A disposição ao acordar está ligada aos diferentes estágios do sono. Se você tem dificuldade para levantar ao ouvir o despertador, saiba por que pode ser melhor dormir sete horas e meia do que oito.
Anúncio
Além de alimento, água e oxigênio, precisamos do sono para sobreviver e manter nossa saúde física, cognitiva e emocional. Diz o senso comum que o ideal é dormir oito horas por noite, o que significa que uma pessoa passa cerca de um terço da vida na cama. Mas nem sempre dormir menos do que oito horas implica estar mais cansado durante o dia.
A disposição ao acordar está relacionada com as diferentes fases do sono. Há basicamente dois estágios: o sono com atividade cerebral mais lenta, ou sono não REM (sigla em inglês para movimento rápido dos olhos), e o sono REM – quando os músculos relaxam-se ao máximo, os olhos se movimentam rapidamente e ocorrem os sonhos.
Os sonos REM e não REM costumam se alternar ciclicamente durante a noite. Juntos, eles formam um ciclo completo, que dura em média 90 minutos e se repete de quatro a seis vezes. A duração e composição desses ciclos podem ser alteradas por fatores como idade, ingestão de drogas ou doenças, ressalta o Instituto do Sono, de São Paulo.
O sono não REM é dividido em três fases: N1 (transição para o sono), que dura cerca de cinco minutos; N2 (sono leve), que dura de 10 a 25 minutos; e N3 (sono profundo). O N3 é o estágio de sono mais profundo, com o fluxo sanguíneo se deslocando do cérebro para os músculos para restaurar a energia física.
A quantidade de tempo que uma pessoa passa em cada estágio do sono muda ao longo da noite. A maior parte do sono profundo ocorre na primeira metade da noite, e, mais tarde, a fase REM se torna mais longa.
Múltiplos de 90 minutos
Mesmo que você teoricamente tenha dormido o suficiente, pode ser muito difícil se levantar se seu despertador tocar durante a fase N3. De acordo com a plataforma Helpguide.org – que reúne especialistas em saúde mental –, o ideal seria definir uma hora para acordar que seja múltipla de 90 minutos, o que equivale à duração média de um ciclo de sono.
Por exemplo, se você for para a cama às 22h, coloque seu despertador para as 5h30 (7 horas e meia de sono) em vez de para as 6h ou 6h30. Você provavelmente vai se sentir mais disposto às 5h30 do que se dormisse mais 30 ou 60 minutos porque acordaria ao fim de um ciclo de sono, quando seu corpo e seu cérebro já estão próximos do chamado estado de vigília.
Seguindo esse princípio, o site sleepyti.me calcula a que horas você deve dormir ou acordar para se sentir disposto. Por exemplo, se você digitar que precisa acordar às 8h, o site sugerirá que você durma às 23h, às 00h30, às 2h ou às 3h30. "Atente ao fato de que você deve adormecer nesses horários. Em média, uma pessoa leva 14 minutos para adormecer, então, planeje de acordo", alerta o site.
De acordo com a Fundação Nacional do Sono dos EUA, a necessidade de sono varia de acordo com a idade e com o estilo de vida e a saúde. Em geral, a fundação recomenda de 7 a 9 horas de sono para adultos entre 18 e 64 anos, mas afirma que, em alguns casos, 7 horas podem ser suficientes. Já os mais velhos, acima dos 65, precisariam apenas de 7 a 8 horas – ou de 5 a 6, em alguns caso –, enquanto um recém-nascido precisa dormir de 14 a 17 horas por dia.
A importância do sono profundo
Entretanto, não importa apenas quantas horas você passa na cama, mas também a qualidade do sono. Se você dorme várias horas, mas ainda tem problemas para despertar ou ficar acordado durante o dia, "pode ser que você não esteja passando tempo suficiente nos diferentes estágios de sono", diz a Helpguide.org. Os estágios N3, de sono profundo, e REM, são particularmente importantes. Em linhas gerais, o primeiro descansa o corpo e o segundo, o cérebro.
O sono profundo é um período em que o corpo se renova e armazena energia para o dia seguinte. Portanto, os piores efeitos da falta de sono advêm da má qualidade do sono profundo. Alguns fatores que podem influenciar o sono profundo são: ser acordado no meio da noite, por um barulho, por exemplo; trabalhar em turnos noturnos, pois pode ser difícil dormir profundamente durante o dia devido à claridade e ao barulho; fumar e beber antes de dormir.
Já o sono REM é de extrema importância para a memória e a cognição. Durante esse estágio, seu cérebro consolida as informações aprendidas durante a noite e forma novas conexões neurais, por exemplo. Para passar mais tempo no sono REM, a Helpguide.org aconselha a tentar dormir 30 minutos a mais pela manhã, quando esse estágio dura mais tempo.
Dicas para melhorar o sono
Tanto a Fundação Nacional do Sono dos EUA quanto o Instituto do Sono de São Paulo listam algumas dicas para dormir melhor:
Ter horários regulares para dormir e acordar, incluindo os fins de semana;
Fazer um ritual de relaxamento antes de se deitar;
Exercitar-se diariamente;
Regular a temperatura, o nível de ruídos e a claridade no seu quarto;
Dormir sobre um colchão e travesseiros;
Atentar para fatores como álcool e cafeína;
Desligar aparelhos eletrônicos antes de se deitar;
Se tiver dormido pouco nas noites anteriores, evite dormir de dia;
Jantar moderadamente e em horário regular.
Alimento e mito: o que realmente faz bem ou mal?
