A 24 de abril de 1923, Sigmund Freud completou a revisão de suas teorias, publicando seu clássico "O Eu e o Id".
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Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856, em Freiberg, Morávia (hoje República Tcheca). Seu pai, um comerciante judeu de posses modestas, levou a família para Leipzig, na Alemanha (1859) e seguiu depois para Viena (1860), onde Freud viveu até 1938.
Sua ambição era estudar Direito, mas ele se decidiu pela Medicina, devido a seu interesse pela pesquisa em ciências naturais. Freud ingressou na Universidade de Viena em 1873, onde iniciou uma pesquisa sobre o sistema nervoso central (com orientação de Ernst von Brücke) e formou-se médico em 1881.
Primeiro paciente: ele próprio
O termo "psicanálise" foi criado por Freud em 1896. Depois de romper com seu colega de pesquisas Josef Breuer (com quem havia publicado Estudos sobre a Histeria, em 1895) e abalado pela morte de seu pai, Freud iniciou sua autoanálise em 1897.
No exame de seus sonhos e fantasias, teve o apoio de Wilhelm Fliess, amigo íntimo e médico voltado a estudos relacionados à sexualidade.
Acordos psíquicos
Freud afirmava que nada acontece por acaso, apontando uma causa para cada pensamento, para cada memória revivida, sentimento ou ação. Cada "evento mental" é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é determinado pelos fatos que o precederam.
Uma vez que muitas atitudes, quando analisadas, "parecem" à primeira vista ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar e descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro. O ponto de partida dessa investigação foi a consciência. As observações de Freud revelaram uma série interminável de conflitos e acordos psíquicos.
Ordenação do caos aparente
A um instinto opões-se outro, proibições sociais bloqueiam impulsos biológicos. Ele tentou ordenar este caos aparente propondo três componentes básicos estruturais da psique humana: o id (Es), o ego ou "eu" (Ich) e o superego (Über-Ich).
O id constitui a fonte dos impulsos ou tendências de uma pessoa; o superego representa os educadores (pais, professores) introjetados no indivíduo; e o ego é uma espécie de "relações públicas" entre o ser, seus impulsos e a sociedade.
Freud usou a seguinte metáfora para mostrar como essas três instâncias se relacionam: o ego é um cavaleiro tentando frear um cavalo selvagem (o id), seguindo as ordens do professor de equitação (superego).
Drogas com passado alemão
Muitos entorpecentes produzidos hoje em laboratórios clandestinos espalhados pelo mundo são criações de cientistas, militares e empresas da Alemanha.
Na Segunda Guerra
Nas campanhas na Polônia, em 1939, e na França, em 1940, Hitler enviou soldados drogados para o front. Na ocupação da França, teriam sido dados às tropas 35 milhões de comprimidos de Pervitin, que tinha o apelido de "chocolate de tanque" ou "pílula de Hermann Göring". A substância ativa, metanfetamina, é um estimulante do sistema nervoso central. Mas também os Aliados dopavam seus soldados.
Foto: picture-alliance/dpa-Bildarchiv
Alerta, destemido e sem fome
A droga foi produzida por um japonês, inicialmente em forma líquida. Químicos da fábrica berlinense Temmler aperfeiçoaram o produto e o patentearam em 1937. Um ano mais tarde o medicamento era lançado no mercado. Ele era usado contra cansaço, sensação de fome e sede e medo. Hoje em dia, o Pervitin é comercializado ilegalmente sob novo nome: Crystal Meth.
High Hitler?
Historiadores divergem se Adolf Hitler era dependente de Pervitin. Nas anotações de seu médico pessoal, Theodor Morell, aparece um "X" com frequência. Nunca foi esclarecido o que ele significa. Sabe-se, no entanto, que Hitler recebia medicamentos fortes, a maioria provavelmente muito aquém das atuais leis de combate às drogas.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
"Milagrosa" heroína
A criatividade dos produtores de drogas na Alemanha já havia começado muito mais cedo. "Fim à tosse graças à heroína", era o slogan da fabricante alemã Bayer no final do século 19 para o seu sucesso de vendas. Em pouco tempo, a heroína passou a ser prescrita contra epilepsia, asma, esquizofrenia e doenças cardíacas, mesmo em crianças. Como efeito colateral, a Bayer apontava prisão de ventre.
Pai da aspirina e da heroína
O químico e farmacêutico Felix Hoffmann é celebrado especialmente como o inventor da aspirina. Sua segunda grande descoberta aconteceu quase por acaso, enquanto experimentava com ácido acético. Ele resolveu combinar este ácido com morfina, obtido do suco da papoula usada para produzir ópio, criando assim a heroína. O produto só se tornaria ilegal na Alemanha em 1971.
Cocaína para oftalmologistas
Já desde 1862, a alemã Merck fabricava cocaína, usada na época pelos oftalmologistas como anestésico local. Ao pesquisar folhas de coca da América do Sul, o químico Albert Niemann havia isolado um alcaloide, que chamou de cocaína. Niemann morreu pouco depois de sua descoberta, vítima de um problema pulmonar.
Foto: Merck Corporate History
Freud e cocaína
Sigmund Freud consumia cocaína para fins científicos. Em seus "Escritos sobre a cocaína", o pai da psicanálise escreveu que ela não traz inconvenientes. Segundo ele, a substância transmite euforia, energia para viver, e motiva a trabalhar. Seu entusiasmo, no entanto, acabou com a morte de um amigo por causa da droga. Naquele tempo, a cocaína era prescrita contra dor de cabeça e dor no estômago.
Foto: Hans Casparius/Hulton Archive/Getty Images
O barato do Ecstasy
Embora o americano Alexander Shulgin seja considerado o inventor da pílula Ecstasy, a receita para sua produção estava em mãos da fabricante alemã Merck. Em 1912, foi dada entrada para a patente de uma substância oleosa sem cor chamada metilenodioximetanfetamina (MDMA ). Na época, os químicos consideraram que ela não teria valor comercial.
Foto: picture-alliance/epa/Barbara Walton
Efeitos de longo prazo
Os efeitos destas descobertas são implacáveis. As Nações Unidas calculam que em 2013 morreram 190 mil pessoas no mundo devido ao consumo de drogas ilegais. Em relação a bebidas alcoólicas, que não são proibidas, os números são mais impressionantes: a Organização Mundial da Saúde estima que em 2012 5,9% de todos os casos de morte no mundo (3,3 milhões) foram uma consequência do consumo de álcool.