Índia registra recorde mundial de mortes diárias por covid
10 de junho de 2021
Depois que um grande estado corrigiu para cima suas taxas de óbitos recentes, país asiático supera EUA em vítimas diárias do coronavírus. Especialistas suspeitam que total de mortos real na Índia supere 1 milhão.
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A Índia registrou nesta quinta-feira (10/06) 6.148 óbitos por covid-19 em 24 horas, o maior índice do mundo, depois que um de seus estados mais pobres revisou suas cifras, incluindo também quem morreu da doença em casa ou em hospitais particulares.
Na véspera, o departamento de Saúde de Bihar, no leste do país, corrigiu seus dados, de um total de cerca de 5.400 mortes para quase 9.500.
O recorde mundial diário anterior cabia aos Estados Unidos, com 5.527 óbitos em decorrência da covid-19 em 12 de fevereiro.
Segundo o Ministério da Saúde indiano, depois das 94.052 novas infecções pelo coronavírus nas 24 horas anteriores, o país asiático computa agora 29,2 milhões de casos e um total de 359.676 óbitos, cifra inferior apenas às dos EUA e do Brasil.
Suspeitas de números reais muito mais altos
O Supremo Tribunal do grande estado de Bihar exigira uma auditoria das cifras relativas à pandemia seguindo alegações de que o governo local estaria ocultando a dimensão dos contágios e mortes pelo coronavírus.
Os mais de 4 mil óbitos acrescentados ocorreram em maio, e as autoridades estaduais estão investigando o lapso. Falando ao jornal britânico The Guardian, um funcionário municipal de saúde, que não quis se identificar, colocou a culpa nos estabelecimentos médicos particulares: "Essas mortes ocorreram 15 dias atrás e só foram carregadas agora para o portal do governo. Vai haver medidas contra alguns hospitais privados."
Acusações semelhantes haviam sido apresentadas contra outros governos estaduais, depois de um surto recente do vírus Sars-Cov-2 que deixou os crematórios sobrecarregados, com centenas de cadáveres sendo jogados nos rios ou enterrados em valas rasas.
Como os sistemas de estatísticas da Índia já funcionam mal em tempos normais, especialistas suspeitam que a taxa de mortalidade real seja muitas vezes superior aos números oficiais, podendo chegar a 1 milhão. Acirra as suspeitas o fato de atualmente o país se encontrar "apenas" em terceiro lugar no ranking das mortes por covid-19.
av/ek (Reuters, AFP, ots)
Pandemia no Brasil pelos olhos de um fotógrafo de guerra
Após cobrir conflitos em 35 países, o fotógrafo francês Jonathan Alpeyrie dirigiu suas lentes à evolução da pandemia de covid-19 no Rio de Janeiro e Manaus. Um painel contundente.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Um rosto aos mortos
Com uma média diária de quase 4 mil mortos, o Brasil é um dos países mais atingidos pela pandemia. O fotógrafo francês Jonathan Alpeyrie esteve lá no terceiro trimestre de 2020, também para dar um rosto às muitas vítimas da covid-19. Como neste enterro no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, um dos maiores da América do Sul.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Último adeus com distanciamento
Morto pelo novo coronavírus, um sexagenário, membro importante da comunidade da Favela Santa Marta, no bairro de Botafogo, é levado para o túmulo por funcionários de vestes protetoras. Os moradores dos bairros cariocas mais pobres têm sido vítimas numerosas da fúria do vírus e de uma política de saúde mais do que caótica.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Boas intenções não bastam
Não faltam iniciativas bem intencionadas de mitigar os efeitos letais do vírus potente, veloz e em frequente mutação. Porém elas não bastam para compensar as falhas de um sistema de saúde cronicamente deficiente e de uma liderança política contraditória e mesmo irresponsável. A pandemia avança: o Instituto Oswaldo Cruz não descarta que, em breve, as mortes diárias cheguem a 5 mil ou mais.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Em meio à guerra da pandemia
O francês Jonathan Alpeyrie é um repórter de guerra clássico. Suas foto-reportagens já o levaram à Síria, Ucrânia, Afeganistão e a focos de conflito na África, entre outros. Em 2020 ele esteve em Manaus, onde a variante P.1 do coronavírus foi detectada pela primeira vez. Cientistas temem que ela seja duas vezes mais contagiosa do que a cepa original.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Cavando novas sepulturas
Atualmente pesquisadores partem do princípio que a virulenta mutação P.1 seja a predominante em todo o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro é com frequência cada vez maior responsabilizado pelo descontrole da pandemia, após ter minizado a ameaça por tanto tempo. Neste cemitério de Manaus, novas sepulturas tiveram que ser cavadas em ritmo acelerado, para comportar os muitos mortos a cada dia.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Impacto econômico no Norte
O coronavírus já alcançou os recantos mais distantes do Amazonas, vitimando em especial as populações mais frágeis, como a indígena. Os jovens da foto vivem em palafitas a uma hora da capital. A pandemia os atinge também economicamente, pois, com o desaparecimento dos turistas, vão-se também suas possibilidades de ganhar a vida.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Fé, a última que morre
Com tantas incertezas, a muitos brasileiros só resta mesmo a fé para ajudá-los a atravessar o dia a dia sem desesperar. Na Favela Santa Marta do Rio de Janeiro, este pastor abençoa os moradores: ao lado da pobreza, narcotráfico, ocupação policial e outras formas de violência, agora seu novo desafio é também sobreviver ao coronavírus.