Saúde é também um pouco como moda. Vinho faz bem, colesterol mata, manteiga ou margarina? Saiba o que é bom ou não para sua saúde – hoje. Pois talvez amanhã o contrário seja verdade...
Foto: picture-alliance/dpa/T. Hase
Pense bem antes de comer biscoito de canela
Sim, a canela pode ser prejudicial. Um dos seus ingredientes – a cumarina – pode causar danos no fígado e nos rins. Mas isso não é motivo de grande preocupação, porque, por outro lado, há uma longa lista de alimentos que podem ajudar a evitar doenças. Pelo menos, é o que se pensa até hoje - porque a opinião de nutricionistas pode mudar rapidamente.
Foto: picture-alliance/dpa
Veneno ou antídoto?
"Causa câncer" ou "faz mal para os nervos" são algumas das frases que se costuma ouvir sobre o café. Porém, pesquisadores dizem que o café, na verdade, não é tão ruim assim quanto a reputação que carrega. E pode até diminuir o risco de câncer. Debate à parte, convém consumir com moderação.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Hase
Uma taça de vinho por dia
Álcool faz mal para a saúde, mas o vinho tinto contém moléculas benéficas, como o resveratrol e antocianinas. E agora? Beber ou não? Estudos epidemiológicos realizados durante anos sugerem que uma taça por dia é benéfica para as mulheres, enquanto para os homens, duas. Depois, as estatísticas mostraram que, nos EUA, aqueles que não bebem morrem mais cedo do que quem bebe com moderação.
Foto: Beboy/Fotolia
Velha rixa: manteiga x margarina
Anos atrás, a recomendação era evitar manteiga e comer apenas margarina. Ela contém menos ácidos graxos saturados do que a manteiga derivada do leite. Mas agora se alerta que a margarina é um produto artificial, inventado pela indústria de alimentos, portanto cheio de aditivos químicos.
Foto: picture-alliance/dpa
Vilão injustiçado
Quando alguém morria de doenças cardíacas ou de AVC, o culpado era o colesterol. Como ele entope os vasos sanguíneos, os médicos aconselhavam evitá-lo a qualquer custo. Alimentos como ovos, queijo e carne eram considerados especialmente perigosos. A verdade, porém, é que o corpo precisa de um pouco de colesterol, e até o produz. Mesmo assim, é importante não exagerar.
Foto: picture-alliance/dpa
Vitaminas congeladas
Muitos evitam comer legumes e verduras congelados, acreditando que eles tenham menos vitaminas do que os frescos. No entanto, vegetais congelados contêm mais nutrientes por serem processados diretamente após a colheita, em vez de ficar dias nas prateleiras dos supermercados, esperando para ser comprados.
Foto: PhotoSG - Fotolia
Peixe todo-poderoso
Há alguns anos, dizia-se que os ácidos graxos ômega-3 poderiam prevenir doenças como câncer, problemas cardiovasculares – e até mesmo déficit de atenção, hiperatividade e depressão. Os especialistas aconselhavam a ingestão diária de suplementos de ômega-3. De fato: esses ácidos graxos são importantes para algumas funções do corpo. Mas não trazem benefícios na maioria das doenças listadas.
Foto: Fotolia/joemakev
Excesso do que é bom também faz mal
Vitaminas são essenciais para o metabolismo. Então o que seria mais saudável do que tomar suplementos vitamínicos diariamente? Em especial de vitamina C, tida como proteção contra todos os tipos de doenças, inclusive resfriados. Só que até hoje nenhum estudo comprovou tais afirmativas. Na verdade, os suplementos vitamínicos podem até ser prejudiciais – pelo menos é o que se diz hoje em dia...
Foto: Fotolia
Beber sem ter sede?
A natureza é bem inteligente. Quando precisamos de água, temos sede. Mas alguém disse certa vez que se deve beber antes ter sede, pelo menos três litros por dia. A teoria talvez se baseie no fato de os idosos costumarem perder o senso de sede. Mas em condições normais, o corpo humano sabe muito bem avisar que está na hora de ingerir líquidos.
Foto: Fotolia/photo 5000
Bênção ou maldição do leite
O leite contém cálcio, que é bom para os ossos e o sistema imunológico. Isso é o que nos ensinaram. Mas um estudo sueco que vem sendo realizado há décadas sugere que quem bebe muito leite talvez morra mais cedo. Será que a responsável é a lactose? Ninguém sabe. Por enquanto, continue bebendo leite, mas com moderação.
Trigo: o novo vilão
Numerosos sites de nutrição alertam sobre os perigos do trigo, acusando-o de "inflamar o corpo, causar vazamento dos intestinos e desencadear doenças autoimunes". Certos médicos e autores dizem que trigo pode até causar calvície, alucinações e ideias suicidas. Apesar de não haver estudos que comprovem tais afirmativas, muitos têm abdicado do cereal que sustentava seus ancestrais.
Foto: Fotolia/st-fotograf
Nem tudo o que é orgânico é ouro
Se a comida normal contém química em excesso, como dizem, então a solução seriam os alimentos orgânicos, produzidos sem adubo químico ou substâncias "do mal". Porém estudos sugerem que os alimentos orgânicos não são mais ricos em nutrientes nem melhores do que os demais. São apenas mais caros.
Foto: picture-alliance/dpa
Equilíbrio é a chave
Independente do que digam todas as teorias e estudos, o estilo de vida realmente faz diferença. As estatísticas mostram claramente que fumar, beber demais e obesidade não são saudáveis, podendo até matar. Mas não se preocupe demais com os relatórios que louvam só um tipo de alimento ou outro. O que importa é o equilíbrio. Portanto, seja lá o que for, faça com moderação.