Doris BulauPublicado 26 de maio de 2016Última atualização 26 de maio de 2021
No dia 26 de maio de 1942, começou no Norte da África a grande ofensiva dos Aliados contra as tropas da aliança teuto-italiana.
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El Alamein é uma estrada costeira que vai de Alexandria à Líbia. Foi nessa região que as divisões de tanques dos Aliados começaram um ataque decisivo às forças do eixo teuto-italiano em maio de 1942. Era o começo do fim da campanha alemã na África, iniciada em janeiro de 1941 na Líbia, após o fracasso italiano na região.
África estava fora dos planos de Hitler
Na primavera europeia de 1941, Adolf Hitler preparava um ataque à União Soviética. A região do mar Mediterrâneo e a África estavam completamente fora de seus planos políticos, militares ou estratégicos.
Com seu único aliado na Europa, a Itália de Benito Mussolini, ele havia acertado o seguinte: o território ao norte dos Alpes era área de influência dos alemães; os italianos eram responsáveis pelo sul da Europa. "Mas, vendo a Itália cada vez mais acuada no Norte da África, a Alemanha assumiu o controle das operações, a fim de ajudar Mussolini", explica o historiador Eberhard Jäckel.
Arrogante, a Itália de Mussolini entrou numa situação complicada por culpa própria. Primeiramente, atacou a Somália britânica a partir da Abissínia (hoje Etiópia). Das suas posições na Líbia, invadiu o Egito, onde os ingleses também tinham fortes interesses, e ainda atacou a Grécia. "Daí teve de pedir auxílio a Hitler", diz Jäckel.
Comando a cargo da "Raposa do Deserto"
Em consequência, o Norte da África tornou-se palco da guerra desencadeada pela Alemanha nazista. A campanha recebeu o nome de Girassol. Um oficial altamente condecorado na Primeira Guerra Mundial, Erwin Rommel, foi encarregado de manter a capital da Líbia, Trípoli, em poder dos italianos.
Seu filho, Manfred Rommel, lembra que o pai "queria vencer a guerra". "Inicialmente, ele tinha apenas a missão de defender Trípoli. Esse era também o objetivo do comando da Wehrmacht. Mais tarde, acreditou que, com um reforço das tropas alemãs na África, seria possível alcançar o Canal de Suez e controlar toda a região do Mediterrâneo", conta.
Seu plano consistia num eventual ataque ao Egito, seguido da conquista do Canal de Suez. Depois, o Afrikakorps avançaria rumo ao Oriente Médio e à Pérsia. Alimentada com o abundante petróleo dessa região, a máquina de guerra alemã avançaria e se juntaria às tropas na frente russa e, posteriormente, marcharia em direção à Índia, para encontrar-se com os japoneses e destruir assim de vez o Império Britânico.
Considerado um gênio da guerra blindada, Rommel apostou na astúcia para provocar os ingleses com as suas tropas modestas. No verão de 1941, as divisões alemãs e italianas chegaram ao Egito. Promovido a marechal de campo, Rommel queria transformar o conflito numa guerra pessoal. Apelidado de "Raposa do Deserto", era admirado tanto pelos seus soldados quanto pelos inimigos. Para os árabes, ele era o "libertador" que os salvaria do domínio inglês, instaurado na região a partir de 1917.
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Falta de apoio ao Afrikakorps
Hitler, entretanto, mais preocupado com a guerra na Europa, não deu o apoio necessário ao Afrikakorps. O 8º Exército britânico, comandado por sir Bernard Montgomery, estava muito mais bem equipado do que as tropas teuto-italianas. Enquanto Rommel e seu desfalcado exército preparavam-se para atacar Alexandria, os ingleses os surpreenderam em El Alamein, no Egito, numa batalha que se tornaria decisiva.
Ao receber do comando-geral dos nazistas a ordem de resistir até o último homem, Rommel passou de crítico a adversário de Hitler. Negou-se a sacrificar o Afrikakorps e ordenou a retirada total da África do Norte. Sucedeu-se uma fuga caótica das tropas teuto-italianas rumo à Tunísia.
A operação consumou-se em maio de 1943, quando os americanos desembarcaram na região e forçaram a rendição incondicional do Afrikakorps. Cerca de 250 mil soldados alemães e italianos foram aprisionados.
