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Índia vai às urnas em eleição de superlativos

Ritika Pandey | Manasi Gopalakrishnan md
11 de abril de 2019

Cerca de 900 milhões de pessoas estão aptas a votar na maior democracia do mundo. Oposição se une para tentar impedir novo mandato do primeiro-ministro Narendra Modi, carismático líder nacionalista hindu.

Indianos fazem filas para votar
Fila para votar na Índia: eleitores escolhem os 543 membros da câmara baixa do ParlamentoFoto: Reuters/R. De Chowdhuri

Este ano, cerca de 900 milhões de pessoas estão aptas a votar para escolher os 543 integrantes da Lok Sabha, a câmara baixa do Parlamento da Índia. As votações, que começaram nesta quinta-feira (11/04), vão até 19 de maio e serão realizadas em sete fases. Muitos estados indianos completarão a votação em um dia, enquanto outros, com populações maiores, levarão vários dias para realizar o pleito. Os votos devem ser apurados em 23 de maio.

Mais de 84 milhões de pessoas vão votar pela primeira vez. Cerca de 430 milhões de mulheres devem votar e podem ultrapassar o número de eleitores do sexo masculino pela primeira vez em uma eleição geral na Índia, a maior democracia do mundo.

As eleições deste ano podem ser as mais caras da história da Índia. Segundo o Centro de Estudos de Mídia, as eleições de 2019 custarão à comissão eleitoral cerca de 7 bilhões de dólares, mais que os 5 bilhões de dólares gastos em 2014. Para termos de comparação, 6,5 bilhões de dólares foram gastos pelos EUA na eleição presidencial e do Congresso em 2016. Especialistas dizem que os partidos políticos na Índia gastarão parte do valor total em campanhas de mídia social.

Altos e baixos de Modi

Narendra Modi, o carismático líder nacionalista hindu, foi eleito primeiro-ministro cinco anos atrás, depois de prometer uma melhor infraestrutura, um crescimento econômico mais rápido e menor desemprego. Durante seu mandato, houve melhorias nas rodovias e redes ferroviárias da Índia. Os planos de Modi para promover conexões de gás gratuitas para mulheres nas áreas rurais também aumentaram sua popularidade.

Rakesh Sinha, parlamentar do Partido do Povo Indiano (BJP), de Modi, elogia o primeiro-ministro por essas conquistas. "Se avaliarmos todos os nossos programas de desenvolvimento, parece um governo socialista. Nosso governo disponibilizou muitos benefícios para os pobres; coisas que anteriormente apenas a classe média podia bancar", ressalta.

Em seu manifesto eleitoral, o BJP se concentra no bem-estar dos agricultores, na segurança nacional, na saúde e na economia. O partido também está usando um recente conflito com o Paquistão, em fevereiro, para atrair mais eleitores. Enquanto isso, Modi conseguiu manter uma imagem limpa, apesar das repetidas alegações de corrupção por parte da oposição.

Policiais escoltam máquinas de votação eletrônica transportadas por elefantesFoto: Getty Images/AFP

O principal partido de oposição da Índia, o Congresso Nacional Indiano (INC), acusa Modi de corrupção em um acordo de compra de caças com a francesa Dassault Aviation.

"Ele [Modi] tem uma imagem incorruptível. Sua 'marca Modi' não foi abalada pelas controvérsias sobre os caças Rafale pela simples razão de que as pessoas, seus apoiadores, não acreditam nelas", diz Yashwant Deshmukh, o jornalista e fundador da firma de pesquisas eleitorais CVoter.

Ao mesmo tempo, o crescimento econômico da Índia tem sido menos que espetacular cinco anos depois de Modi assumir o poder. A taxa de desemprego do país está no seu nível mais alto em mais de 45 anos. O crescimento agrícola despencou nos últimos anos, levando muitos agricultores a cometer suicídio. O investimento estrangeiro direto também despencou.

Além disso, o BJP sob a presidência de Modi tem apoiado organizações marginais de direita, muitas das quais foram responsáveis ​​pelo linchamento de indivíduos que supostamente teriam consumido carne bovina. Mas Sinha minimiza os incidentes de linchamento.

"Ninguém pode dizer que o governo não adotou nenhuma medida depois dos casos de linchamento", disse o legislador do BJP à DW. "É lamentável que as pessoas liguem essas questões a uma certa ideologia ou ao governo."

Aliança de oposição

O INC, que o BJP derrotou nas eleições de 2014, emergiu como o mais poderoso adversário de Modi. Em seu manifesto eleitoral, o partido prometeu uma renda garantida para os 20% mais pobres da Índia, um bom sistema de saúde, o direito a moradias populares e uma redução do desemprego nos próximos cinco anos.

Rahul Gandhi, o jovem líder do INC, também parece ter se reinventado ultimamente e tem desempenhado um papel significativo em conduzir seu partido a vitórias em várias eleições estaduais. Agora, sua irmã, Priyanka Gandhi, entrou na briga política, em uma tentativa de aumentar a popularidade do partido.

O INC também formou uma coalizão nacional de partidos regionais, conhecida como Mahagathbandhan, para derrotar o BJP. No entanto, as desavenças e discordâncias passadas entre os atores políticos regionais enfraqueceram a aliança antes mesmo das eleições.

Na maioria dos estados, o INC provavelmente terá seus parceiros de coalizão como concorrentes diretos, o que pode criar um conflito de interesses a nível nacional. No entanto, mesmo se não conseguir garantir a maioria absoluta sozinho, como ocorreu em 2014, pode conseguir formar uma coalizão capaz de sustentar o próximo governo, através das alianças com as legendas regionais.

Deshmukh diz que muito depende de como a oposição se organiza nas próximas semanas. "O ônus está mais nos partidos da oposição; vai depender de como eles organizam sua campanha e se conseguem deixar de lado suas diferenças para trabalhar juntos."

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