23 de abril de 1920
Os Jogos Olímpicos de 1920, na cidade belga de Antuérpia, foram peculiares por vários motivos. Tratava-se dos primeiros Jogos após a Primeira Guerra Mundial (os de 1916, previstos para Berlim, haviam sido cancelados).
Por exigência dos belgas, a Alemanha e seus aliados (Áustria, Bulgária, Hungria e Turquia) não puderam participar das competições. Depois do conflito que abalara a Europa, o Comitê Olímpico Internacional decidiu introduzir na Antuérpia a bandeira com os cinco anéis olímpicos. Além disso, foi na Antuérpia que o Brasil teve sua estréia olímpica.
Gelo em pleno verão
Ao todo, foram disputadas 23 modalidades: arco e flecha, atletismo, boxe, ciclismo, hipismo, esgrima, futebol, ginástica, hóquei na grama, hóquei no gelo, iatismo (vela), levantamento de peso, luta, natação, patinação artística, pentatlo moderno, pólo, pólo aquático, remo, rúbgi, saltos ornamentais, tênis e tiro.
Mas a grande novidade mesmo foi o reconhecimento do hóquei no gelo – considerado o esporte de equipe mais rápido do mundo – como modalidade olímpica. Pela segunda vez, depois de 1908 em Londres, foram distribuídas medalhas para competições típicas de inverno numa olimpíada de verão.
Naturalmente, os canadenses, representados pelos amadores do Winnipeg Falcons, conquistaram a primeira medalha de ouro nesse gênero. Afinal de contas, o hóquei no gelo foi jogado pela primeira vez no Canadá, em meados do século 19.
No início era o shinny
Um jogo chamado shinny, percursor do hóquei no gelo, já era disputado em Ontário em 1830. Os estudantes da Universidade McGill, em Montreal, criaram as primeiras regras do novo esporte em 1875.
Nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1924, em Chamonix, na França, a equipe do Toronto Granits arrasou os adversários. Conquistaram o torneio com um saldo de 110 gols a 3. O artilheiro foi Harry Watson, com 38 gols.
A supremacia dos canadenses, porém, seria quebrada pelos soviéticos em 1956. Em Cortina (Itália), os "sputniks do gelo" – como eram apelidados os jogadores da União Soviética – estrearam com medalha de ouro nos Jogos Olímpicos.
Parente mais violento do futebol
Segundo analistas esportivos, o hóquei no gelo não está muito distante do futebol. O objetivo é o mesmo: marcar gols. As principais diferenças estão no uso de patins e de tacos e a realização sobre uma quadra de gelo.
No entanto, boa parte do sucesso do esporte deve-se à truculência das jogadas. Esmagar o adversário contra as placas do rinque ou acertá-lo com uma cotovelada são práticas que, mesmo coibidas pelas regras, são comuns nas partidas profissionais. Não é à toa que os jogadores têm o corpo coberto por equipamentos de proteção.
Alguns críticos afirmam até que a violência é a principal característica do hóquei no gelo. Outros acham que é a alta velocidade imposta pelos jogadores nas ações de ataque, responsáveis pela espetacularidade do jogo.
Porém, os tumultos de jogadores a trocarem murros e cotoveladas diante de árbitros, até certo ponto complacentes, são uma característica da modalidade.