1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
HistóriaAlemanha

1954: Moscou reconhece a soberania da Alemanha Oriental

Rachel Gessat Publicado 25 de março de 2016Última atualização 25 de março de 2021

No dia 25 de março de 1954, a União Soviética reconhece a soberania da República Democrática Alemã (RDA), que ocupava desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Bildergalerie Reden berühmter Persönlichkeiten in Deutschland
Foto: picture-alliance/dpa

A ilusão de viver uma fase transitória e que a divisão da Alemanha no pós-guerra era somente provisória acabou no dia 25 de março de 1954. A declaração de reconhecimento da soberania tornou internacionalmente evidente que a União Soviética não contava mais com uma rápida reunificação da Alemanha.

A história que antecedeu o 25 de março de 1954 começou na Segunda Guerra Mundial. Pelo Protocolo de Londres (de 12 de setembro 1944), os Estados Unidos, a Inglaterra e a URSS decidiram que o Deutsches Reich (Império Alemão) sumiria do mapa.

A intenção era dividir o país em três zonas de ocupação. Na Conferência de Ialta, na região russa da Crimeia, em fevereiro de 1945, a França foi aceita como quarta potência controladora. No dia 5 de junho de 1945, as quatro potências vitoriosas da Segunda Guerra assumiram o controle do território alemão. As opiniões sobre o futuro da Alemanha eram profundamente divergentes, fazendo com que os limites das zonas de ocupação militar se transformassem em fronteiras políticas.

Zonas de ocupação

A divisão da Alemanha em zonas de ocupação deveria impedir para sempre que ela ambicionasse a hegemonia mundial, depois das tentativas de 1918 e 1939. Inicialmente, um conselho controlador dos Aliados, sediado em Berlim Ocidental, deveria governar as quatro zonas.

Mas as crescentes tensões entre as potências tornava difícil uma administração efetiva. Este foi, segundo Otto Grotewohl – primeiro-ministro de 1949 a 1964 na República Democrática Alemã, a Alemanha comunista –, o principal obstáculo à unificação das zonas de ocupação. "Na Alemanha, não faltam fronteiras e acordos interzonais, mas sim unidade política e econômica e um governo central", disse.

A manutenção das quatro zonas como unidades econômicas e políticas representava apenas um consenso mínimo. Cada uma das potências ocupantes deveria, primeiro, satisfazer suas reivindicações de reparação de guerra dentro da própria zona de ocupação. O resultado foi que as zonas ocidentais foram integradas ao sistema democrático, capitalista, enquanto a zona oriental foi reestruturada de acordo com o modelo soviético, comunista.

A criação de duas Alemanhas

Em 1949, foram criados os dois estados alemães: em maio, foi aprovada a Constituição da Alemanha Ocidental (República Federal da Alemanha – RFA); e em outubro foi proclamada a Alemanha Oriental (República Democrática Alemã – RDA).

A Alemanha Ocidental destacava no preâmbulo o caráter provisório da Constituição, que só deveria valer até a reunificação da Alemanha. A reunificação e a pretensão de representar toda a Alemanha foram questões sempre presentes nas políticas ocidental e oriental nos anos seguintes.

Após o levante popular de 17 de junho de 1953 contra a falta de liberdade e o excesso de burocracia na RDA, houve uma nova tentativa internacional para resolver a "questão alemã". As quatro potências reuniram-se em Berlim para negociar a reunificação. A conferência fracassou, principalmente, na questão das eleições livres para toda a Alemanha.

Declaração de soberania da RDA

Depois do fracasso das negociações, em janeiro de 1954, a União Soviética declarou, em março, a RDA como estado soberano. Com isso, selou oficialmente a divisão da Alemanha, mesmo que a RFA tenha se negado, durante 18 anos anos, a reconhecer esse fato.

Somente em 1972, o governo social-liberal de Willy Brandt assinaria um acordo básico com a RDA, reconhecendo o status quo. E foi necessário esperar mais 18 anos até a reunificação dos dois Estados alemães, em 1990.