parte dos herdeiros afirmou que vai recorrer judicialmente da decisão. "Estamos agora considerando levar o caso para a Corte Europeia de Direitos Humanos ou para os Estados Unidos", afirmou Weber.
Desde que a Áustria aprovou uma lei, na década de 1990, relativa à restituição de um grande número de obras de arte roubadas pelos nazistas, milhares delas foram devolvidas aos devidos herdeiros – inclusive pinturas de grande valor, como obras de Klimt (1862-1918).
O caso recente mais conhecido é o de Maria Altmann. Após longa batalha judicial, a herdeira assegurou a restituição de cinco pinturas de Klimt em 2006. Entre elas, estava o famoso Retrato de Adele Bloch Bauer 1, que foi leiloado mais tarde por 135 milhões de dólares.
CA/afp/dpa
Quadros do "Tesouro de Munique"
Grande parte da coleção de obras de arte do negociador Hildebrandt Gurlitt, apreendida na residência de seu filho Cornelius, em Munique, pode ser vista na internet.
Foto: picture-alliance/dpa
Henri Matisse (1869-1954)
Fotografias de obras de arte do "Tesouro de Munique" como "Mulher sentada", do pintor francês Henri Matisse, foram publicadas na plataforma lostart.de. Os quadros foram confiscados do apartamento de Cornelius Gurlitt em 2012 e são suspeitos de terem sido extorquidos de proprietários judeus pelo regime nazista.
Foto: Staatsanwaltschaft Augsburg
Marc Chagall (1887-1985)
Também a "Cena alegórica", do famoso pintor francês Marc Chagall foi encontrada entre as obras confiscadas. O chamado "poeta entre os pintores", de origem russo-judaica, é considerado um dos mais importantes artistas do século 20. Seu trabalho é associado ao estilo expressionista.
Foto: Staatsanwaltschaft Augsburg
Wilhelm Lachnit (1899-1962)
O pintor alemão Wilhelm Lachnit realizou a maior parte de seus trabalhos na cidade de Dresden. Sua arte era voltada contra o nazismo. Em 1933, sua obra, qualificada como "arte degenerada", foi confiscada e o pintor, preso. Durante os bombardeios a Dresden em 1945, a maior parte de seu trabalho foi destruída. Agora, algumas de suas obras ressurgem, como é o caso de "Menina à mesa".
Foto: Staatsanwaltschaft Augsburg
Otto Griebel (1895-1972)
A obra do alemão Otto Griebel é classificada como pertencente ao movimento artístico Nova Objetividade. Após a Primeira Guerra Mundial, ele se afiliou ao Partido Comunista alemão e mais tarde fundou o "Grupo Vermelho", em Dresden. Sua arte "proletária-revolucionária" não agradava os nazistas. Ele foi preso em 1933 e sua obra foi qualificada de "arte comunista". Aqui, o quadro "Mulher de véu".
Foto: Staatsanwaltschaft Augsburg
Erich Fraass (1893-1974)
O pintor Erich Fraass é da chamada "geração perdida" de artistas alemães, cuja arte foi amplamente reprimida e proibida pela propaganda nazista. Ele pertencia à direção do grupo "Nova Secessão de Dresden", dissolvido pelos nazistas em 1934. "Mãe e filho" também consta do acervo de Gurlitt.
Foto: Staatsanwaltschaft Augsburg
Ludwig Godenschweg (1889-1942)
Ludwig Godenschweg era escultor e gravurista. Além desta sua gravura, "Retrato de um homem", também foi encontrada na casa de Gurlitt a obra "Nu feminino". Segundo o jornal "Die Zeit", ambas podem ter sido confiscadas da coleção do advogado Fritz Salo Glaser, de Dresden. Seus herdeiros reclamam agora a posse das obras.
Foto: Staatsanwaltschaft Augsburg
Fritz Maskos (1896-1967)
Pouco se sabe sobre o escultor alemão Fritz Maskos, autor de "Mulher contemplativa". Tido como artista controverso, ele criou obras como a escultura de bronze "O líder". Sua obra "Sonâmbulo" foi exposta em 1938 em Berlim como "arte degenerada". Seu pastel "Natureza morta do fim do verão" pôde ser vista na Grande Exposição de Dresden, em 1943.
Foto: Staatsanwaltschaft Augsburg
Edvard Munch (1863-1944)
Diversas obras do pintor norueguês Edvard Munch foram encontradas na coleção de Gurlitt. O artista influenciou o Expressionismo e o Modernismo. Seu trabalho mais famoso, "O grito", foi roubado em 2004 do museu de Oslo e recuperado em 2006. A obra "Noite, melancolia I" é datada de 1896.
Foto: Staatsanwaltschaft Augsburg
Franz Marc (1880-1916)
O guache "Paisagem com cavalos", de Franz Marc, é uma das 11 obras do "Tesouro de Munique" apresentadas pela primeira vez publicamente numa coletiva de imprensa em Augsburg.
Foto: Christof Stache/AFP/Getty Images
Otto Dix (1891-1969)
Autorretrato cuja existência era, até então, totalmente desconhecida, não tendo sido publicado nem no catálogo de obras do artista alemão nem em qualquer outro lugar. Estima-se que date de 1919, contando, portanto, entre as raras obras que Otto Dix realizou depois da Primeira Guerra Mundial.
Foto: Reuters
Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938)
Xilogravura "Menina melancólica", também apreendida no apartamento do Cornelius Gurlitt, em Munique, encontrava-se originalmente no Salão de Arte de Mannheim.
Foto: Reuters
Antonio Canaletto (1697-1768)
O achado histórico no bairro de Schwabing não inclui apenas pinturas modernistas. Os investigadores e a historiadora de arte Meike Hoffmann também apresentaram uma paisagem do italiano do século 18 Giovanni Antonio Canal, apelidado Canaletto.
Foto: Staatsanwaltschaft Augsburg/dpa
Gustave Courbet (1819-1877)
Esta "Garota com cabra" do realista francês foi confiscada pelos nazistas e leiloada apenas em 1949, informou a historiadora de arte Meike Hoffmann. Portanto, só após a Segunda Guerra Mundial o quadro de Courbet entrou para a coleção Gurlitt.
Foto: Reuters/Michael Dalder
Max Liebermann (1847-1935)
"Dois cavaleiros na praia". Outros desenhos e esboços do principal representante alemão do Impressionismo também integram o "Tesouro de Munique".
Foto: Reuters
Max Beckmann (1884-1950)
Esse "Domador de leões" da coleção de Gurlitt já fora descoberto dois anos atrás numa casa de leilões em Colônia. Ele pertencia provavelmente ao marchand judeu Alfred Flechtheim, que abandonou todo seu acervo ao fugir da Alemanha. Seus herdeiros reivindicam o quadro.