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HistóriaAlemanha

1525: Fim da Guerra dos Camponeses

Publicado 27 de maio de 2016Última atualização 27 de maio de 2019

Com a decapitação do teólogo Thomas Müntzer, no dia 27 de maio de 1525, terminava a rebelião dos camponeses contra os senhores feudais, que causou a morte de pelo menos cinco mil pessoas na Alemanha.

Thomas Müntzer
Thomas Müntzer Foto: picture-alliance / dpa

Em 1524, os camponeses alemães se revoltaram contra os senhores feudais, para os quais eram obrigados a trabalhar. A crise do sistema feudal havia modificado a situação da população rural. Liderada por Thomas Müntzer, um pastor da Saxônia, a revolta camponesa alastrou-se pelos campos e cidades da Alemanha.

Os revoltosos baseavam-se na Bíblia para afirmar que os camponeses nasceram livres e reivindicavam a livre escolha dos líderes espirituais, a abolição da servidão, a diminuição dos impostos sobre a terra e a liberdade para caçar nas florestas pertencentes à nobreza. Lutero condenou o movimento dos camponeses, apoiando os príncipes e nobres.

Nascido em 1489, Müntzer estudou pelo menos três idiomas na Universidade de Leipzig e, mais tarde, Teologia em Frankfurt do Oder (no leste da Alemanha). A partir de 1514, passou a ter contato com as ideias do reformador Martinho Lutero.

Conflito com Lutero

Como pregador na paróquia de Zwickau, no leste do país, Müntzer passou a divulgar as teorias da Reforma. Ao contrário de Lutero, ele acreditava que as pessoas simples entendiam muito melhor sua pregação que os nobres e ricos. Sua conclusão de que a Igreja sempre estava ao lado dos ricos e poderosos levou ao conflito com Lutero e seus seguidores, sendo afastado da paróquia em 1521.

Ao lado do estudante Markus Stübner, o pastor Müntzer começou a seguir os passos do "pregador rebelde" Jan Hus, de Praga. Era a época do florescimento da Reforma pregada por Lutero. Usando seu talento de orador, Müntzer tornou-se figura carismática na pregação dessas ideias. Depois que se estabeleceu no pequeno povoado de Allstedt, Müntzer começou a atrair inclusive pessoas de outras localidades.

Sua intenção de falar uma linguagem acessível aos servos representava uma ameaça aos senhores feudais. Seis meses depois da chegada de Müntzer à pequena Allstedt, o conde Ernst von Mansfeld proibiu seus trabalhadores de frequentarem os ofícios religiosos do pastor.

Mas o teólogo e suas ideias ganhavam força. Em 1524, seu movimento secreto Aliança de Allstedt contava com 30 membros. Poucos meses depois, já eram 500. As ideias eram divulgadas em publicações feitas na gráfica de Müntzer.

A batalha final

O movimento das camadas plebeias da população ganhava força também em outras regiões. Os levantes e as inquietações, entretanto, ainda eram localizados, em geral organizados por agricultores e servos dos centros urbanos.

Ainda em 1524, os camponeses do sul da Alemanha se aliaram ao levante. Müntzer começou a migrar por todo o país, apoiando a rebelião. Em fevereiro de 1525, a revolta armada havia se espalhado por todo o sul do país e começava a se alastrar para o norte e leste.

Os lavradores, porém, não tiveram chances contra os soldados, armados e experientes. Na batalha de Frankenhausen, em maio de 1525, os camponeses foram cercados e mortos aos milhares. O teólogo acabou preso e, sob tortura, foi obrigado a negar suas teorias. Por fim, ele foi decapitado. Sua cabeça foi pendurada como troféu nos portões de entrada de Frankenhausen.

Os vencidos permaneceram sob o jugo dos senhores feudais e mantidos na condição de servos, reforçada pelo princípio luterano da passiva submissão à autoridade. Os seguidores de Müntzer passaram a ser conhecidos como "anabatistas", por rejeitarem o batismo.