Heinrich Grossbongardt afirma que uma empresa aérea ser de baixo custo não significa que ela poupe em manutenção. Segundo ele, 80% das quedas de avião acontecem na decolagem ou na aterrissagem.
Anúncio
O voo 4U-9525, da empresa aérea alemã Germanwings, começou a cair um minuto depois de alcançar a velocidade de cruzeiro, quando sobrevoava os Alpes franceses. O avião perdeu altitude continuamente durante oito minutos, até, por volta das 10h50 desta terça-feira (24/03), chocar-se contra as montanhas, com 150 pessoas a bordo.
Segundo o especialista em aviação Heinrich Grossbongardt, acidentes durante o voo de cruzeiro são extremamente raros. A maioria dos casos, explica, acontece na aterrissagem ou na decolagem.
DW:O diretor executivo da Lufthansa, Carsten Spohr, falou em um "dia negro" para a companhia aérea, que é considerada segura. Qual é a sua impressão da situação?
Heinrich Grossbongardt: A Lufthansa é, de fato, uma companhia aérea segura numa comparação internacional, e o mesmo vale para suas subsidiárias, como a Germanwings. O acidente é incomum por ter acontecido em meio a excelentes condições de tempo e durante a fase de cruzeiro, que é, de longe, a mais segura do voo. É muito, muito raro que um acidente aconteça durante essa fase.
Acidentes geralmente acontecem durante a aterrissagem e os momentos que a antecedem, ou durante a decolagem e o período em seguida. Cerca de 80% dos acidentes acontecem durante essas duas fases.
É possível especular sobre a causa do acidente?
Não sabemos nada sobre a causa do acidente. Não há sequer um ponto de partida para especular. É preciso encontrar a caixa-preta.
O avião era um Airbus A320 de 24 anos. É uma idade normal para um avião de passageiros?
É totalmente normal. Aviões bem cuidados podem voar bem mais tempo. No fim, é sempre uma decisão econômica tirar um avião de serviço, mas grandes companhias aéreas, como a Lufthansa, têm um bom padrão de manutenção.
Tem alguma importância o fato de a Germanwings ser a subsidiária de baixo custo da Lufthansa?
Não, porque low-cost não significa falta de segurança e, sobretudo, não significa tentar poupar dinheiro com manutenção – pelo contrário. Empresas como a Germanwings dependem de seus aviões estarem sempre prontos para entrar em serviço. Cancelamentos e atrasos custam dinheiro, então é mais vantajoso investir em manutenção.
Qual é o próximo passo da Lufthansa?
Naturalmente, encontrar as vítimas, as gravações de voo, ocupar-se das famílias – as empresas e os aeroportos têm mecanismos para lidar com essa complicada parte dos negócios. As próximas semanas serão complicadas. Mas, como todas as outras grandes companhias aéreas internacionais, a Lufthansa está bem preparada para casos raros como esses.
A tragédia do voo da Germanwings
Um Airbus 320, que fazia a rota entre Barcelona e Düsseldorf, caiu nos Alpes franceses. Havia 144 passageiros, dois pilotos e quatro comissários a bordo. Não há sobreviventes.
Foto: Reuters/Diego Crespo/Moncloa
Copiloto derrubou avião
As gravações de áudio do cockpit indicam que o copiloto do voo 4U-9525 voluntariamente colocou o avião em rota de queda num momento em que o piloto havia se ausentado da cabine de comando. Andreas Lubitz, de 28 anos e nacionalidade alemã, não abriu a porta da cabine para que o piloto voltasse ao comando do Airbus A320.
Foto: picture alliance/landov
Sons dos últimos instantes
Em entrevista coletiva, o promotor de Marselha, Brice Robin, revela o conteúdo dos registros de áudio dos últimos minutos da aeronave. Até o avião se chocar contra o chão, "só era possível ouvir o som da respiração dele", informou, se referindo ao copiloto. "O tempo todo (da queda), ele não falou uma única palavra", acrescentou.
