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História

1960: Vaticano nomeia primeiro cardeal negro

Gerhard W. Appeltauer (gh)

No dia 3 de março de 1960, causou sensação a notícia de que o Vaticano nomearia o primeiro cardeal negro: Laurean Rugambwa, de 37 anos, natural da atual Tanzânia.

Papa João 23 com monsenhor Rugambwa após nomeação deste para cardealFoto: dpa

O Vaticano começou a sinalizar a crescente importância atribuída à África em 3 de março de 1960, quando as agências internacionais noticiaram que, pela primeira vez, um sacerdote africano receberia as insígnias de cardeal.

O prelado em questão chamava-se Laurean Rugambwa, de 37 anos, nascido em Bukongo, na Tanzânia (à época, África Oriental Alemã). Ele foi batizado pela ordem dos missionários dos Padres Brancos, em cujo seminário recebeu a ordenação sacerdotal em 1943.

Em 1948, Rugambwa iniciou a pós-graduação no Collegio San Pietro, em Roma, formando-se doutor em Direito Canônico em 1951. Logo depois, foi ordenado bispo pelo papa Pio 12.

No ano seguinte, quando foi definida a hierarquia da Igreja da Tanzânia, Rugambwa assumiu a direção da diocese de Rutabo. Seu cardinalato, em março de 1960, foi interpretado pelos católicos africanos como sinal de reconhecimento da igualdade de direitos pelo Vaticano. Rugambwa foi o primeiro cardeal negro africano em cerca de 2 mil anos de história da Igreja Católica.

Ainda no mesmo ano, Rugambwa assumiu a diocese de Bukoba e, em Pentecostes de 1969, a direção do bispado de Dar es Salaam. A principal consequência de sua nomeação foi o desenvolvimento de uma nova consciência étnica e religiosa no clero africano. Desde então, crescem as perspectivas de eleição de um papa oriundo do "continente da esperança", como João Paulo 2º costumava se referir à África.

Fortalecimento da Igreja africana

Rugambwa mostrou-se altamente versátil no afã de fortalecer a posição internacional da Igreja africana. Segundo Gerhard Mockenhaupt, diretor da Instância Central para a Igreja Mundial da Conferência dos Bispos Alemães, ele pertenceu à geração de bispos que se destacou no sínodo de 1974 e, mais tarde, na elaboração da encíclica Evangelii Nuntiandi (Anunciando o Evangelho), em que o papa Paulo 6º ressaltou o vínculo entre a evangelização e a promoção do ser humano.

O desempenho dos clérigos do Hemisfério Sul – sobretudo da África – levou o cardeal Joseph Höffner, de Colônia, a afirmar que "esse sínodo foi uma lição para os bispos do Norte em termos de autoconfiança e competência dos bispos da Igreja jovem".

Laurean Rugambwa faleceu a 9 dezembro de 1997, aos 85 anos, em Dar es Salaam. Ele não se tornou papa, mas sua atuação ajudou o catolicismo de seu continente a se emancipar das missões externas e a consolidar um clero africano, com forte capacidade de diálogo intercultural e influência crescente na Igreja mundial.

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