Eva LenhartPublicado 10 de julho de 2014Última atualização 10 de julho de 2020
No dia 10 de julho de 1943, as tropas aliadas desembarcaram na Sicília, iniciando os combates da Segunda Guerra Mundial no continente europeu.
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A decisão para um ataque à Sicília foi tomada em janeiro de 1943, na Conferência de Casablanca. Encorajados pelos êxitos obtidos contra as tropas de Hitler no Norte da África, os Aliados – liderados pelo presidente americano Franklin Delano Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill – decidiram transferir a frente de batalha para o continente europeu.
Especialmente os britânicos insistiam num ataque à Itália, já cansada da guerra, a fim de enfraquecer a Alemanha. O objetivo era abrir a região do Mar Mediterrâneo para a livre operação dos navios aliados, bem como a criação de bases aéreas mais próximas à Alemanha.
Em fevereiro de 1943, Churchill e o general americano Dwight Eisenhower decidiram que a Sicília seria conquistada numa ofensiva maciça. Para chegar mais próximos à ilha, os Aliados tomaram inicialmente Pantelleria – o "Gibraltar italiano".
A fortaleza insular capitulou no dia 11 de junho, após oito dias sob bombardeio. Nos dois dias seguintes, capitularam também as ilhas vizinhas Lampedusa e Linosa: em meados de junho, a Itália já tinha perdido todos os postos avançados ao sul da Sicília.
Mau tempo ajudou
Em 3 de julho, os Aliados iniciaram um bombardeamento de área na Sicília. Na manhã de 9 de julho, as grandes frotas vindas do leste e do oeste reuniram-se ao sul de Malta e rumaram em direção à costa siciliana.
De repente, houve uma mudança do tempo. Um forte vento norte e o mar agitado ameaçavam tornar impossível o desembarque. Mas o vento amainou na madrugada de 10 de julho: começou então a maior operação de desembarque marítimo de toda a história militar até então – a Operação Husky.
A enorme força militar, composta por 1,5 milhão de homens, aproximou-se da costa siciliana na escuridão total. Com a utilização de barcaças de desembarque recém-desenvolvidas e de veículos anfíbios, deveria ser levado para terra o maior número possível de soldados, bem como 600 tanques de guerra e 1.800 canhões.
Os militares italianos e alemães estavam dormindo, esgotados pelo estado de alerta dos dias e noites anteriores. Eles acreditavam estar seguros, em virtude do mau tempo reinante. A defesa da Sicília estava sob responsabilidade do 6º Exército italiano, comandado pelo general Alfredo Guzzoni, bem como de cinco divisões da guarda costeira.
Das Forças Armadas alemãs, encontrava-se na ilha uma divisão de granadeiros e uma parte da Divisão Blindada Hermann Göring.
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Nazistas divulgavam otimismo
Ao todo, 405 mil homens encontravam-se estacionados na Sicília, a maior parte deles na parte ocidental da ilha. O ataque partiu do sul. No sudoeste, desembarcou o 7º Exército americano, comandado pelo general George S. Patton, no extremo sul, as tropas canadenses, e no sudeste da ilha, as companhias do 8º Exército britânico, sob o comando do general Bernard Montgomery. Começara a invasão do continente europeu na Segunda Guerra Mundial.
O comando da Wehrmacht comunicou a Berlim, no dia 10 de julho: "Começou ataque à Sicília. Ele encontrou grande resistência em terra e no ar. As lutas prosseguem".
No dia 18 de julho, 12 aeroportos estavam nas mãos dos Aliados, o oeste da ilha estava ocupado pelos americanos, Palermo foi tomada a 22 de julho. Mas a Sicília ainda não estava conquistada. O avanço dos britânicos no leste da ilha foi detido no Vale do Etna. A região estava infestada por malária, o terreno era acidentado e as tropas alemãs tinham grande experiência de combate. Saindo do oeste, no entanto, o Exército dos EUA avançava implacavelmente rumo a Messina, a ponte para o continente.
Quando os dois exércitos se preparavam para dar o golpe final, os alemães retiraram as suas tropas, na calada da noite, para a região segura do continente. Nas primeiras horas da manhã de 17 de agosto, as tropas americanas ocuparam Messina, e as tropas britânicas chegaram pouco depois.