Erwin Rommel deixou o Norte da África derrotado, mas de cabeça erguida. A 14 de outubro de 1944, suicidou-se, ingerindo veneno. Ele não tinha outra escolha. Se não tivesse se suicidado, teria sido condenado à morte por alta traição pela Justiça nazista, em virtude da sua ligação com o grupo que executara um atentado a bomba contra o quartel-general de Hitler meses antes, a 20 de julho de 1944.
Cronologia da Segunda Guerra Mundial
Em 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia, sob ordens de Hitler. A guerra que então começava duraria até 8 de maio de 1945, deixando um saldo até hoje sem paralelo de morte e destruição.
Foto: U.S. Army Air Forces/AP/picture alliance
1939
No dia 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia sob ordens de Adolf Hitler – supostamente em represália a atentados poloneses, embora isso tenha sido uma mentira de guerra. No dia 3 de setembro, França e Reino Unido, que eram aliadas da Polônia, declararam guerra à Alemanha, mas não intervieram logo no conflito.
1939
A Polônia mal pôde oferecer resistência às bem equipadas tropas alemãs – em cinco semanas, os soldados poloneses foram derrotados. No dia 17 de setembro, o Exército Vermelho ocupou o leste da Polônia – em conformidade com um acordo secreto fechado entre o Império Alemão e a União Soviética apenas uma semana antes da invasão.
Foto: AP
1940
Em abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e usou o país como base até a Noruega. De lá vinham as matérias-primas vitais para a indústria bélica alemã. No intuito de interromper o fornecimento desses produtos, o Reino Unido enviou soldados ao território norueguês. Porém, em junho, os aliados capitularam na Noruega. Nesse meio tempo, a Campanha Ocidental já havia começado.
1940
Durante oito meses, soldados alemães e franceses se enfrentaram no oeste, protegidos por trincheiras. Até que, em 10 de maio, a Alemanha atacou Holanda, Luxemburgo e Bélgica, que estavam neutros. Esses territórios foram ocupados em poucos dias e, assim, os alemães contornaram a defesa francesa.
Foto: picture alliance/akg-images
1940
Os alemães pegaram as tropas francesas de surpresa e avançaram rapidamente até Paris, que foi ocupada em meados de junho. No dia 22, a França se rendeu e foi dividida: uma parte ocupada pela Alemanha de Hitler e a outra, a "França de Vichy", administrada por um governo fantoche de influência nazista e sob a liderança do general Pétain.
Foto: ullstein bild/SZ Photo
1940
Hitler decide voltar suas ambições para o Reino Unido. Seus bombardeios transformaram cidades como Coventry em cinzas e ruínas. Ao mesmo tempo, aviões de caça travavam uma batalha aérea sobre o Canal da Mancha, entre o norte da França e o sul da Inglaterra. Os britânicos venceram e, na primavera europeia de 1941, a ofensiva alemã estava consideravelmente enfraquecida.
Foto: Getty Images
1941
Após a derrota na "Batalha aérea pela Inglaterra", Hitler se voltou para o sul e posteriormente para o leste. Ele mandou invadir o norte da África, os Bálcãs e a União Soviética. Enquanto isso, outros Estados entravam na liga das Potências do Eixo, formada por Alemanha, Itália e Japão.
1941
Na primavera europeia, depois de ter abandonado novamente o Pacto Tripartite, Hitler mandou invadir a Iugoslávia. Nem a Grécia, onde unidades inglesas estavam estacionadas, foi poupada pelas Forças Armadas alemãs. Até então, uma das maiores operações aeroterrestres tinha sido o ataque de paraquedistas alemães a Creta em maio de 1941.
Foto: picture-alliance/akg-images
1941
O ataque dos alemães à União Soviética no dia 22 de junho de 1941 ficou conhecido como Operação Barbarossa. Nas palavras da propaganda alemã, o objetivo da campanha de invasão da União Soviética era uma "ampliação do espaço vital no Oriente". Na verdade, tratava-se de uma campanha de extermínio, na qual os soldados alemães cometeram uma série de crimes de guerra.
Foto: Getty Images
1942
No começo, o Exército Vermelho apresentou pouca resistência. Aos poucos, no entanto, o avanço das tropas alemãs chegou a um impasse na Rússia. Fortes perdas e rotas inseguras de abastecimento enfraqueceram o ataque alemão. Hitler dominava quase toda a Europa, parte do norte da África e da União Soviética. Mas no ano de 1942 houve uma virada.
