1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
Esporte

Özil explica por que não canta o hino alemão

21 de junho de 2018

Com atuações apagadas, meia alemão vira bode expiatório dos problemas na Alemanha, principalmente depois da fotografia com Erdogan. Há quase dez anos na seleção, rejeição a ele nunca foi tão grande.

Russland WM2018 | Group F - Deutschland gegen Mexiko
Contra o México, na estreia na Copa, a cena se repetiu: Özil não cantou o hinoFoto: Getty Images/D. Mullan

Mesut Özil defende a seleção alemã há quase dez anos e, antes dos jogos, a mesma imagem se repete. Os jogadores perfilados cantam o hino nacional, ele permanece em silêncio. Uma questão que o acompanha há tempos, mas que voltou a gerar debate após a polêmica em torno da fotografia tirada com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Por que Özil não canta o hino nacional?

"Enquanto é tocado o hino, eu rezo. E tenho certeza de que esse meu retiro dá força e confiança a mim e à minha equipe para conquistar a vitória", disse Özil em entrevista dada a uma publicação da Federação Alemã de Futebol (DFB) antes da Copa do Mundo, mas que chegou à imprensa alemã nos últimos dias.

O ritual tem uma longa tradição para o jogador e remonta aos seus dias de infância. "Mesmo quando era menino, eu rezava antes de jogar futebol. E isso eu mantenho até os dias de hoje", explicou o meia de 29 anos.

Özil nasceu em Gelsenkirchen, no oeste da Alemanha, surgiu para o futebol no Schalke 04 e percorreu as seleções alemãs de base Sub-19 e Sub-21.

O ápice na sua carreira foi a conquista da Copa do Mundo de 2014 vestindo a camisa da Alemanha. Mas, especialmente por causa de suas raízes turcas, muitos o acusam de não se identificar com a Alemanha.

Na temporada 2008/09, Özil chegou a ser sondado pelo então técnico da Turquia para defender as cores do país de seus pais. O jogador acabou negando (abrindo mão inclusive da cidadania turca). No ano seguinte a sua estreia na seleção alemã, em 2009, rechaçou a crítica em relação a não cantar o hino numa entrevista ao semanário alemão Die Zeit.

"Embora eu não cante junto, eu me identifico 100% com a Alemanha", disse. Na época, no entanto, não justificou a razão pela qual não canta o hino nacional.

Ao longo dos quase dez anos com a camisa da Nationalelf, Özil recebeu muitas críticas, mas que invariavelmente eram ofuscadas pelos bons resultados da seleção alemã. Agora, elas voltaram com vigor. A mais recente foi do ex-jogador Stefan Effenberg.

"Se Özil defende a Alemanha, então ele também deve cantar o hino nacional", disse o vice-campeão europeu de 1992 numa mesa redonda do canal esportivo Sport1. A plateia aplaudiu efusivamente.

A fotografia tirada por Ilkay Gündogan e Mesut Özil com o presidente da Turquia certamente não ajudou os atletasFoto: Reuters/T. Schmuelgen

Aplausos que certamente carregam na memória a polêmica gerada por Özil e Ilkay Gündogan, jogadores de ascendência turca e que tiraram uma fotografia com o presidente da Turquia. O gesto causou indisposição na política. Os dois atletas chegaram a conversar com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Até a chanceler federal alemã, Angela Merkel, pronunciou-se sobre o tema. Nas redes sociais, os torcedores pediram que ambos sejam cortados da seleção.

No último amistoso preparatório, contra a Arábia Saudita, em Leverkusen, Gündogan foi vaiado toda vez que tocava na bola. O meia do Manchester City ao menos atendeu à imprensa e chegou a se desculpar e justificou a fotografia, mas Özil tem fugido dos jornalistas.

O silêncio de Özil incomodou muita gente. "Isso [o silêncio] mostra que Özil não entendeu por que há tão grandes discussões sobre ele na Alemanha", disse o ex-meia Lothar Matthäus, que não exclui a aposentadoria de Özil da seleção após a Copa.

"Tenho a sensação de que ele não se sente bem vestindo a camisa da Alemanha, como se nem quisesse jogar. Ele está sem fogo: não tem coração, nem alegria, nem paixão."

E aliado a atuações apagadas, Özil virou o bode-expiatório dos problemas na seleção alemã e, principalmente, da derrota na estreia para o México.

"Tenho que me repetir toda vez: a linguagem corporal de Özil é a de um sapo morto. Isso é patético", disse Mario Basler, ex-jogador da seleção e há anos crítico declarado do meia. "Ele é superestimado como jogador de futebol."

Nationalelf tem os duelos com Suécia e Coreia do Sul para evitar um fiasco que tem se repetido com frequência nos últimos Mundiais – a eliminação de um atual campeão já na fase de grupos.

Nas últimas quatro Copas, apenas o Brasil, em 2006, superou a primeira fase como detentor do título: em 2002, a França sucumbiu perante Dinamarca, Senegal e Uruguai; em 2010, a Itália alcançou a façanha de não vencer Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia; em 2014, a Espanha foi superada por Holanda e Chile.

_______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram

Pular a seção Mais sobre este assunto

Mais sobre este assunto

Mostrar mais conteúdo