Após 38 dias de combate, a ilha estava nas mãos dos Aliados. Balanço da operação: 130 mil italianos, 37 mil alemães e 31 mil soldados aliados foram mortos ou feridos.
O desembarque na Sicília significou o fim do regime fascista na Itália. Já em 24 de julho, Benito Mussolini foi preso. E enquanto o novo governo negociava uma capitulação da Itália, sem informar os alemães, duas divisões britânicas atravessavam o Estreito de Messina, no dia 3 de setembro. A invasão do continente europeu tivera êxito.
Cronologia da Segunda Guerra Mundial
Em 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia, sob ordens de Hitler. A guerra que então começava duraria até 8 de maio de 1945, deixando um saldo até hoje sem paralelo de morte e destruição.
Foto: U.S. Army Air Forces/AP/picture alliance
1939
No dia 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia sob ordens de Adolf Hitler – supostamente em represália a atentados poloneses, embora isso tenha sido uma mentira de guerra. No dia 3 de setembro, França e Reino Unido, que eram aliadas da Polônia, declararam guerra à Alemanha, mas não intervieram logo no conflito.
1939
A Polônia mal pôde oferecer resistência às bem equipadas tropas alemãs – em cinco semanas, os soldados poloneses foram derrotados. No dia 17 de setembro, o Exército Vermelho ocupou o leste da Polônia – em conformidade com um acordo secreto fechado entre o Império Alemão e a União Soviética apenas uma semana antes da invasão.
Foto: AP
1940
Em abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e usou o país como base até a Noruega. De lá vinham as matérias-primas vitais para a indústria bélica alemã. No intuito de interromper o fornecimento desses produtos, o Reino Unido enviou soldados ao território norueguês. Porém, em junho, os aliados capitularam na Noruega. Nesse meio tempo, a Campanha Ocidental já havia começado.
1940
Durante oito meses, soldados alemães e franceses se enfrentaram no oeste, protegidos por trincheiras. Até que, em 10 de maio, a Alemanha atacou Holanda, Luxemburgo e Bélgica, que estavam neutros. Esses territórios foram ocupados em poucos dias e, assim, os alemães contornaram a defesa francesa.
Foto: picture alliance/akg-images
1940
Os alemães pegaram as tropas francesas de surpresa e avançaram rapidamente até Paris, que foi ocupada em meados de junho. No dia 22, a França se rendeu e foi dividida: uma parte ocupada pela Alemanha de Hitler e a outra, a "França de Vichy", administrada por um governo fantoche de influência nazista e sob a liderança do general Pétain.
Foto: ullstein bild/SZ Photo
1940
Hitler decide voltar suas ambições para o Reino Unido. Seus bombardeios transformaram cidades como Coventry em cinzas e ruínas. Ao mesmo tempo, aviões de caça travavam uma batalha aérea sobre o Canal da Mancha, entre o norte da França e o sul da Inglaterra. Os britânicos venceram e, na primavera europeia de 1941, a ofensiva alemã estava consideravelmente enfraquecida.
Foto: Getty Images
1941
Após a derrota na "Batalha aérea pela Inglaterra", Hitler se voltou para o sul e posteriormente para o leste. Ele mandou invadir o norte da África, os Bálcãs e a União Soviética. Enquanto isso, outros Estados entravam na liga das Potências do Eixo, formada por Alemanha, Itália e Japão.
1941
Na primavera europeia, depois de ter abandonado novamente o Pacto Tripartite, Hitler mandou invadir a Iugoslávia. Nem a Grécia, onde unidades inglesas estavam estacionadas, foi poupada pelas Forças Armadas alemãs. Até então, uma das maiores operações aeroterrestres tinha sido o ataque de paraquedistas alemães a Creta em maio de 1941.
Foto: picture-alliance/akg-images
1941
O ataque dos alemães à União Soviética no dia 22 de junho de 1941 ficou conhecido como Operação Barbarossa. Nas palavras da propaganda alemã, o objetivo da campanha de invasão da União Soviética era uma "ampliação do espaço vital no Oriente". Na verdade, tratava-se de uma campanha de extermínio, na qual os soldados alemães cometeram uma série de crimes de guerra.
Foto: Getty Images
1942
No começo, o Exército Vermelho apresentou pouca resistência. Aos poucos, no entanto, o avanço das tropas alemãs chegou a um impasse na Rússia. Fortes perdas e rotas inseguras de abastecimento enfraqueceram o ataque alemão. Hitler dominava quase toda a Europa, parte do norte da África e da União Soviética. Mas no ano de 1942 houve uma virada.