1942
A Itália havia entrado na guerra em junho de 1940, como aliada da Alemanha, e atacado tropas britânicas no norte da África. Na primavera de 1941, Hitler enviou o Afrikakorps como reforço. Por muito tempo, os britânicos recuaram – até a segunda Batalha de El Alamein, no outono de 1942. Ali a situação mudou, e os alemães bateram em retirada. O Afrikakorps se rendeu no dia 13 de maio de 1943.
Foto: Getty Images
1942
Atrás do fronte leste, o regime de Hitler construiu campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau. Mais de seis milhões de pessoas foram vítimas do fanatismo racial dos nazistas. Elas foram fuziladas, mortas com gás, morreram de fome ou de doenças. Milhares de soldados alemães e da SS estiveram envolvidos nestes crimes contra a humanidade.
Foto: Yad Vashem Photo Archives
1943
Já em seu quarto ano, a guerra sofreu uma virada. No leste, o Exército Vermelho partiu para o contra-ataque. Vindos do sul, os aliados desembarcaram na Itália. A Alemanha e seus parceiros do Eixo começaram a perder terreno.
1943
Stalingrado virou o símbolo da virada. Desde julho de 1942, o Sexto Exército alemão tentava capturar a cidade russa. Em fevereiro, quando os comandantes desistiram da luta inútil, cerca de 700 mil pessoas já haviam morrido nesta única batalha – na maioria soldados do Exército Vermelho. Essa derrota abalou a moral de muitos alemães.
Foto: picture-alliance/dpa
1943
Após a rendição das tropas alemãs e italianas na África, o caminho ficou livre para que os Aliados lutassem contra as potências do Eixo no continente europeu. No dia 10 de julho, aconteceu o desembarque na Sicília. No grupo dos Aliados estavam também os Estados Unidos, a quem Hitler havia declarado guerra em 1941.
Foto: picture alliance/akg
1943
Em setembro, os Aliados desembarcaram na Península Itálica. O governo em Roma acertou um armistício com os Aliados, o que levou Hitler a ocupar a Itália. Enquanto os Aliados travavam uma lenta batalha no sul, as tropas de Hitler espalhavam medo pelo resto do país.
No leste, o Exército Vermelho expulsou os invasores cada vez mais para longe da Alemanha. Iugoslávia, Romênia, Bulgária, Polônia... uma nação após a outra caía nas mãos dos soviéticos. Os Aliados ocidentais intensificaram a ofensiva e desembarcaram na França, primeiramente no norte e logo em seguida no sul.
1944
Nas primeiras horas da manhã do dia 6 de junho, as tropas de Estados Unidos,Reino Unido, Canadá e outros países desembarcaram nas praias da Normandia, no norte da França. A liderança militar alemã tinha previsto que haveria um desembarque – mas um pouco mais a leste. Os Aliados ocidentais puderam expandir a penetração nas fileiras inimigas e forçar a rendição de Hitler a partir do oeste.
Foto: Getty Images
1944
No dia 15 de agosto, os Aliados deram início a mais um contra-ataque no sul da França e desembarcaram na Provença. As tropas no norte e no sul avançaram rapidamente e, no dia 25 de agosto, Paris foi libertada da ocupação alemã. No final de outubro, Aachen se tornou a primeira grande cidade alemã a ser ocupada pelos Aliados.
Foto: Getty Images
1944
No inverno europeu de 1944/45, as Forças Armadas alemãs reuniram suas tropas no oeste e passaram para a contra-ofensiva em Ardenne. Mas, após contratempos no oeste, os Aliados puderam vencer a resistência e avançar inexoravelmente até o "Grande Império Alemão" – a partir do leste e do oeste.
Foto: imago/United Archives
1945
No dia 8 de maio de 1945, os nazistas se renderam incondicionalmente. Para escapar da captura, Hitler se suicidou com um tiro no dia 30 de abril. Após seis anos de guerra, grande parte da Europa estava sob entulhos. Quase 50 milhões de pessoas morreram no continente durante a Segunda Guerra Mundial. Em maio de 1945, o marechal de campo Wilhelm Keitel assinava a ratificação da rendição em Berlim.