1906: Telegrafada a primeira fotografia
Publicado 17 de outubro de 2015Última atualização 17 de outubro de 2018Com os computadores, internet, e-mail e todas as invenções tecnológicas da sociedade da informação, hoje mal se fala do velho e bom telefax, cuja origem remonta ao século 19. Tudo começou em 1843, quando o escocês Alexander Bain registrou a patente de um "telégrafo de cópias".
No entanto, foi o inglês Frederick Collier Bakewell que concretizou suas ideias três anos depois. Bakewell escreveu as palavras que queria transmitir com uma tinta que não conduz eletricidade, sobre uma lâmina de metal. Esta foi enrolada em um cilindro giratório, munido de uma ponta de metal para a "leitura". Quando a ponta tocava a tinta com as letras, interrompia-se a corrente elétrica. O receptor era do mesmo tipo. Com o efeito eletroquímico da eletricidade, o papel colocado no receptor se tingia de azul, mas ficava branco quando havia interrupção da corrente. Assim, Bakewell obteve letras brancas sobre um fundo azul.
Outro precursor: o pantelégrafo
Quando ele apresentou sua invenção, em 1851, por ocasião da Exposição Mundial em Londres, todos ficaram admirados. Seu "telégrafo de cópias" foi um marco importante na história da telegrafia de imagens. Assim como o pantelégrafo, um aparelho de mais de dois metros de altura, construído segundo os planos do professor de física italiano Giovanni Caselli e apresentado em 1866. Da mesma forma como os telefaxes, ele enviava cópias idênticas de documentos escritos ou desenhos. Logo após ser instalado, o pantelégrafo transmitiu quase cinco mil faxes entre Paris e Lyon.
Esses dois aparelhos constituíram os primeiros passos na transmissão de imagens. O fax como conhecemos hoje foi inventado três décadas depois, graças a um cientista alemão: o matemático e físico Arthur Korn, nascido em Breslau. Ele fez furor em 17 de outubro de 1906. Foi quando conseguiu telegrafar um retrato do príncipe herdeiro Guilherme a uma distância assombrosa para a época: 1.800 quilômetros.
A telegrafia fotoelétrica de Korn
Ao contrário dos colegas que se aventuraram antes dele pelo terreno da telegrafia, Korn trabalhava com células fotossensíveis de selênio. Elas assumiam a mesma função da ponta ou agulha de metal. Logo após seu êxito, o cientista transmitiu fotografias de Munique a Berlim, de Berlim a Paris e de Paris a Londres. Demorava uns 12 minutos até que a fotografia, enviada de Berlim, chegasse à capital francesa. Hoje isso pode parecer mais lerdo do que uma tartaruga, mas foi um enorme progresso em relação ao estágio da técnica no início do século 20.
Quem logo soube apreciar as vantagens do aperfeiçoamento da telegrafia de imagens por Arthur Korn foi a polícia, que passou a empregá-la na identificação e busca de criminosos e foragidos da lei. O primeiro sucesso policial deu-se em 1908, com a transmissão de uma fotografia de Paris a Londres, como observa o alemão em um de seus livros.
A invenção teve muitas outras aplicações: na meteorologia, nas forças armadas e, principalmente, nos jornais. A revista francesa L´Illustration foi a primeira a recorrer às novas possibilidades técnicas. A partir de 1907, enviava ou recebia regularmente fotografias no eixo Berlim-Paris-Londres.
Em um livro publicado em 1923, Korn registrou: "Reconheceu-se o significado da telegrafia de imagens para as reportagens da imprensa ilustrada e logo vários outros jornais e revistas se interessaram pelo procedimento, principalmente o Daily Mirror inglês, que montou duas estações de telegrafia em Londres e Manchester.
A seguir, quase todos os diários passaram a trazer imagens transmitidas por telégrafo". Entre os órgãos da imprensa pioneiros no setor estavam também o Berliner Lokal Anzeiger alemão e os jornais escandinavos Politiken (Copenhague) e Dagens Nyheter (Estocolmo).
Com a ascensão dos nazistas ao poder, começaram tempos difíceis para Arthur Korn. Em 1933, ele acabou sendo licenciado da Escola Técnica Superior de Berlim, onde tinha uma cátedra e realizava pesquisas. Em 1939, ano em que começou a Segunda Guerra Mundial, emigrou para os Estados Unidos, onde faleceu, seis anos depois, em Jersey City.