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1945: Conferência de Ialta selava ordem pós-Guerra na Europa

Publicado 11 de fevereiro de 2017Última atualização 11 de fevereiro de 2021

Quando a vitória na 2ª Guerra já parecia certa, os Aliados se reuniram de 4 a 11 de fevereiro de 1945 na Crimeia. Aceitação de imposições de Stalin selou fronteiras da futura Cortina de Ferro.

Konferenz von Jalta 1945
Churchill, Roosevelt e Stalin decidiram as fronteiras pós-guerraFoto: gemeinfrei

Os três grandes líderes Franklin D. Roosevelt, Josef Stalin e Winston Churchill, dos Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido, reuniram-se de 4 a 11 de fevereiro de 1945 em Ialta, na Crimeia, após mais de cinco anos de guerra e milhões de mortos. Praticamente já ocupada, a Alemanha não estava mais em condições de resistir por muitas semanas. A Itália estava rendida, mas o Japão ainda resistia.

Embora a Segunda Guerra Mundial ainda não estivesse oficialmente encerrada,  Roosevelt, Stalin e Churchill, considerando-se vencedores sobre os nazistas e fascistas, iniciaram a discussão sobre a ordem internacional no pós-Guerra.

A Conferência de Ialta, às margens do Mar Negro, foi uma das três grandes conferências que determinaram o futuro da Europa e do mundo no pós-Guerra (além da de Teerã, em 1943, e a de Potsdam, em meados de 1945). Mesmo que a divisão do mundo não estivesse nos planos das lideranças aliadas neste momento, a Guerra Fria acabou sendo uma das consequências do encontro.

Para o historiador Jost Dülffer, da Universidade de Colônia, Ialta tinha boas chances de estipular uma nova ordem de paz no pós-Guerra: "Foi aprovada uma declaração sobre a Europa libertada e discutiram-se várias questões, cuja solução era apenas parcial. Por fim, eles tiveram que se curvar aos fatos: os russos estavam às margens do rio Oder, no Leste, e os americanos, na fronteira oeste da Alemanha".

Polônia, o tema mais controverso

Com relação à Organização das Nações Unidas, que estava por ser criada, decidiu-se a composição de um conselho de segurança com direito de veto. Quanto à Alemanha, as potências aliadas resolveram exigir a "capitulação incondicional" e decidiram dividir o país em zonas de ocupação.

Os detalhes seriam resolvidos por uma comissão constituída para este fim. Por pressão dos soviéticos, a única decisão tomada foi em relação a reparações e o desmonte de instalações industriais.

Capital polonesa estava em ruínas em 1945Foto: Stiftung Deutsches Historisches Museum

A Polônia foi o tema mais controverso da conferência na Crimeia, em fevereiro de 1945. Temendo o avanço soviético na Europa Central, o premiê britânico, Winston Churchill, e o presidente americano, Franklin D. Roosevelt, planejavam para Varsóvia um governo com legitimação democrática, escolhido através de eleições livres. Enquanto Stalin ressaltava o poder democrático do governo por ele constituído na Polônia, os britânicos salientavam a legitimidade do governo polonês no exílio, estabelecido em Londres.

Churchill e Roosevelt cederam a Stalin

As duas frentes optaram por uma solução consensual: o governo constituído pelos soviéticos foi ampliado em alguns membros apontados pelos Aliados. A partir de junho de 1945, entretanto, o governo polonês passou a ser dominado por membros pró-soviéticos.

Stalin ainda conseguiu impor o deslocamento da fronteira soviética para o oeste. Afinal, o aliados ocidentais precisavam do apoio de Moscou contra os japoneses no Oceano Pacífico. A fronteira leste da Alemanha ao longo dos rios Oder e Neisse foi sugestão do secretário-geral do partido comunista soviético. A nova linha divisória viria a delimitar o que mais tarde ficou conhecido como Cortina de Ferro, dividindo o mundo durante quase 50 anos de Guerra Fria.

Em 1946, o próprio Churchill reconheceria: "De Sczecin, no Mar Báltico, até Trieste, no Mar Adriático, transcorre uma cortina de ferro pelo continente. Por trás desta linha estão todas as capitais da Europa Central e do Leste Europeu. Todas as cidades e suas populações estão sob influência soviética. Os acertos feitos em Ialta foram vantajosos demais para os soviéticos. Mas estas decisões foram tomadas numa época em que ainda não se sabia que a guerra não duraria nem até o fim de 1945, num momento em que achávamos que o conflito com o Japão persistiria pelo menos 18 meses após o final da guerra com a Alemanha".