1848: Assembleia Nacional alemã debate anexação da Polônia
Rachel Gessat (gh)
Durante os acalorados debates sobre a Polônia, de 24 a 27 de julho de 1848, a maioria dos parlamentares aprovou a anexação de parte do território do país vizinho pela Prússia.
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Onde fica "a pátria" dos alemães? Na Prússia? Na Suábia? No Reno, onde floresce a videira? No Belt, onde a gaivota voa? Com perguntas semelhantes a estas, do poeta Moritz Arndt, também se depararam os integrantes da Assembleia Constituinte alemã de 1848.
O chamado Parlamento da Igreja de São Paulo (Paulskirche), em Frankfurt, reuniu-se, após os levantes revolucionários de março daquele ano, para discutir uma constituição destinada a unificar os estados da Liga Alemã. A questão central era definir as dimensões do império alemão.
Idioma e nacionalidade
Para muitos constituintes, os critérios decisivos eram o idioma e a nacionalidade. Mas era difícil delimitar um território com base na nacionalidade sem entrar em conflito com os vizinhos. Principalmente devido à partilha do território polonês entre a Prússia, a Áustria e a Rússia, em 1795. Desde então muitos cidadãos não alemães viviam tanto na Áustria como em solo prussiano.
A 24 de julho de 1848, começou o chamado "debate sobre a Polônia" no Parlamento de Frankfurt, marcado pelo confronto entre nacional-democratas e nacional-antagonistas. No começo de maio de 1848, tropas prussianas haviam esmagado um levante polonês na província de Posen, usurpando dois terços do referido território. Com isso, o governo da Prússia quebrara uma antiga promessa de reorganizar a Polônia em nível nacional.
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Soberania dos vizinhos
Os nacional-democratas, que defendiam o princípio da autonomia nacional, queriam conceder esse direito também à Polônia. Por isso, a 24 de julho de 1848, apresentaram um requerimento contra a incorporação da província de Posen (hoje Poznańska, na Polônia) à Liga Alemã. Os adversários da ideia, representados pela direita e centro-direita no Parlamento, defendiam a imposição dos interesses políticos alemães em detrimento da soberania dos povos vizinhos.
O debate sobre a legitimidade da divisão precipitada de Posen e a incorporação de parte da província ao território alemão culminou num confronto entre os deputados Arnold Ruge, de esquerda, e Wilhelm Jordan, de direita. Ruge fez um discurso inflamado contra a anexação de Posen pela Prússia.
Fim da Polônia como nação
Segundo Ruge, "a incorporação de Posen pela Liga Alemã significaria o fim da Polônia como nação, da qual Posen faz parte. A nação alemã não se deve dar o vexame de dividir a Polônia e decretar a submissão dessa nação necessária. É uma questão de honra que os alemães propaguem a liberdade em direção ao leste e não parem na fronteira da Rússia e da Polônia. É uma questão de honra que deixemos de ser opressores."
O deputado direitista Wilhelm Jordan respondeu com argumentos favoráveis a uma política real de interesses: "Admito, sem pestanejar, que nosso direito é única e exclusivamente o direito do mais forte, o direito de conquista. [...] Querer restabelecer a Polônia só porque sua ruína nos enche de justo luto é o que eu chamo de sentimentalismo débil", disse.
Nacionalismo agressivo
O discurso de Jordan é tido como um exemplo vergonhoso do nacionalismo agressivo, imanente à revolução alemã. A maioria dos deputados aprovou sua posição nacional-antagonista, reconhecendo a anexação de Posen.
A simpatia dos alemães pelos poloneses, portanto, não passara de uma farsa. Em março de 1848, o restabelecimento da Polônia como Estado autônomo ainda era visto como um objetivo político pelos liberais, democratas e parte da opinião pública alemã. Os poloneses só voltaram a ter um Estado independente em 1918.
Glória e esplendor da Prússia: os belos palácios de Brandemburgo
Impressionantes prédios representam ainda hoje o passado de poder da antiga Prússia, no nordeste da Alemanha. Além de sua residência em Berlim, a família Hohenzollern construiu vários prédios magníficos em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Palácio Sanssouci
Pequeno, mas requintado: o Palácio Sanssouci, em Potsdam, era somente a residência de verão de Frederico, o Grande, mas hoje é a estrela entre os castelos da família real prussiana. Sanssouci, palavra francesa que significa "sem preocupações", encanta centenas de milhares de turistas todos os anos graças à localização pitoresca e à sofisticação arquitetônica.
