"É preciso criar razões para as pessoas saírem de casa"
Mariana Franco Ramos de Curitiba
2 de março de 2018
Em entrevista à DW, arquiteto italiano Carlo Ratti fala sobre a importância de, mesmo num mundo cada vez mais digital, investir em iniciativas que fomentem a mobilidade.
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Eleito pela revista Wired uma das 50 pessoas capazes de mudar o mundo, o arquiteto e pesquisador italiano Carlo Ratti, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), foi uma das atrações do Smart City Expo Curitiba 2018, que terminou na última quinta-feira (1º).
Na disputadíssima palestra de abertura – até os corredores do salão estavam lotados -, ele falou sobre a importância de, mesmo num mundo cada vez mais digital, investir em iniciativas que fomentem a mobilidade.
Ratti é o responsável pelo conceito de "Cidades Sensíveis”, que utiliza em detrimento de "Cidades Inteligentes”, por dar mais ênfase ao lado humano.
"A interação humana, o uso de áreas verdes em prédios corporativos e a flexibilidade dos espaços públicos geram as experiências urbanas que definem as cidades sensíveis”, diz.
A DW entrevistou o arquiteto durante o evento em Curitiba.
DW: Toda cidade pode, de fato, se tornar uma cidade inteligente ou, em suas palavras, sensível?
Eu acho que a primeira onda de inovação urbana, que começou mais ou menos 20 anos atrás, trouxe a questão da digitalização. Hoje é sobre inovação, digital e física. E aqui está. Toda cidade pode aprender a usar isso em seus contextos locais. Ou seja, as soluções de uma para outra serão diferentes, mas a tecnologia por trás é similar.
Qual o primeiro passo?
É algo semelhante ao que está acontecendo hoje. Trata-se de falar e de ter uma discussão sobre a maneira como todas as tecnologias apresentam seus resultados. O importante é pensarmos juntos sobre a cidade que queremos construir amanhã; ter uma conversa como essa da Expo e outras similares, para definir a forma de moldar as cidades de amanhã.
Quais as coisas mais interessantes que as cidades inteligentes estão fazendo no momento?
São muitas as questões. Como são muitas cidades, elas se concentram em coisas diferentes. Singapura, por exemplo, está focada na mobilidade. Copenhague está se concentrando mais na estabilidade. Já Boston está voltada para a participação do cidadão. Então, diferentes cidades estão investigando coisas diferentes.
Como fazer para transformar as cidades em pontos de encontro?
Conhecendo as pessoas. Hoje temos tudo a pronta entrega. Você não precisa ir a uma loja física e comprar os produtos. É preciso criar novas experiências, fazer com que as pessoas tenham alguma razão para sair de casa, porque elas ainda querem se encontrar. Isso é o que você está vendo com a Expo.
Como você acha que as novas tecnologias estão influenciando a estética da arquitetura?
Eu acho que estão nos permitindo tornar nossas construções mais responsivas. Nós ainda precisamos pensar em como elas podem se transformar em nova estética. Mas, de qualquer forma, nos permitem muita experimentação; que as construções interajam entre si e, principalmente, interajam com as pessoas.
Seus projetos são muito responsivos e, como você colocou, permitem essa grande interação com as pessoas. Você acha que esse é o futuro da arquitetura?
Eu acho que o futuro da arquitetura vai ser realmente olhar para a arquitetura e a tecnologia como um todo e perceber como podemos interagir com isso, como podemos construir prédios que nos atendam melhor. Às vezes as pessoas dizem que a arquitetura é como uma terceira pele. Nós temos nossa própria pele, a pele das nossas roupas e a pele dos nossos prédios. Mas essa pele sempre foi muito rígida, quase intransigente. Eu penso que o interessante vai ser ver como os arquitetos vão, amanhã, se tornar bem mais fluidos e, às vezes, até incorporando isso aos seus conceitos e aos seus desenhos.
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Os templos da cultura na Alemanha
Sejam museus ou salas de concertos, residências barrocas ou mesmo minas desativadas, os mais diferentes tipos de locais se dedicam à cultura na Alemanha. Apresentamos 13 dos mais notáveis.
Foto: picture-alliance/ZB/K. Schindler
Castelo barroco de Würzburg
No castelo Würzburger Residenz, projetado por Balthasar Neumann, está o maior afresco de teto contínuo do mundo, uma obra do pintor barroco Giovanni Battista Tiepolo. O prédio que abriga o Festival Mozart está na lista de patrimônios mundiais da Unesco.
