Órgão europeu pede mais vacinações, temendo variante delta
23 de junho de 2021
Agência de controle de doenças diz que cepa altamente contagiosa descoberta na Índia responderá por 90% dos novos casos até o fim de agosto na UE. Autoridade pede para que as pessoas tomem a segunda dose.
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A agência de controle de doenças da União Europeia fez um apelo nesta quarta-feira (23/06) por uma vacinação mais rápida na Europa, prevendo que a variante delta da covid-19 – mutação registrada pela primeira vez na Índia e altamente transmissível – deverá responder por 90% de todos os casos nos países do bloco até o final de agosto.
"É muito provável que a variante delta circule fortemente neste verão", disse Andrea Ammon, diretora do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), se referindo à estação mais quente do ano, que se inicia no Hemisfério Norte em meio ao relaxamento das restrições sanitárias em muitos países europeus, devido à queda de taxas de infecção.
Ammon alertou que os dados atuais sugerem que os indivíduos que receberam apenas uma dose de vacinação ainda são suscetíveis à infecção pela variante delta, embora tenha dito que uma segunda injeção oferece um alto nível de proteção. Por isso, ela incentivou as pessoas a tomarem a segunda dose assim que possível.
Entre 40% e 60% mais contagiosa
O ECDC descobriu que a variante delta é entre 40% e 60% mais transmissível do que a variante alfa, vista pela primeira vez no Reino Unido e que é a dominante atualmente no continente. O órgão prevê que essa cepa delta continue sua propagação rápida, sendo responsável por até 70% de todas as infecções europeias já no início de agosto.
"A variante delta é mais transmissível do que outras variantes em circulação, e estimamos que até o final de agosto ela representará 90%" dos novos casos na UE, ressalta a agência.
De acordo com a entidade, cerca de 30% das pessoas com mais de 80 anos e cerca de 40% das pessoas com mais de 60 anos ainda não foram totalmente vacinadas no bloco. "Nessa fase, é fundamental que a segunda dose da vacina seja dada no tempo mínimo permitido após a primeira dose", enfatizou Ammon.
O ECDC também recomendou cautela no relaxamento das restrições sanitárias, alertando que isso pode levar a "um aumento rápido e acentuado" das infecções em todas as faixas etárias. Como resultado, pode haver um aumento nas hospitalizações e mortes, "que podem atingir o mesmo nível do outono de 2020, se nenhuma medida adicional for tomada", disse a autoridade da UE.
md (AFP, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
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A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
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Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine