"É ingênuo achar que vamos erradicar o coronavírus"
26 de fevereiro de 2021
Autoridade epidemológica da Alemanha afirma que humanidade terá de aprender a conviver com a covid-19 e se proteger através da vacinação: "O vírus não vai embora".
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O novo coronavírus não será eliminado, e a humanidade terá de aprender a conviver com ele buscando se proteger por meio da vacinação, disse o chefe do Instituto Robert Koch (RKI), a autoridade alemã para o controle e a prevenção de doenças infecciosas, nesta sexta-feira (26/02).
"Este vírus não vai embora", disse Lothar Wieler em entrevista coletiva. "Evidentemente, viveremos com o vírus. Vamos eliminar a gravidade da doença por meio da vacinação e da imunidade e nos proteger dela, mas não conseguiremos erradicá-la. É uma idealização ingênua."
O chefe do RKI alertou a população a ficar vigilante na manutenção do distanciamento social, uma vez que há o risco de que seja desfeito o progresso no controle dos números de novas infecções, além do perigo de desencadear uma terceira onda da epidemia de covid-19.
"Junto com os desenvolvimentos positivos, estamos vendo alguns sinais claros de mudanças na tendência", afirmou Wieler, em entrevista coletiva ao lado do ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn.
O ministro enfatizou que a campanha de vacinação na Alemanha está apresentando "os primeiros sinais de sucesso". Até agora, a grande maioria das pessoas do grupo prioritário aceitou ser vacinada. Em alguns estados, um percentual considerável dos residentes com mais de 80 anos de idade já recebeu a vacina.
E o risco de contrair a covid-19 diminuiu significativamente para este grupo. Segundo Spahn, a taxa de incidência de sete dias para pessoas com mais de 80 anos era de 200 por grupo de cem mil habitantes em fevereiro, mas agora gira em torno de 70.
Spahn afirmou também que consultórios médicos devem fazer parte da campanha de vacinação o quanto antes. Ele informou que foram realizadas conversas com atacadistas, médicos e farmácias para discutir a logística e a remuneração.
Ao contrário da tendência de queda entre os cidadãos com mais de 80 anos, a taxa de incidência de sete dias por cem mil habitantes apresentou um leve aumento. O último relatório do RKI apontou para uma taxa de 62,6 em todo o país – no dia anterior, estava em 61,7.
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Preocupação com variantes e pedido por vacinação
O RKI registrou 9.997 novas infecções de covid-19 nas últimas 24 horas, além de 394 óbitos relacionados à doença. Há exatamente uma semana, o instituto havia reportado 9.113 novas infecções e 508 mortes.
O chefe do RKI também alertou que a variante britânica – a B117 – tem se espalhado rapidamente pela Alemanha e que ela "é muito mais perigosa, para todas as faixas etárias".
Assim como havia feito o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, no dia anterior, Wieler também pediu aos cidadãos que não recusem uma vacina. Depois de um início lento, o ritmo da vacinação na Alemanha está em ascensão. No entanto, o ceticismo prevalece entre alguns cidadãos, especialmente quanto à vacina da farmacêutica AstraZeneca.
Recentemente, autoridades alemãs expressaram crescente preocupação com o número de doses do imunizante da AstraZeneca encalhadas nos centros de vacinação. A vacina de Oxford não está liberada para pessoas com mais de 65 anos na Alemanha, e atualmente estão sendo vacinadas no país pessoas acima de 80 anos de idade e profissionais de áreas consideradas de risco, como funcionários de instalações médicas de alto risco de exposição, assim como de asilos.
pv (rtr, ots)
Onde se escondem os coronavírus
Vírus por toda parte! Talvez no tomate, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o Sars-Cov-2.
Foto: picture-alliance/Kontrolab/IPA/S. Laporta
Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Como todas as infecções por gotículas, o Sars-Cov-2 se propaga por mãos e superfícies tocadas com frequência. Embora seja ainda relativamente desconhecido, os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus.
Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho – se ainda estiver funcionando. Em princípio, coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-Cov-2 por esse meio de transmissão".
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Medo de importados?
Ainda segundo o BfR, os pais não precisam temer um contágio através de brinquedos importados. Até o momento não pôde ser comprovado nenhum caso desses. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta umidade atmosférica.
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Vírus pelo correio?
Em geral, coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e umidade, o BfR considera "antes improvável" um contágio por pacotes de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-Cov-2.
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Pingue-pongue entre cão e dono?
Meu cachorro pode me contagiar e eu a ele? Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excreções.
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Verduras assassinas?
Igualmente improvável é a transmissão do Sars-Cov-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR, não sendo conhecidos casos comprovados. Lavar cuidadosamente as mãos antes do preparar da refeição continua sendo mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
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Longa vida no gelo
Embora os coronavírus Sars e Mers conhecidos até o presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-Cov-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
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Animais silvestres são tabu
Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens. Há fortes indícios de o novo coronavírus ter sido transmitido aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria, certamente contra a própria vontade. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"...