1928: Protesto contra leilão de obras confiscadas na Rússia
Publicado 6 de novembro de 2015Última atualização 6 de novembro de 2020Quando o proletariado comandado por Lenin tomou o poder em Moscou em 1917, os nobres e ricos saíram do país às pressas, deixando bens, joias e obras de arte. Em pouco tempo, as riquezas confiscadas pelo Estado começaram a ser oferecidas nos catálogos de casas de leilões.
Os antigos proprietários protestaram quando as obras de arte começaram a ser leiloadas em Berlim. Segundo a historiadora Katia Terlau, provar a origem dos bens era muito complicado, pois os russos exilados, por exemplo na Alemanha, não haviam trazido documentos que comprovassem a propriedade dos objetos.
Na década de 1920, aconteceu em Berlim uma verdadeira "colonização" russa. Entre os emigrados famosos estavam escritores como Boris Pasternak, autor do romance Doutor Jivago. Quase 2 milhões de pessoas fugiram do bolchevismo. E não só aqueles provenientes da nobreza e realeza, mas também pessoas que simplesmente tinham outra convicção política.
Berlim, um dos principais destinos
O êxodo prosseguiu até a década de 1940, não só para outros países da Europa, como também para a América. A França e a Alemanha, principalmente Berlim, eram os principais destinos dos russos emigrados. Em Paris, a situação chegou a virar anedota, segundo a qual a metade dos motoristas de táxi na cidade eram príncipes russos.
Grande parte das obras confiscadas pelo regime comunista foram parar no famoso museu Hermitage, de São Petersburgo, que hoje tem 2,7 milhões de peças em seus 400 salões, distribuídos em 46 mil metros quadrados.
Mas, ainda segundo Terlau, enquanto alguns conseguiram realmente recuperar objetos de sua propriedade, outras peças acabaram mesmo sendo leiloadas.
Para evitar a repetição deste e de outros fatos, tais como o confisco de bens de judeus pelos nazistas e o do butim de guerra pelos soviéticos (que levaram obras da Alemanha a título de compensação pelas perdas durante a Segunda Guerra), uma conferência em Washington em 1998 instituiu as bases para a investigação de obras de arte de propriedade não esclarecida.