1942
A Itália havia entrado na guerra em junho de 1940, como aliada da Alemanha, e atacado tropas britânicas no norte da África. Na primavera de 1941, Hitler enviou o Afrikakorps como reforço. Por muito tempo, os britânicos recuaram – até a segunda Batalha de El Alamein, no outono de 1942. Ali a situação mudou, e os alemães bateram em retirada. O Afrikakorps se rendeu no dia 13 de maio de 1943.
Foto: Getty Images
1942
Atrás do fronte leste, o regime de Hitler construiu campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau. Mais de seis milhões de pessoas foram vítimas do fanatismo racial dos nazistas. Elas foram fuziladas, mortas com gás, morreram de fome ou de doenças. Milhares de soldados alemães e da SS estiveram envolvidos nestes crimes contra a humanidade.
Foto: Yad Vashem Photo Archives
1943
Já em seu quarto ano, a guerra sofreu uma virada. No leste, o Exército Vermelho partiu para o contra-ataque. Vindos do sul, os aliados desembarcaram na Itália. A Alemanha e seus parceiros do Eixo começaram a perder terreno.
1943
Stalingrado virou o símbolo da virada. Desde julho de 1942, o Sexto Exército alemão tentava capturar a cidade russa. Em fevereiro, quando os comandantes desistiram da luta inútil, cerca de 700 mil pessoas já haviam morrido nesta única batalha – na maioria soldados do Exército Vermelho. Essa derrota abalou a moral de muitos alemães.
Foto: picture-alliance/dpa
1943
Após a rendição das tropas alemãs e italianas na África, o caminho ficou livre para que os Aliados lutassem contra as potências do Eixo no continente europeu. No dia 10 de julho, aconteceu o desembarque na Sicília. No grupo dos Aliados estavam também os Estados Unidos, a quem Hitler havia declarado guerra em 1941.
Foto: picture alliance/akg
1943
Em setembro, os Aliados desembarcaram na Península Itálica. O governo em Roma acertou um armistício com os Aliados, o que levou Hitler a ocupar a Itália. Enquanto os Aliados travavam uma lenta batalha no sul, as tropas de Hitler espalhavam medo pelo resto do país.
No leste, o Exército Vermelho expulsou os invasores cada vez mais para longe da Alemanha. Iugoslávia, Romênia, Bulgária, Polônia... uma nação após a outra caía nas mãos dos soviéticos. Os Aliados ocidentais intensificaram a ofensiva e desembarcaram na França, primeiramente no norte e logo em seguida no sul.
1944
Nas primeiras horas da manhã do dia 6 de junho, as tropas de Estados Unidos,Reino Unido, Canadá e outros países desembarcaram nas praias da Normandia, no norte da França. A liderança militar alemã tinha previsto que haveria um desembarque – mas um pouco mais a leste. Os Aliados ocidentais puderam expandir a penetração nas fileiras inimigas e forçar a rendição de Hitler a partir do oeste.
Foto: Getty Images
1944
No dia 15 de agosto, os Aliados deram início a mais um contra-ataque no sul da França e desembarcaram na Provença. As tropas no norte e no sul avançaram rapidamente e, no dia 25 de agosto, Paris foi libertada da ocupação alemã. No final de outubro, Aachen se tornou a primeira grande cidade alemã a ser ocupada pelos Aliados.
Foto: Getty Images
1944
No inverno europeu de 1944/45, as Forças Armadas alemãs reuniram suas tropas no oeste e passaram para a contra-ofensiva em Ardenne. Mas, após contratempos no oeste, os Aliados puderam vencer a resistência e avançar inexoravelmente até o "Grande Império Alemão" – a partir do leste e do oeste.
Foto: imago/United Archives
1945
No dia 8 de maio de 1945, os nazistas se renderam incondicionalmente. Para escapar da captura, Hitler se suicidou com um tiro no dia 30 de abril. Após seis anos de guerra, grande parte da Europa estava sob entulhos. Quase 50 milhões de pessoas morreram no continente durante a Segunda Guerra Mundial. Em maio de 1945, o marechal de campo Wilhelm Keitel assinava a ratificação da rendição em Berlim.