Foto: Pennant/AFP/Getty Images
Perplexidade
Thomas Winkelmann, presidente da Germanwings, e Carsten Spohr, presidente da Lufthansa durante entrevista coletiva. Executivos afirmam que notícia de que copiloto derrubou avião deixa empresa em estado de choque. "Não temos informação sobre o que teria motivado essa atitude terrível", afirmou Spohr. "Estamos diante de um enorme mistério."
Foto: Reuters/W. Rattay
Registros legíveis, apesar dos danos
Uma das caixas-pretas do Airbus 320 da Germanwings, encontrada no lugar da queda. Equipamento foi danificado pelo acidente. Porém, técnicos afirmaram que leitura de dados não ficou impossibilitada.
Foto: Reuters/BEA
Homenagem às vítimas
Presidente francês, François Hollande, chanceler alemã, Angela Merkel, e premiê espanhol, Mariano Rajoy, se encontraram em Seyne-les-Alpes e fizeram uma homenagem solene aos 150 mortos, nas proximidades da área onde o avião caiu.
Foto: Getty Images/P. Macdiarmid
Luto no colégio
Velas e cartaz com a pergunta "por quê"? expressam a consternação dos habitantes da pequena Haltern am See. Um grupo de 16 alunos e duas professoras de um colégio da cidade no norte da Alemanha retornava no voo acidentado da Germanwings de uma semana de intercâmbio na Espanha.
Foto: DW/J. Walter
Parentes buscam informações
Há muita tensão nos aeroportos de Barcelona e de Düsseldorf, onde parentes de passageiros buscam informações sobre o voo que caiu no sul da França. Equipes de atendimento emergencial estão de prontidão no aeroporto de Düsseldorf para dar assistência a parentes de vítimas. O aeroporto de Barcelona também colocou equipes à disposição de familiares.
Foto: DW/N. Martin
Líderes mobilizados
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, realizou um pronunciamento pela manhã. Ela afirmou que o acidente foi um "choque" e que viajará nesta quarta-feira ao local da queda da aeronave. Os governos de Alemanha, França e Espanha unirão esforços para ajudar no resgate e nos esclarecimentos sobre as causas da queda do voo 4U-9525.
Foto: Reuters/H. Hanschke
Contato perdido
De acordo com autoridades francesas, o avião emitiu um sinal de emergência às 10h47. O site flightradar24.com divulgou que o avião estava a 38 mil pés (11.582 metros), e o contato foi perdido a uma altura de 5 mil pés (1.524 metros).
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
Área de difícil acesso
O porta-voz do Ministério francês do Interior, Pierre-Henry Brandet, confirmou que os destroços do avião foram localizados a 2 mil metros de altitude, nos Alpes. Ele afirmou que as buscas e as operações de resgate devem ser "extremamente longas e difíceis", pois o acidente ocorreu em uma área remota.
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
Piloto tinha 6 mil horas de voo
O piloto tinha mais de dez anos de experiência e cerca de 6 mil horas de voo acumuladas. O Airbus 320 começou a cair um minuto depois de alcançar a velocidade de cruzeiro. O avião perdeu altitude continuamente durante oito minutos. Entre as vítimas há 67 alemães e 45 pessoas com sobrenome espanhol. A nacionalidade dos demais não foi divulgada.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen
Pilotos não enviaram sinal de alerta
Segundo as autoridades francesas, os pilotos não enviaram qualquer alerta aos controladores. "Foi o controlador que enviou um alerta, porque havia perdido contato com o avião, por volta das 10h30", disse um porta-voz da Direção Geral de Aviação Civil.
A Germanwings confirmou o número de passageiros e tripulantes a bordo do voo 4U-9525: 144 passageiros e seis tripulantes. Um grupo de 16 estudantes e dois professores de uma escola na cidade de Haltern estava a bordo.
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
De Barcelona para Düsseldorf
O Airbus 320 da Germanwings, subsidiária de baixo custo da Lufthansa, fazia o trajeto entre Barcelona, na Espanha, e Düsseldorf, na Alemanha. O acidente ocorreu na região Alpes-de-Haute-Provence, nos Alpes franceses. O avião seria uma das versões mais antigas do modelo A320 e teria sido entregue em 1990 pela Airbus para a Lufthansa.