O rádio comercial começou em plena crise econômica da República de Weimar, quando a Alemanha tinha uma multidão de desempregados e num dia em que um dólar valia a astronômica importância de 4,2 trilhões de marcos. O nascimento do rádio alemão deu-se no último andar do prédio da gravadora Vox, na rua Potsdamer Strasse, número 4, em Berlim.

A gravadora era a principal acionista da Radiostunde Berlin, que depois recebeu o nome Funkstunde (tradução literal: hora do rádio). O programa, transmitido das 20 às 21 horas, foi um concerto ao vivo. A emissora tinha potência de 0,25 kw, transmitindo em ondas de 400 metros.

O sinal era captado por uma antena, estirada sobre dois mastros de 18 metros de altura. Um deles estava no próprio prédio, o outro no Hotel Esplanade.

Início com improvisação

O repórter Alfred Braun foi um dos primeiros diretores de produção. Em 1949, ele contou numa entrevista como o início do rádio havia sido marcado pela improvisação:

"Foi tudo feito às pressas. Primeiro pedimos ao Departamento Imperial de Técnica de Telegrafia que nos montasse um transmissor. Em apenas dez dias, lá estava um equipamento de 250 watts no sótão do prédio."

Ele conta que uma antena bem alta foi estirada sobre os tetos da Potsdamer Strasse. No estúdio de produção, foi arrumado tudo para um programa ao vivo. Como não havia fio elétrico para a conexão de toca-discos, foi colocado um microfone diante do funil do gramofone.

Taxa para ouvir rádio

Os primeiros aparelhos eram chamados de "receptores detetores" e funcionavam com fone de ouvido. Depois surgiu o receptor com alto-falantes, modelo apresentado na Exposição de Radiodifusão de Berlim, em 1924.

Para se ouvir rádio, era preciso pagar uma taxa. Em meio à crise econômica da República de Weimar, porém, ninguém ligou muito para isso. A era do rádio, que se iniciava naquele 29 de outubro de 1923 em Berlim, não empolgou multidões de imediato, mas logo se transformou num grande sucesso.

Até o fim do ano, havia apenas 467 ouvintes registrados na Alemanha, ou seja, pagantes. Em abril do ano seguinte, eram 8.600, ultrapassando-se a casa do milhão no final de 1925. A partir de então ninguém segurou sua difusão. "A moda boba do rádio", como diziam alguns críticos, acabou tomando conta da nação e, o que no início era mais uma curiosidade, transformou-se rapidamente em meio de comunicação de massas.