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CriminalidadeÍndia

Índia quer endurecer lei após caos aéreo causado por ameaças

22 de outubro de 2024

Mais de uma centena de voos de companhias aéreas indianas foram interrompidos após falsas ameaças de bomba. Ministro indiano atribuiu trotes a "menores" e defendeu endurecimento de leis.

avião da Air India
Mais de 170 voos operados por companhias aéreas indianas foram alvos de ameaças de bomba Foto: Almaas Masood/REUTERS

O governo da Índia anunciou nesta terça-feira (22/10) que planeja endurecer a legislação para punir com mais severidade autores de falsas ameaças de bomba, após o país ser palco nos últimos dias de uma onda de mensagens ameaçadoras atribuídas a adolescentes que provocaram caos no setor aéreo.

Até a tarde desta terça-feira, mais de 170 voos operados por companhias aéreas indianas haviam sido alvo de ameaças de bomba em pouco mais de uma semana, incluindo 80 na noite de segunda-feira.

Todas as ameaças se revelaram falsas, mas ainda assim elas causaram uma interrupção generalizada nos cronogramas das companhias aéreas, além de transtornos a milhares de passageiros.

Nesta terça-feira, outros cerca de 50 voos foram alvos de "trotes", incluindo rotas operadas pela Air India (13 voos), IndiGo (13), Akasa Air (12) e Vistara (11). Na noite de segunda-feira, três voos da IndiGo com destino a Jeddah foram desviados para outros aeroportos na Arábia Saudita e no Catar.

Na sexta-feira à noite, um voo da Vistara de Nova Déli para Londres foi desviado para Frankfurt, na Alemanha, após uma ameaça de bomba publicada na rede social X. Em Singapura e no Reino Unido, caças chegaram a ser enviados para escoltar aviões de companhias indianas que haviam recebido ameaças. Na semana passada, um voo da Air India também teve que pousar no Canadá –  país que mantém relações tensas com a Índia – após uma ameaça de bomba.

Na segunda-feira, em entrevista a um jornal local, um oficial de segurança da aviação civil da Índia descreveu o padrão das intimidações como repetitivo e coordenado. Segundo ele, o objetivo aparente é "perturbar o setor de aviação, criar pânico e manter as agências de segurança em alerta".

Índia está levando ameaças a sério, diz ministro

"Mesmo que as ameaças de bomba sejam farsas, essas coisas não podem ser ignoradas", disse na segunda-feira o ministro da Aviação Civil da Índia, Kinjarapu Ram Mohan Naidu, acrescentando que "segurança e proteção" são prioritárias e que os controles nos aeroportos foram reforçados.

O ministro acrescentou que o governo também planeja aprovar uma nova lei para incluir os infratores em uma lista de barrados de voar. Além disso, o governo planeja alterar a Lei de Aviação Civil de 1982 para que eles possam ser presos e investigados sem ordem judicial.

Até o momento, a grande maioria dos autores dos trotes não foram localizados. A polícia disse que só conseguiu efetuar uma prisão: um jovem de 17 anos do estado de Chhattisgarh, no leste da Índia, detido na última quarta-feira por suspeita de publicar mensagens ameaçadoras nos perfis de mídia social de várias companhias aéreas.

A polícia disse que o jovem publicou as ameaças para tentar falsamente implicar outra pessoa com quem ele estava envolvido em uma disputa comercial.

Ameaças de bomba atribuídas a "menores e pregadores de peças"

Na semana passada, o ministro Naidu atribuiu as recentes ameaças de bomba "a menores e pregadores de peças". Ele se recusou a confirmar se as ameaças partiram de uma única fonte, dizendo que uma investigação sobre a "situação muito delicada" ainda está em andamento.

"Queremos ser capazes de tomar medidas rigorosas [contra os autores das ameaças]", disse ele.

A série de ameaças ocorreu na semana em que o governo indiano comemorou o oitavo aniversário do plano de conectividade regional Udan, que em 2016 colocou em prática medidas para expandir o setor aéreo da Índia, como novos aeroportos e rotas e barateamento de passagens.

jps/ra (DW, AP, ots)