1921: Inauguração do autódromo Avus em Berlim
Publicado 19 de setembro de 2010Última atualização 19 de setembro de 2021No início do século passado, o imperador Guilherme 2º preferia deixar seus cavalos no estábulo e viajar motorizado. O imperador dirigia automóvel, adorava a técnica e a velocidade. Porém, nas corridas internacionais de automóvel, os alemães não faziam parte da elite mundial.
Isso incomodava o imperador. Ele próprio havia concedido em 1907 o Prêmio Imperial para uma corrida na região do Taunus, que acabou sendo vencida por um estrangeiro, um italiano. Surgiu assim a ideia de fazer algo em prol do esporte automobilístico no país. A Alemanha necessitava de uma pista de corridas.
Richard Kitschigin, especialista em automobilismo de Berlim: "No ano de 1909, foi criada então uma sociedade, uma companhia limitada, com o nome de Automobil Verkehrs- und Uebungsstrasse (Pista automobilística de trânsito e treinamento), cuja sigla era Avus." Posteriormente, a sigla da empresa consagrou-se também como nome da pista de corridas.
Primeira Guerra Mundial atrasou a obra
A companhia planejou e projetou o primeiro autódromo da Alemanha, que foi ao mesmo tempo a primeira autoestrada do país. Ela deveria ser construída como uma linha reta, ligando os elegantes bairros do oeste de Berlim ao lago de Wannsee.
A construção foi iniciada no ano de 1913. Mas os trabalhos sofreram atrasos, em decorrência da Primeira Guerra Mundial. Assim, o trecho só foi aberto ao trânsito no dia 19 de setembro de 1921. Seis dias depois, foi realizada ali a primeira corrida e os automóveis tornaram-se a paixão dos alemães.
Um dos ases da Avus foi Rudolf Caracciola – um piloto alemão, apesar do sobrenome italiano –, que começou a sua carreira em 1926, no autódromo berlinense. Ele foi o vencedor do primeiro Grande Prêmio da Alemanha, disputado na Avus sob chuva intensa.
Ele ganhou, por isso, a fama de campeão da chuva e foi o mais importante piloto europeu dos anos 1930.
As corridas na Avus eram também um grande acontecimento para o rádio, que fazia as narrações. Um dos principais rivais de Caracciola era o piloto Manfred von Brauchitsch.
A popularidade das corridas da Avus foi aproveitada também pelos nazistas. Em 1936, o governo nazista mandou construir uma curva íngreme no norte da pista. Com isso, as corridas tornaram-se ainda mais perigosas e emocionantes.
Vencedor estrangeiro
O especialista em automobilismo Richard Kitschigin: "Em 1933, quando os nazistas tinham acabado de implantar o seu regime, o vencedor foi um estrangeiro, o italiano Achille Varzi. E isso não agradou nem um pouco os líderes nazistas. Pois, poucos meses antes, na abertura da Exposição de Automóveis de Berlim, Adolf Hitler havia demonstrado um engajamento especial pelos veículos alemães e pelo trânsito motorizado alemão."
Durante a Segunda Guerra Mundial, não foram realizadas corridas na Avus. Mas, já em 1951, um público de 350 mil espectadores pôde presenciar a primeira prova do pós-Guerra.
Os três ases do período imediatamente pós-Guerra foram Jean Behra, Richard von Frankenberg e Herbert Schultze. Após a morte de Jean Behra num acidente, Avus foi muito criticada. Em 1966, a curva íngreme do norte foi demolida e substituída por uma curva plana.
A última corrida no local foi disputada em 1998.