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HistóriaAlemanha

1971: Willy Brandt ganhava o Nobel da Paz

Ute SchäfferPublicado 20 de outubro de 2014Última atualização 20 de outubro de 2022

Em 20 de outubro de 1971, o Comitê do Nobel anunciou a escolha do então chanceler federal alemão, Willy Brandt, para o Nobel da Paz, pela sua política de reconciliação com o Leste Europeu.

Homem e mulher olham para a mão dela, onde está uma medalha de ouro
Brandt recebe o Nobel da Paz Foto: picture-alliance/dpa

Em seu livro de memórias Erinnerungen, Willy Brandt dedicou pouco espaço ao recebimento da importante premiação. Apenas um parágrafo trata da homenagem prestada na Universidade de Oslo: "Em dezembro de 1971, recebi em Oslo o Prêmio Nobel da Paz – um reconhecimento que me sensibilizou".

Organizar a paz na Europa e manter a paz mundial foram os grandes objetivos da política externa do governo social-liberal de Brandt. Ao receber o prêmio em 10 de dezembro daquele ano, o líder social-democrata ressaltou mais uma vez os fundamentos de seu trabalho: "Distensão, cooperação entre os povos, redução de tropas e controle de armamentos, parceria com os até agora desfavorecidos, proteção conjunta contra o perigo comum da derrocada – isso tem de ser possível, nisto temos de trabalhar".

Aproximação com nações vizinhas

Fazia parte das convicções de Brandt que, para poder mudar a realidade, era preciso partir dos fatos postos. Não reconhecer que após a Segunda Guerra surgiram duas Alemanhas só seria permissível àqueles não atingidos pela divisão. Por isso, já em sua declaração de governo, o chanceler federal ressaltara: "É preciso impedir que a nação alemã continue vivendo isolada. Ou seja, temos de tentar uma convivência de vizinhos para chegarmos a uma convivência entre alemães. E isto não apenas em nome do interesse da Alemanha, mas da paz na Europa e da relação Leste-Oeste".

A nova política de Brandt para o Leste era de pequenos passos e visava à conquista gradual da confiança dos países do Leste Europeu, para enfim dissolver o engessamento das relações entre as Alemanhas Ocidental e Oriental.

Se os dois Estados alemães quisessem o reconhecimento incontestável das fronteiras na Europa, o assunto não poderia ser resolvido sem o envolvimento da União Soviética, devido a seus direitos resultantes do Acordo de Potsdam. Por essa razão, o governo soviético foi o primeiro interlocutor de Brandt.

Renúncia à violência

A 12 de agosto de 1970, finalmente se concluiu um tratado. Em dezembro de 1970, ou seja, quase um ano antes de sua escolha para o Prêmio Nobel da Paz, Bonn e Varsóvia igualmente acertavam um tratado. Ambos os documentos tornaram-se núcleo do acordo de renúncia à violência. Passos decisivos para um tratado interalemão foram também as visitas em 1970 do chanceler Willy Brandt à Alemanha Oriental e a do primeiro-ministro desta, Willi Stoph, à Ocidental.

O primeiro encontro ocorreu em 19 de março de 1970, em Erfurt, onde o líder social-democrata foi recebido entusiasticamente pela população. Dois meses depois, uma delegação alemã-oriental iria a Kassel. A troca de visitas não trouxe resultados concretos, mas demonstrou que os dois Estados alemães estavam dispostos a se comunicar diretamente.

Discurso em Oslo

"Se no balanço de minha atuação constar que eu ajudei a abrir caminho para um novo senso de realidade na Alemanha, então eu terei cumprido uma das esperanças de minha vida", discursou o chanceler federal em Oslo.

A oposição conservadora da Alemanha via pouco senso de realidade na política do governo. Para ela, o chanceler federal praticava uma "política de panos quentes", menosprezando o caráter ditatorial do outro Estado alemão.

A premiação com o Nobel da Paz deixava claro, portanto, que no exterior era muito maior o reconhecimento da iniciativa de Brandt pela admissão da realidade de dois Estados alemães e o consequente esforço de convivência pacífica entre ambos.

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