Foto: picture-alliance/C. Wojtkowski
Novo Palácio
Este gigantesco palácio está localizado a poucos metros do Sanssouci. Apesar do tamanho, não é tão conhecido quanto o anterior, embora o esplendor dos cômodos surpreenda os visitantes. O grande complexo, com salões de festas, galerias e apartamentos suntuosamente mobiliados, já serviu como símbolo da Prússia.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Hirschberger
Palácio Charlottenhof
O príncipe herdeiro e mais tarde rei Frederico Guilherme 4º recebeu a casa de verão de presente de Natal do pai em 1825. O arquiteto Karl Friedrich Schinkel e o designer de jardins Peter Joseph Lenné converteram a antiga casa em palácio neoclássico. Assim como os outros dois palácios anteriores, Charlottenhof fica no parque Sanssouci.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Palácio Babelsberg
Ao ver Babelsberg, às margens do Havel, o visitante se sente na Inglaterra. O palácio foi construído em estilo neogótico inglês e serviu como residência de verão para o casal real e, mais tarde, imperial Wilhelm 1º e Augusta von Sachsen-Weimar. Nos anos 1860 e 1880, Babelsberg foi um dos lugares mais importantes da vida social e política da Prússia.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Settnik
Palácio de Mármore
Nos arredores de Potsdam se localiza o Neue Garten (Novo Jardim), um parque paisagístico em modelo inglês, que oferece excelentes vistas dos lagos do Havel. Nesta paisagem romântica, encontra-se o Palácio de Mármore, uma residência de verão do rei Friedrich Wilhelm 2º, revestida de mármore da Silésia.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Settnik
Palácio Cecilienhof
O Palácio Cecilienhof, que também fica no Neue Garten, foi o último prédio construído pela família Hohenzollern, no estilo de uma casa de campo inglesa. Com o fim da Segunda Guerra, de 17 de julho a 2 de agosto de 1945, ali se escreveu história. No Cecilienhof, as nações vitoriosos se encontraram para a Conferência de Potsdam, que marcou o fim da Segunda Guerra e começo da Guerra Fria.
Foto: picture-alliance/Eventpress
Palácio Caputh
O Palácio Caputh remonta a 350 anos de história. O pequeno prédio do tempo do grande príncipe-eleitor Friedrich Wilhelm de Brandemburgo é uma joia da história da arte, que mantém viva o esplendor da cultura principesca em torno dos anos 1700. Após a venda do prédio, tornou-se uma escola profissionalizante em meados do século 20. Hoje em dia, Caputh é um museu.
Friedrich Wilhelm 1º, conhecido como "Rei Soldado" e pai de Frederico, o Grande, amava Wusterhausen, a sudeste de Berlim. Aqui, ele se preparou para o reinado e, mais tarde, passou felizes dias de outono com a família. No palácio, ele cumpria seus deveres de soberano e também praticava caça.
Foto: picture-alliance/A. Franke
Palácio Paretz
Longe da etiqueta da corte e do esplendor da capital prussiana, Berlim, a rainha Luise passava anualmente os meses de verão com o marido, Friedrich Wilhelm 3º, e os filhos, nesta paisagem isolada perto do rio Havel, em Paretz. Aqui, a 20 quilômetros de Potsdam, eles não apenas desfrutaram da vida familiar, como também vivenciaram uma forma moderna de vida rural.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Settnik
Palácio Oranienburg
Por volta de 1700, o Palácio Oranienburg foi considerado a mais bela das residências reais da Prússia. Sua história começou como propriedade rural da princesa de Oranien-Nassau, que deu seu nome ao local, Oranienburg. Ao longo dos séculos, foi usado e ampliado de várias formas. Hoje, abriga esplêndidas obras, como a prata real e os móveis de marfim, que podem ser vistos no museu do palácio.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Soeder
Palácio Rheinsberg
No Palácio Rheinsberg, no lago Grienericksee, Frederico, o Grande, passou seus dias mais felizes como príncipe-herdeiro. Ele gostava de música e artes e criou um museu, ampliado pelo seu irmão. Theodor Fontane também foi inspirado pelo local e em seu diário de viagem "Wanderungen durch die Mark Brandenburg" (Caminhando por Brandemburgo) transformou o palácio em monumento literário.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Schönherr
Testemunhas de uma época
O Reino da Prússia existiu de 1701 a 1918. Um reino perdido que se destacou, sobretudo, pela obediência, cumprimento de ordens e militarismo, bem como pela tolerância e liberdade religiosa. Capacetes típicos e uniformes caracterizam a imagem dessa época. Mas, acima de tudo, ainda hoje são símbolos do Reino da Prússia os espetaculares palácios da família Hohenzollern.