Órgão judaico denuncia aumento do antissemitismo na Alemanha
23 de julho de 2017
Presidente do Conselho Central dos Judeus acusa governo de não tomar medidas para combater tendência, verificada sobretudo entre jovens muçulmanos. Pesquisa indica aumento de preconceito em escolas de Berlim.
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Josef Schuster, presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, denunciou que ainda existem lugares no país onde é considerado perigoso ser judeu. "Em alguns distritos nas principais cidades, eu aconselharia as pessoas a não se identificarem como judeus", afirmou em entrevista publicada neste domingo (23/07) na edição dominical do tabloide Bild. "A experiência mostrou que usar abertamente uma quipá ou uma corrente com a estrela de Davi é suficiente para atrair ameaças verbais ou físicas.",
Schuster diz que o antissemitismo está aumentando na Alemanha e acusou o governo de não "tomar as ações necessárias" para responder a essa tendência. Segundo ele, um passo importante seria a nomeação de uma entidade oficial para registrar ataques e servir de ponto de contato para pessoas visadas pelo preconceito.
"O Parlamento da UE recomendou que todos os Estados-membros designassem um representante", ressaltou. "Por isso seria muito estranho se a Alemanha não nomeasse um comissário para combater o antissemitismo."
Um estudo de pequena escala divulgado pelo Comitê Judaico Americano no início desta semana indicou um aumento do antissemitismo nas escolas de Berlim. Pesquisadores entrevistaram 27 professores de 21 escolas da capital alemã, que relataram estar observando um claro aumento na quantidade de incidentes.
Schuster disse ao Bild am Sonntag que sua organização também vem observando este fenômeno "há alguns anos". "A palavra judeu é usada como xingamento nas escolas e na área dos esportes", afirmou. "Isso é algo bastante difundido. Não estamos falando de alguns casos isolados."
Ele acrescenta que o antissemitismo é particularmente elevado entre alunos muçulmanos e destaca que existe a necessidade de que associações e escolas islâmicas façam mais para combater esse tipo de preconceito. "Toda a sociedade precisa levar muito a sério o problema do antissemitismo muçulmano, evitando, ao mesmo tempo, colocar todos os muçulmanos sob suspeita."
MD/afp/rtr/dpa/kna
Dez filmes sobre o Holocausto
A "cinematografia do Holocausto" é composta de uma vasta lista de filmes. Embora transpor o indescritível para imagens em movimento seja uma tarefa altamente complexa, são diversas as tentativas.
Foto: absolut Medien GmbH
Noite e neblina
Filme de 1955 que estreou no Festival de Cannes, "Noite e neblina", dirigido pelo francês Alain Resnais, foi um dos primeiros documentários a se debruçar sobre o Holocausto. Renais e Chris Marker, na época seu assistente, estavam entre os primeiros cineastas a terem um acesso mais amplo aos arquivos do Holocausto em França, Bélgica, Holanda, Polônia e Alemanha.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Ronald Grant Archive
Minha luta
Coprodução sueco-alemã de 1960, tem direção de Erwin Leiser (1923-1996), que emigrou aos 15 anos de idade, depois do Pogrom de 1938, para a Suécia, onde se tornaria mais tarde um cronista em imagens das atrocidades do regime nazista. No longa-metragem, o diretor reúne material de arquivo da época, como faria em outros filmes posteriores, em um minucioso trabalho de memória daquele período.
Foto: picture-alliance
Shoah
Obra mais importante sobre a memória do Holocausto, o filme de Claude Lanzmann, de 1985, com 9 horas e meia de duração, foi feito no decorrer de 11 anos. O diretor recusa-se a usar imagens de campos de concentração como fazem os documentários convencionais. O registro do horror acontece através do testemunho de sobreviventes – sejam eles vítimas, algozes ou meros espectadores das atrocidades.
Foto: absolut Medien GmbH
A lista de Schindler
Steven Spielberg contou neste filme de 1993 a história de um empresário que, embora conivente com o regime nazista, acabou salvando a vida de mais de mil judeus. A superprodução americana ganhou sete Oscars, incluindo os de melhor filme e direção, embora tenha sido apontada por parte da crítica como um melodrama que prima por transformar a dor em espetáculo.
Foto: picture alliance / United Archives/IFTN
Exílio em Xangai
O longa-metragem de 1997, de Ulrike Ottinger, é um filme sobre o Holocausto no sentido de documento da fuga e da migração dos judeus para Xangai durante o regime nazista. Com 4 horas e meia de duração, o documentário tem como ponto de partida as lembranças de seis judeus alemães, austríacos e russos, que fugiram para Xangai, um dos únicos lugares com fronteiras abertas até 1943.
Do Leste
Coprodução franco-belga de 1993, o documentário de Chantal Akerman é uma viagem realizada pela diretora passando pelo Leste alemão, Polônia, países bálticos e Rússia. O filme documenta não apenas o deslocamento geográfico da cineasta, mas sobretudo sua busca de um Leste que, embora lhe seja estranho, é a terra de origem de sua mãe judia, nascida na Polônia e sobrevivente de Auschwitz.
Balagan
Uma trupe tenta, na israelense Akko, tratar do Holocausto em um coletivo de teatro que envolve também um palestino. A partir daí, o diretor Andres Veiel busca, neste filme de 1994, descobrir as feridas abertas existentes quando se fala do assunto. O documentário não é um filme sobre sobreviventes, mas sim sobre seus filhos e sobre como eles conseguem lidar com essa herança histórico-familiar.
A vida é bela
Tragicomédia encenada pelo italiano Roberto Benigni em 1999, o filme recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e atraiu um imenso público em muitos países. Por ser uma das raras tentativas de abordar o tema dos campos de concentração com humor, teve recepção ambivalente por parte de alguns sobreviventes do Holocausto, que viram aí um perigo de banalização das atrocidades nazistas.
Foto: picture-alliance/dpa
O Pianista
Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2002, o filme de Roman Polanski tem roteiro baseado nas memórias de Wladyslaw Szpilman, músico polonês que testemunha como Varsóvia é tomada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial e cuja família é assassinada no campo de concentração de Treblinka. O próprio Polanski sobreviveu ao Gueto de Cracóvia e perdeu a mãe assassinada em Auschwitz.
Foto: imago stock&people
O filho de Saul
Filme de 2015 do húngaro László Nemes (ex-assistente de Béla Tarr), tem como protagonista um integrante do Sonderkommando (grupo de prisioneiros judeus encarregados de limpar câmaras de gás e remover cadáveres), cuja ideia fixa é enterrar um garoto. Filme claustrofóbico, cujo uso do primeiro plano, os closes exacerbados e a câmera em constante movimento, tira o espectador de sua zona de conforto.