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HistóriaAlemanha

1886: Carl Benz obtém patente para veículo automotivo

Carsten HeinischPublicado 29 de janeiro de 2016Última atualização 29 de janeiro de 2020

O engenheiro Carl Friedrich Benz, natural de Karlsruhe, oeste da Alemanha, obteve em 29 de janeiro de 1886 a primeira patente para um automóvel movido a gasolina.

O primeiro veículo patenteado por Carl Friedrich Benz
O primeiro veículo patenteado por Carl Friedrich BenzFoto: picture-alliance/dpa

O automóvel é um engenho que tem vários pais, e seu desenvolvimento não se deu de forma linear. Mas ele tem uma certidão de nascimento: o registro de patente número 37.435, de 29 de janeiro de 1886, concedido à Fábrica de Motores a Gás Benz & Cia., de Mannheim, por um veículo movido a gasolina. Com isso, Carl Benz, seu inventor, passou a ser considerado construtor do primeiro automóvel.

Claro que a ideia de um veículo que se locomovesse por seus próprios meios é muito mais antiga. As primeiras tentativas datam da Antiguidade, mas na verdade, até o surgimento da máquina a vapor, no século 18, não houve veículo capaz de se mover sem a força muscular.

Veículos muito pesados

Foi em 1769 que surgiram as primeiras máquinas que se moviam sobre rodas impulsionadas pelo vapor. No entanto, por serem barulhentas e pesadas, nunca deixaram de ser uma mera curiosidade. Mesmo locomotivas e locomóveis inventados posteriormente eram tão pesados que não se prestavam ao uso como meio de locomoção.

Uma alternativa para a máquina a vapor apareceu apenas em 1860, quando o francês Étienne Lenoir construiu o primeiro motor de combustão interna à base de gás de iluminação. Em 1863, o inventor afirmou ter adaptado um desses motores a um veículo, porém não existem provas deste experimento.

O passo mais importante no desenvolvimento da técnica de motores foi dado por Nicolaus Otto. O negociante estabelecido em Colônia conseguiu melhorar o desempenho do motor criado por Lenoir, acrescentando uma etapa aos três ciclos até então costumeiros. Além da injeção, explosão e exaustão, o motor de Otto passou a comprimir o combustível, o que aumentava consideravelmente seu rendimento. O inventor obteve em 1876 uma patente básica para o princípio dos quatro tempos, mas outros fabricantes de motores passaram a contestá-la, para não terem que pagar licenças a Otto.

O motor desenvolvido por ele tinha sido concebido para máquinas estacionárias. Para poder ser adaptado a um veículo, era preciso que fosse consideravelmente reduzido em suas dimensões, sem que isso prejudicasse o desempenho. Tentativas neste sentido foram realizadas por inúmeras pessoas que trabalhavam independentemente, entre as quais Gottlieb Daimler, em Cannstatt, e o engenheiro Carl Benz, em Mannheim.

Gottlieb Daimler desenvolveu motor compacto de quatro tempos em 1885Foto: dpa

Gottfried Daimler conhecia bem a técnica dos motores de Otto, já que tinha sido diretor técnico da fábrica de motores deste. Em 1885, conseguiu desenvolver um motor compacto de quatro tempos, aplicando-o a uma motocicleta e a um barco a motor. Daimler considerava-se apenas um construtor de motores e foi só a muito custo que seu colega Wilhelm Maybach conseguiu convencê-lo a adaptar o motor compacto a uma carruagem.

Motor de quatro tempos em triciclo

Carl Benz, por sua vez, via motor e chassi como unidade, cujos detalhes ele estipulava minuciosamente em seus projetos. Inicialmente, fez experiências com um motor de dois tempos, para não ter que pagar licença a Otto. Só passou a se dedicar ao motor de quatro tempos em 1884, quando um tribunal suspendeu temporariamente a patente de Otto.

Ao instalar um motor de quatro tempos num triciclo, Benz obteve, em janeiro de 1886, uma patente para o primeiro veículo autopropulsionado, uma verdadeira obra-prima da engenharia da época, que conseguia fazer 15 quilômetros por hora.

Em julho do mesmo ano, o inventor saiu pela primeira vez com seu "automóvel" pelas ruas de Mannheim. Um repórter visionário escreveu com entusiasmo: "Não há dúvida de que este velocípede motorizado logo conquistará muitos amigos, já que será extremamente útil e prático para médicos, viajantes e amantes do esporte."

Palavras proféticas, sem dúvida, pois ainda demoraria décadas até que fossem desenvolvidos automóveis realmente "úteis e práticos".