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Óleo deve chegar ao litoral do Rio, diz especialista

Guilherme Becker
20 de novembro de 2019

Segundo diretor da ONG Conservação Internacional, quase três meses após aparecimento das primeiras manchas, ainda não é possível dizer quanto óleo resta no mar. Até agora, 675 áreas de 116 municípios foram atingidas.

Voluntária limpa rocha na praia baiana de Pedra do Sal em meados de outubro
Voluntária limpa rocha na praia baiana de Pedra do Sal em meados de outubroFoto: Getty Images/AFP/A. Veneri

O trabalho para a retirada do óleo que atinge as praias do litoral brasileiro desde o final de agosto continua. Marinha, Ibama, ONGs e voluntários seguem monitorando os nove estados nordestinos, mais o Espírito Santo, no Sudeste, atingidos pelas misteriosas manchas, que, nos próximos dias, pode chegar ao litoral do Rio de Janeiro.

Até o momento, de acordo com levantamento divulgado nesta terça-feira (19/11) pelo Ibama e pela Marinha, o óleo já atingiu 116 municípios e 675 localidades.

O total de resíduos de óleo retirados do litoral da região em pouco mais de dois meses e meio chega a 4,5 mil toneladas. Em nota, a Marinha informa que "a contagem desse material não inclui somente óleo, mas também é composta por areia, lonas e outros materiais utilizados para a coleta".

De acordo com o diretor de estratégia Costeira e Marinha da ONG Conservação Internacional, Guilherme Dutra, não é possível prever a quantidade de óleo que ainda há no mar. Parte dele pode estar retida em vórtices do oceano, o que significa que ainda haveria mais para chegar às praias. No litoral fluminense, a previsão é de que a substância comece a aparecer nos próximos dias.

"O óleo que chegou à costa da Bahia, aparentemente, está indo em direção ao sul. São pequenas pelotas que fluem, nas correntes costeiras, em direção ao Sudeste, e que chegaram primeiro ao Espírito Santo. Há a expectativa de que cheguem ao Rio de Janeiro. A princípio, essas pelotas têm um efeito menor do que as grandes manchas já observadas em outros locais, como em Canavieiras, depois no Prado, na Bahia", diz Dutra.

Segundo o Ibama, pontos de praias do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além de uma extensa área que vai do centro até o sul do litoral da Bahia, ainda apresentam mais do que 10% de contaminação. Vestígios do óleo podem ser encontrados em todos os estados, do Maranhão ao Espírito Santo.

No sul da Bahia, conforme Dutra, depois de Canavieiras e Belmonte, o óleo começou a atingir em maior quantidade às praias de Porto Seguro e Prado, especialmente nas localidades de Caraíva, Corumbau e Cumuruxatiba, aonde continua chegando. Além das praias, manguezais também foram afetados.

Boa notícia em meio ao caos

Uma preocupação dos ambientalistas era que o óleo atingisse em cheio a região e o Arquipélago de Abrolhos, área de maior biodiversidade marinha de todo o Atlântico Sul. Felizmente, segundo Dutra, a substância não foi encontrada nos recifes de corais da região.

"Em Abrolhos, temos feito vários mergulhos, e não foi encontrado óleo. Nem na parte superior, nem no fundo, perto dos recifes. A nossa expectativa é de que, nessa região, não tenha mais nada para chegar. Uma parte entrou em estuários, mas parece que o óleo está sendo levado [para o sul], e, até agora, nada foi identificado nos recifes. Ainda bem", destaca.

Ele afirma que só será possível afirmar quantas pessoas – dependentes da pesca, por exemplo – foram realmente atingidas pela poluição quando estudos mais aprofundados comprovarem a contaminação ou não dos peixes da região.

"Nosso foco é evitar que o impacto seja ainda maior. Estamos preparando as embarcações de pesca, com apoio também das embarcações de turismo, em um esforço conjunto com pescadores, organizações locais e de Abrolhos, órgãos do governo, que têm se empenhado em treinar as pessoas para podermos identificar e retirar rapidamente o óleo que chega", conclui.

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