Foto: picture-alliance/dpa
Ilha dos Museus em Berlim
Um dia é pouco para visitar os cinco prédios na Ilha dos Museus, que também é patrimônio mundial da Unesco, como o prédio do Museu Bode, da foto. Os acervos cobrem desde a pré-história até a arte do século 19. Uma das principais atrações é o Altar de Pérgamo, da Antiguidade, e que devido a uma completa restauração só será reaberto em 2019.
Foto: picture-alliance/ZB/K. Schindler
Teatro do Festival de Bayreuth
A intenção inicial era que fosse uma sede provisória de madeira, que seria queimada após a encenação da tetralogia "O anel do Nibelungo", de Richard Wagner. O prédio, no entanto, continua de pé desde 1876, e ali acontece o Festival de Bayreuth. A construção idealizada por Wagner em pessoa está passando por uma reforma, cujos custos previstos, de 30 milhões de euros, já foram superados.
Foto: picture-alliance/dpa
Salão de festas Regentensaal
Antigamente, a cidade termal de Bad Kissingen recebia soberanos por causa de sua água de sabor levemente metálico. E quando ela já estava quase acabando, foi construído em 1913 o salão de festas Regentensaal, em estilo neobarroco. Semelhante ao Teatro do Festival de Bayreuth, todo o interior é revestido com painéis de madeira, o que contribui de forma especial para a qualidade acústica.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Ebener
Antiga mina Zollverein
A velha mina de carvão da cidade de Essen, que esteve ativa de 1851 a 1986, se tornou um monumento arquitetônico e industrial. Gastronomia, exposições, concertos, eventos e performances de todos os tipos acontecem hoje na "mina de carvão mais bonita do mundo". Entre 10 de janeiro e 10 de fevereiro de 2017, o site da antiga mina lista 97 eventos programados.
Foto: DW/S. Early
Igreja de São Tomás em Leipzig
Johann Sebastian Bach foi por 27 anos diretor musical da Igreja de São Tomás. Quando morreu, foi sepultado na capela-mor da igreja. Perto dali, ficam o Arquivo Bach e o Museu Bach, que atraem pesquisadores e amantes da música de todo o mundo. A cada ano, o Festival Bach atrai dezenas de milhares de pessoas, tanto às salas de concertos quanto para os eventos ao ar livre perto da igreja.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Grubitzsch
Ópera Estatal de Berlim
O prédio foi construído entre 1741 e 1743. A reforma já dura sete anos. A partir do final do ano, as obras deverão estar concluídas. O prédio fica em frente à Universidade Humboldt e ao lado da recém-fundada Academia Barenboim-Said.
Foto: Getty Images/B.Sax
Filarmonia do Elba
O novo símbolo de Hamburgo, com seu moderno telhado em forma de ondas, parece flutuar sobre um antigo armazém da zona portuária. Duas salas de concerto, um hotel, restaurante e apartamentos de luxo completam o prédio, que custou cerca de 770 milhões de euros.
Foto: picture-alliance/R. Goldmann
Ópera Semper em Dresden
A mais famosa casa de ópera da Alemanha fica no centro histórico de Dresden. É uma reconstrução fiel do prédio idealizado pelo arquiteto Gottfried Semper entre os anos de 1871 e 1878, em estilo eclético neobarroco. Após a destruição quase completa na 2ª Guerra, o novo prédio foi aberto em 1985, na então ainda Alemanha Oriental.
Foto: DW/K. Gomes
Teatro Nacional de Weimar
A escolha é para representar os muitos teatros tradicionais da Alemanha. O prédio no centro de Weimar é ao mesmo tempo palco de teatro falado e musicado, e é também a sede da Orquestra Estatal de Weimar. Na realidade, há apresentações em seis palcos distribuídos pela cidade, mas é na frente deste que estão as estátuas de Goethe e Schiller.
Foto: picture-alliance/dpa
Casa dos Festivais de Baden-Baden
O prédio com capacidade para 2.500 espectadores foi construído em 1998 junto a uma estação ferroviária do século 19. A casa de espetáculos não têm orquestra própria e abriga festivais em todas as estações do ano.
Foto: picture-alliance/dpa
Ópera Estatal da Baviera, em Munique
Na Alemanha existem mais de 80 companhias de ópera em tempo integral. Uma delas fica neste prédio na praça Max Joseph Platz de Munique. A Ópera Estatal da Baviera também é o principal local das apresentações do Festival de Ópera de Munique.