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HistóriaGlobal

1920: Primeira assembleia da precursora da ONU

Gerda Gericke

Em 15 de novembro de 1920, foi realizada em Genebra a primeira assembleia geral da Liga das Nações – a precursora da ONU – com a presença dos representantes de 42 países.

Pessoas numa ponte em Genebra
Chegada das delegações a GenebraFoto: ullstein bild

Impedir as guerras, assegurar a paz, dialogar em vez de atirar, negociar em vez de matar – este era o objetivo principal da Liga das Nações, que se reuniu pela primeira vez no dia 15 de novembro de 1920. Pouco antes, havia terminado a Primeira Guerra Mundial, que trouxera fome, sofrimento e destruição.

Em janeiro de 1919, as potências vencedoras do conflito reuniram-se em Versalhes, perto de Paris, para negociar um acordo de paz. Um dos pontos do amplo tratado referiu-se à criação de um grêmio internacional, cujo papel seria o de assegurar a paz.

Foi mais fácil falar do que fazer. O idealizador da Liga das Nações foi o presidente americano Woodrow Wilson. E exatamente os Estados Unidos não puderam participar da agremiação, pois o projeto do seu presidente não obteve a aprovação da maioria de dois terços do Congresso americano. Os republicanos temiam as consequências de uma tarefa de policiamento internacional para os EUA.

Alemanha não foi aceita

Tampouco a União Soviética, recém-fundada, quis participar da Liga das Nações. A Alemanha, clara derrotada da Primeira Guerra Mundial, não foi aceita: as potências vencedoras decidiram que o país teria, primeiro, de provar que merecia filiar-se à organização internacional.

O então ministro alemão do Exterior, Ulrich Graf von Brockdorff-Rantzau, ficou indignado com a decisão: "Os crimes na guerra podem ser imperdoáveis, mas eles ocorrem em busca da vitória, por preocupação com a subsistência nacional, numa paixão que torna insensível a consciência dos povos. Somente se as portas da Liga das Nações estiverem abertas a todos os países de boa vontade é que o objetivo será atingido. Somente assim, os mortos da guerra não terão dado as suas vidas em vão".

Durante seis anos, o governo da Alemanha lutou pela filiação à Liga das Nações. Não tanto para defender a paz e a compreensão dos povos, mas sim para atingir uma revisão dos Tratados de Versalhes, nos quais estava fixado, entre outras coisas, quantos milhões de marcos a Alemanha teria de pagar às potências vencedoras como reparação de guerra. E que o país não poderia mais produzir ou adquirir material bélico. Só em 1926, o país ingressaria na Liga das Nações.

A Liga das Nações obteve êxito especialmente no setor social. Ela se engajou de maneira efetiva pela melhoria das condições de trabalho, deu apoio aos países economicamente mais fracos, criou em Haia a Corte Internacional de Justiça e cuidou do problema dos refugiados. Mas a Liga fracassou inteiramente no tocante à garantia da paz mundial. Em 1932, deveria ser realizada uma grande conferência de desarmamento, com a participação dos EUA e da União Soviética.

Esperança de bom senso

O então chanceler alemão Hermann Brünning, extremamente pressionado pelos nazistas liderados por Adolf Hitler, ainda alimentava esperanças de uma vitória do bom senso: "Pela primeira vez na história, os governos se veem aqui confrontados com a tarefa inevitável de criar um plano sensato, justo e amplo para um completo desarmamento e de assegurar o seu cumprimento."

Mas o sonho não se realizou. Quando a conferência finalmente aconteceu, em 2 de fevereiro de 1933, Adolf Hitler já estava no poder na Alemanha há três dias. Ele queria a guerra e buscou um pretexto para fazer com que a conferência fracassasse: "Se o mundo decidir que determinadas armas terão de ser inteiramente destruídas, nós estaremos dispostos a abrir mão delas. Mas, se o mundo aceitar estas determinadas armas em alguns países, não estaremos dispostos a deixar-nos excluir, como um povo com emancipação limitada".

Em outubro de 1933, a Alemanha retirou-se da Liga das Nações e deu andamento à sua política armamentista, sem qualquer controle estrangeiro – tomando rumo direto à catástrofe da Segunda Guerra Mundial. Ainda no mesmo ano, o Japão seguiu o exemplo da Alemanha. A Itália retirou-se da organização em 1937. A Liga das Nações perdeu o sentido e se dissolveu após a fundação da ONU – Organização das Nações Unidas, em 1945.