Áustria sinaliza fim de pacto migratório UE-Turquia
5 de novembro de 2016
Ministro da Defesa austríaco afirma que União Europeia deve se preparar para final de acordo sobre refugiados com Ancara. Político alerta que Turquia está "caminhando diretamente em direção a uma ditadura".
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De acordo com o governo austríaco, o acordo fechado entre a União Europeia (UE) e a Turquia para conter o grande afluxo de refugiados em direção ao continente europeu pode estar perto do fim. Em entrevista ao jornal alemão Bild, o ministro da Defesa em Viena, Hans Peter Doskozil, declarou neste sábado (05/11) que o bloco deve se preparar para tal cenário.
"Eu sempre disse que o acordo UE-Turquia só deveria funcionar como uma transição até que a UE fosse capaz de proteger eficazmente suas fronteiras externas, contendo assim o fluxo de refugiados", disse Doskozil ao jornal.
De acordo com o Bild, o ministro social-democrata convidou os colegas de pasta de países da Europa Central para discutir, nesta segunda e terça-feira, a crise migratória, tendo em conta a recente onda de prisões na Turquia.
"Queremos enviar um sinal claro de que estamos nos preparando para que a Turquia rescinda completamente o acordo", declarou Doskozil. Segundo ele, o objetivo prioritário da UE é reduzir o número de refugiados que chegam ao continente.
Há apenas dois dias, o ministro do Exterior turco, Mevlüt Cavusoglu, ameaçou novamente anular o acordo antes do fim do ano se a exigência da isenção de vistos para cidadãos turcos na UE não for atendida em breve.
O ministro austríaco disse ver a Turquia "caminhando diretamente em direção a uma ditadura". Doskozil exortou a liderança política em Ancara a cuidar de seus próprios problemas. "Não vamos mais nos deixar ameaçar", acrescentou.
CA/rtr/dpa/ots
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.