Áustria suspende obrigatoriedade de vacina contra covid-19
9 de março de 2022
Lei havia entrado em vigor há pouco mais de um mês, por temores de sobrecarga do sistema de saúde devido à variante ômicron. Situação será reavaliada em 90 dias.
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O governo da Áustria anunciou nesta quarta-feira (09/03) a suspensão da lei de vacinação obrigatória contra a covid-19, pouco mais de um mês após sua entrada em vigor.
"Decidimos seguir o conselho da comissão de especialistas", anunciou a ministra austríaca de Assuntos Constitucionais, Karoline Edtstadler, durante uma conferência de imprensa em Viena.
A vacinação obrigatória contra a covid-19 foi imposta em 6 de fevereiro para todos os residentes na Áustria maiores de 18 anos, com exceção dos recuperados recentemente da doença, mulheres grávidas e pessoas com alergias comprovadas.
Na época em que a lei entrou em vigor, cerca de 75% da população austríaca estava vacinada contra a covid-19, índice considerado insuficiente pelo então ministro da Saúde austríaco, Wolfgang Mückstein, para combater com eficácia uma nova onda do coronavírus.
Apesar de estar em vigor desde fevereiro, somente a partir de 15 de março é que começaria a fiscalização sobre os habitantes, com as autoridades verificando de forma aleatória o cumprimento da nova lei. Para quem não comprovasse a imunização, a multa poderia chegar a 3.600 euros.
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Estratégia não surtiu efeito esperado
A Áustria foi o primeiro país da União Europeia (UE) a exigir a vacinação obrigatória. Em princípio, o governo austríaco considerava a estratégia uma ferramenta útil para evitar a sobrecarga do sistema de saúde.
No entanto, uma vez que a infecção com a variante ômicron do coronavírus leva mais frequentemente a cursos leves da doença do que outras variantes, a lei agora foi considerada desproporcional.
Esperava-se também que a decisão de tornar compulsória a vacina aumentasse a taxa de imunização. No entanto, esse efeito não se concretizou. Desde o início de fevereiro, apenas cerca de 26.000 pessoas se vacinaram – índice bastante baixo para um país de cerca de 9 milhões de habitantes.
O governo austríaco deixou claro que não descarta voltar a tornar a vacina obrigatória, caso uma nova variante ameace sobrecarregar o sistema de saúde no futuro. Por essa razão, a suspensão da vacinação obrigatória será revista em três meses, de acordo com o novo ministro da Saúde, Johannes Rauch, que assumiu o cargo nesta terça-feira.
Fim das restrições
A Áustria também suspendeu amplamente suas restrições para conter a disseminação do coronavírus, apesar das taxas de incidência persistentemente altas.
Desde sábado, as pessoas podem frequentar hotéis, restaurantes e bares sem precisar comprovar a vacinação ou testes negativos. O toque de recolher noturno também foi suspenso, e não há mais limite de participantes em eventos.
A obrigatoriedade do uso de máscara FFP2 está agora limitada a hospitais, transportes públicos e algumas lojas.
Na Alemanha, a vacinação obrigatória ainda está em debate. A votação sobre o caso deve ocorrer somente no começo de abril no Bundestag (Parlamento).
le/ek (Lusa, AFP, DPA, APE, Reuters)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine